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LADRÕES DA INFÂNCIA , roubamos da criança

Você conhece quais são os ladrões da infância?

O modo como a sociedade contemporânea se organizou, tem roubado da infância atributos e valores preciosos que pouco a pouco estão a esvaziar e enfraquecer a potência da primeira infância.

Hoje vemos entre a população infantil o decréscimo da força muscular pela falta de atividade física; a falta de equilíbrio corporal, pelo predomínio de pisos lisos, cimentados que oferecem pouca oportunidade de instabilidade na movimentação do corpo; a redução da mobilidade pela insegurança e violência urbana; a obesidade infantil, associada a inatividade física e maus hábitos alimentares; a deficiência de vitamina D, pela baixa exposição ao sol por conta do emparedamento das crianças; o aumento de incidência de miopia, pelo uso abusivo das telas; entre outras ocorrências que têm causado prejuízos ao desenvolvimento integral da criança.

A primeira infância, que vai do 0 aos 7 anos de idade, é uma etapa fundamental para o desenvolvimento humano. É o tempo em que formamos nossas raízes para depois criarmos as asas e irmos para o mundo. As experiências, os estímulos e as interações que acontecem nessa fase geram impactos para toda a vida. O que acontece nesta etapa da vida tem reflexos ao longo de toda a trajetória humana.



De acordo com o projeto aprovado, PL 2.034/2021, agosto será agora um mês focado na conscientização da sociedade sobre a importância da primeira infância, à atenção integral às gestantes, às crianças e suas famílias em todo o território nacional, um período de ênfase em ações e políticas que promovam vínculos afetivos, nutrição saudável, importância da imunização, do direito de brincar e de prevenção de acidentes e doenças. (Fonte: Fundação Maria Cecília Souto Vidigal)

Como esse é um dos pilares do meu trabalho aqui no Educando Tudo Muda, que este mês completa sete anos de existência, quero compartilhar um texto para reflexão sobre os Ladrões da Infância para que possamos impulsionar mudanças em prol do resgate da força da infância.

LADRÕES DA INFÂNCIA

Roubamos da infância o tempo da pausa para o divagar da vida – momento potente em que surgem as brincadeiras que vêm da imaginação, que nascem no íntimo, a partir de demandas da individualidade, como expressão da singularidade do ser e que possibilitam o aflorar da criatividade da criança.

Substituímos o tempo da espera, da vivência das etapas do preparo de cada coisa, pela pressa, pelo imediatismo. O fogo não trepida mais entre as panelas nas cozinhas espalhando o cheiro bom dos temperos pela casa no preparo das refeições. Foi trocado por poucos minutos da facilidade do micro-ondas, que leva ao prato a comida aquecida.

Trocamos o pausar da vida, as horas do dolce far niente, pelas aulas extras curriculares, que ocupam todo o tempo da criança. Os estímulos externos criados artificialmente pelos adultos com o intuito de acelerar o desenvolvimento infantil, anulam o que a criança tem de mais precioso que é sua motivação interna, alimentada por sua curiosidade inata.

O TEMPO DA NATUREZA É UM TEMPO DA ESPERA, DA VIVÊNCIA DE PROCESSOS

Roubamos da infância os espaços ao ar livre – a rua, os terrenos baldios da vizinhança, a pracinha, onde a gurizada se encontrava para explorações, descobertas e para viver pequenas travessuras sadias, ou mesmo cair, ralar o joelho, voltar prá casa chorando, e perceber o processo de cicatrização do ferimento nos dias subsequentes.

Roubamos da infância a natureza, como território lúdico e educador, lugar de pisar na terra, subir em árvores, comer fruta do pé, se esconder entre arbustos, crescer livre aprendendo com seus pares e aprendendo a amar a terra.

Roubamos da infância a relação com o mundo vivo que exala aromas, tem diversidade de sabores, sons, texturas, temperaturas e pesos, para propiciar às crianças uma pseudo segurança do entretenimento das telas dos smarthphones, tablets, televisão, etc, que furtam a vida real e oferecem a frieza do mundo virtual.

Deixamo-nos enganar, pois as interações virtuais jamais substituirão o valor do convívio social, a conversa olho no olho, a sensibilidade do toque e o calor do abraço. Esta é a dimensão do real e do humano capaz de acolher e preencher a vida da criança.


O modo mais eficaz de conectar as crianças com a natureza é também conectar-se à natureza. Se as crianças perceberem um verdadeiro entusiasmo nos adultos, vão se apropriar desse interesse.”
Richard Louv*

A RELAÇÃO COM A NATUREZA INTENSIFICA A VIDA

Roubamos da infância a oportunidade de inventar e construir seus próprios brinquedos e brincadeiras com achados do quintal: gravetos, sementes, cascas, e utensílios da casa, para colocar nas mãos das crianças os brinquedos prontos, industrializados, que tornam a criança um ser passivo diante deles.

É preciso entender que os brinquedos prontos eliminam o processo de criação e construção pela criança, produzindo um vazio, uma sensação constante de insatisfação e frustração, levando a criança a querer e pedir sempre mais, na ânsia de se sentir saciada.

Quando oferecemos a oportunidade à criança de criar e construir seus brinquedos, estamos colaborando para o desenvolvimento de competências que serão exigidas na vida adulta, sem saber que a concentração manifestada durante o brincar livre corresponde à mesma que será empregada em atividades profissionais no futuro.

Roubamos da infância a liberdade de escolher com o que brincar, como brincar e com quem. Brinquedos e brincadeiras são partes de uma construção autoral, elaborada por meio de um processo espontâneo e autêntico de cada criança. As crianças tem seus próprios interesses e narrativas pessoais, estão imbuídas de desejos que necessitam de liberdade de criação e expressão. A centralização e super proteção do adulto inibe o fluir natural do brincar.

LEIA TAMBÉM: SABOTADORES DA INFÂNCIA

Precisamos enfrentar esses ladrões da infância. O resgate da potência da infância passa pela revisão de dimensões temporais, espaciais, de saberes ancestrais e fazeres manuais lúdicos e artísticos, e da liberdade. É necessário rever o quando, o onde, o como, e o que oferecemos às crianças para que possamos redirecionar a trajetória rumo à saúde das nossas crianças, garantia de um mundo melhor.

Abraço fraterno

Ana Lúcia Machado

*Richard Louv, autor do livro ‘A última criança na natureza’

Novidade no mundo da literatura infantil – MIMI A MINHOCA SONHADORA

Novidade no mundo da literatura infantil: acaba de chegar o livro MIMI A MINHOCA SONHADORA, uma história surpreendente, lúdica e educadora.

Mimi é uma minhoca inquieta e insatisfeita que sonha encontrar um jeito diferente de ser e estar no mundo. Mexendo-se de várias maneiras na terra, experimenta novas formas e acaba por unir suas extremidades rolando pelo mundo como um tatu bola. Ao bater numa pedra percebe sobre si uma espiral que a transforma em um caracol.

Como uma metáfora do universo lúdico e imaginário da criança e sua lei da metamorfose, em que uma coisa vira outra, em que nada é fixo e rígido, esta obra busca contribuir com o processo inicial de letramento de maneira lúdica, estimulando a criança a brincar de criar e desenhar formas para o desenvolvimento da destreza das mãos, necessária para o aprendizado da escrita.

‘Mimi a minhoca sonhadora’ busca ainda provocar o olhar das crianças, professores e pais para o mundo natural que nos cerca, ressaltando a natureza como território potente de aprendizagem.

Quantas formas diferentes Mimi experimentará até se sentir satisfeita? No decorrer da história você pode acompanhar as metamorfoses da Mimi, brincar com suas formas e desenhar as suas transformações.

Do movimento ‘estica-estica’ da Mimi surge a reta. A reta se inclina e vira curva. A curva se acentua e se transforma em onda. A onda se movimenta e forma uma espiral. A espiral se revira, une suas extremidades e se torna um círculo. O círculo se rompe, se estende e volta a ser reta. Do movimento nasce a forma e é na forma que o movimento chega ao repouso.

INTENÇÕES PEDAGÓGICAS DA HISTÓRIA DA MIMI A MINHOCA SONHADORA

A história da Mimi carrega intenções plurais:

– Facilitar o aprendizado da escrita por meio do Desenho de Formas contribuindo para um processo de letramento de maneira lúdica

-Estimular a criança a brincar de criar formas para o desenvolvimento da destreza das mãos necessária para o aprendizado da escrita, das formas das letras do alfabeto.

-Incentivar a relação da criança com a natureza, chamando atenção para a existência das minhocas

-Reforçar a educação ambiental mostrando o valor da minhoca para o meio ambiente


Acompanhe o relato da Coordenadora pedagógica Valéria M.A.Girotto, que esteve presente na noite de lançamento do livro e contou a história da Mimi para as crianças:

Como coordenadora pedagógica de uma escola pública da Grande São Paulo, diariamente tenho o privilégio de me encantar  com os mundos poéticos das crianças, suas metáforas, suas investigações sobre o mundo e sobre o que desconhecem.

Através de seus olhares generosos, transformam as coisas singulares em grandiosas descobertas.

E não foi diferente no dia em que eu pude ler a história da Mimi para um grupo heterogêneo de crianças e adultos em um evento da escola.

Através de uma ambientação com um minhócário, lupas e minhocas, as crianças já estavam atentas querendo saber sobre a história que viria.

Com demonstrações de encantamento e muita atenção, as crianças já evidenciavam expectativa para saber sobre as transformações da Mimi.

A cada página novas reformulações e novas hipóteses e Mimi surpreende às expectativas trazendo consigo uma reflexão sobre sermos quem somos, compreendermos nossa singularidade e importância.

Reflexões também surgiram sobre a importância das minhocas para a nossa alimentação, para o ambiente, para nossa vida.

Parabéns a Ana Lúcia Machado que traz um olhar natural para a cultura da infância! Que possamos refletir sobre nossa responsabilidade de reverberar o cuidado com o meio ambiente, o cuidado em escolhas que fazemos para e com as nossas crianças.”


A história da Mimi nos faz pensar no sentido da infância – um tempo vagaroso, num ritmo lento de ser e estar no mundo,  descobrindo a si, o outro e o meio, defendendo as pedagogias lentas norteadas pelo desenvolvimento infantil que respeitam o ritmo da criança.

A publicação está disponível no site do Educando Tudo Muda: http://www.educandotudomuda.com.br/produto/mimi-a-minhoca-sonhadora/

Nesta fase de lançamento o livro inclui um marcador de páginas artesanal e um brinde cortesia para brincar com a Mimi.

educandotudomuda.com.br

BRINCAR VIVO: BRINCAR NA E COM A NATUREZA

A infância tem no brincar na e com a natureza a sua espinha dorsal. Ambientes ricos em áreas verdes são fonte de um brincar vivo e criativo. É no transitar lúdico telúrico, fazendo aliança e oposição ao chão, que se ergue o humano. No manuseio dos elementos da terra, emerge a essência de todas as coisas, o mistério sagrado e, a verdade primordial que tecerá a existência humana, é revelada à infância pela natureza.

Brincar em espaços naturais nos coloca diante da vocação lúdica e artística da natureza e expõe a criança à riqueza e diversidade dos elementos naturais, abrindo um leque de possibilidades de brincadeiras e invenção dos próprios brinquedos pela criança tendo a natureza como matéria-prima.

Um passeio na mata, uma caminhada no parque, praça, no pátio escolar, num local com árvores, terra, flores e insetos, aguça a curiosidade infantil. Possibilita o contato com aromas diferenciados; sons de pássaros, do vento, das folhas secas; formas diferentes de folhas; cores variadas de flores. Permite a observação de formigas, de lagartas, minhocas, líquens; a descoberta de diversos seres vivos fascinantes para a essência curiosa e exploratória da criança. Propicia andar na chuva; pisar em poças d’água; acompanhar borboletas; colher frutos; pegar pedras; subir em árvores e correr entre elas. Um brincar que provoca deslocamentos, que põe o corpo em movimento intenso.

BRINCAR VIVO – BRINCAR NA E COM A NATUREZA

Esse brincar mediado pela natureza, estabelece uma conexão com as forças vitais dos quatro elementos, com os ciclos de nascimento, vida e morte, fluxos vivos, ritmos e processos dinâmicos, revelando os princípios que regem a vida na Terra, aguçando os sentidos, a imaginação e o senso de pertencimento das raízes com a Terra e respeito a ela.

Tudo na natureza cresce num movimento e gesto repleto de vida. Cada elemento traz consigo, em sua essência e forma a pulsação da Terra, seu inspirar e expirar. Em contato com materiais orgânicos a criança é revitalizada e fortalecida em seu interior  pela identificação com os elementos formativos e processos comuns a ela mesma e à Terra.

A energia e as manifestações da natureza favorecem múltiplos brincares. O vento, a chuva, o sol, são aliados que atuam como forças canalizadoras do processo criativo de invenção de brinquedos e brincadeiras.

Se temos um dia de ventania, usamos o vento de modo que favoreça as brincadeiras com o elemento ar: cata-vento, pipa, biruta, etc. Se for um dia chuvoso, aproveitamos para encher potes de água, pisar nas poças d´água, fazer lama e tantas outras possibilidades com o elemento água. Nos dias ensolarados brincamos com as sombras, com as transparências das folhas contra a luz solar, nos apropriando do elemento fogo. No chão, peneirando a areia, enchendo e esvaziando baldinhos, nos alimentamos da vitalidade da terra.

Há um diálogo, uma troca potente entre os elementos naturais e a criança. Nesta relação direta com a terra, a criança reconhece na matéria o lúdico e transforma em brinquedo o que a natureza oferece.

Cada um dos elementos permite que a criança mobilize dentro de si forças imaginativas criadoras. Com os achados e coletas dos elementos naturais, galhos viram espadas ou varinhas mágicas; folhas e flores ora podem ser decoração de um lindo bolo, ora adorno de uma coroa na cabeça, evidenciando assim a lei da metamorfose que rege o universo lúdico infantil, em que uma coisa vira outra, num estado vigoroso de constante transformação.

Estes são os brinquedos da terra: árvores para trepar e se balançar, troncos tombados para se equilibrar, morro para escalar e escorregar, pedras para subir e depois pular, terra para escavar, etc. Esta é a magia do brincar na natureza e dos elementos naturais, que permitem infinitas possibilidades, algo sempre diferente e novo. Essa é a força interior das crianças em ação no ato do brincar livre – elas subvertem materiais, criam brinquedos e inventam histórias de acordo com o enredo de suas brincadeiras. Este é o brincar vivo.

Os elementos naturais têm como principais características a diversidade, simplicidade, plasticidade e longevidade. Pela variedade de formas, tamanhos, pesos, texturas, aromas, sons e cores, produzem estímulos multissensoriais. São acessíveis, encontrados pelas crianças facilmente soltos pelo chão, em parques, praças, ruas arborizadas, etc.

Os elementos naturais são “abertos”, isto é, permitem ser moldados pelas mãos das crianças e atendem à necessidade de suas brincadeiras. São materiais não estruturados, flexíveis e versáteis. Por não terem uma função específica, e não entregarem algo pronto para a criança, dão espaço e liberdade para a atuação imaginativa sendo usados de modos diversos, aumentando o envolvimento, o tempo de permanência e o interesse da criança pelos brinquedos e brincadeiras inventadas com gravetos, pedras, sementes, folhas e flores.

brincar vivo

A materialidade desse brincar amplia o repertório da infância, nutre o imaginário e  enriquece a capacidade de criação. Os elementos naturais tocam o corpo por meio dos sentidos – tato, olfato, audição, visão, paladar, acordando a imaginação. E assim, a imaginação se torna o melhor brinquedo, o mais rico, completo e profundo. A imaginação inventa as mais incríveis brincadeiras.

O brincar livre em contato com a natureza acompanha o ritmo natural da criança – são doses de inputs sob medida para cada individualidade. A criança é exposta a uma rica variação de estímulos na qual experimenta e avança de acordo com sua necessidade e prontidão, isto é, seu amadurecimento físico e psicológico. A natureza desafia e a criança responde de acordo com a etapa de desenvolvimento em que se encontra.

A natureza disponibiliza um ambiente livre e empático. Oferta à criança o que a brincadeira pede. Por meio de seus elementos, oportuniza experiências para que a criança possa desfrutar vivências que alavancam seu desenvolvimento integral.

Este brincar vivo atua numa camada profunda da constituição do ser, ampliando todos os sentidos e imprimindo registros nas entranhas do ser criança. Os efeitos provocados pela natureza na organização corpórea e anímica, não podem ser reproduzidos por nenhum brinquedo industrializado ou atividades dirigidas por um adulto. O não pronto ativa a vontade interior de completar coisas inacabadas.

Além disso, este é um brincar ecológico, em que a criança brinca com o que a natureza oferece e ao término da brincadeira, em uma autêntica logística reversa, tudo pode retornar para a terra sem causar nenhum dano ao meio ambiente.

Vamos então defender as condições essenciais para o brincar vivo: ambientes naturais, tempo, liberdade para a criança brincar livre e acesso aos elementos naturais.

Brincar na e com a natureza é uma forma de expressão autêntica da criança, uma maneira de fazer arte, honrar a infância, intensificar e respeitar a vida, e promover a sustentabilidade planetária. Esse brincar vivo é um direito da criança para a garantia de uma infância plena.

Este artigo foi originalmente publicado pela Aliança Pela Infância em comemoração a Semana Mundial do Brincar 2023. Baixe a publicação virtual AQUI e acesse outros artigos.

abraço afetuoso

Ana Lúcia Machado

EDUCAÇÃO AMBIENTAL – FORMAÇÃO PARA UM MUNDO SUSTENTÁVEL

A Educação Ambiental é fundamental na formação de crianças e jovens para um mundo sustentável.

Vivemos como nunca antes um distanciamento entre homem e natureza, e sua consequente ruptura com processos de vida. Até 2050, segundo dados da ONU, 66% da população mundial se concentrará em centros urbanos. No Brasil este percentual já chegou a 84%. Esse afastamento faz com que vivamos como se não fizéssemos parte da natureza, como se dela não dependesse nossa sobrevivência. Não nos reconhecemos mais como parte de um ciclo contínuo e interdependente de vida.

Enfrentamos uma crise civilizacional generalizada e sem precedentes com o esgotamento do planeta, devido ao estilo de vida incompatível com a exploração dos recursos naturais finitos, com demandas cada vez maiores de bens de consumo, excesso de produção de resíduos, poluição do ar, dos rios, mares e envenenamento do solo.

Precisamos refletir à cerca do impacto que nós, seres humanos, temos causado à este organismo vivo que é a Terra. Temos que repensar nossa maneira de ser e estar no mundo. O que acontecerá ao planeta se continuarmos consumindo e explorando seus recursos? Será possível sobrevivermos às mudanças climáticas? O que acontecerá com a humanidade?

Em maio de 2021, por ocasião da ‘Conferência Mundial sobre a Educação para o Desenvolvimento Sustentável’, a UNESCO elaborou um relatório mostrando que a educação formal não tem preparado os alunos para atuarem em um mundo onde as mudanças climáticas e a perda da biodiversidade se apresentam como uma das maiores ameaças à vida humana.

Depois de ter analisado os currículos de educação de 50 países, a UNESCO apelou para que a Educação Ambiental seja colocada no centro dos currículos escolares até 2025. Nas palavras de Aidrey Azoulay, diretora geral da instituição, “a educação deve preparar os alunos para compreenderem a atual crise ambiental […]. Para salvar o planeta, devemos transformar a nossa forma de viver, produzir, consumir e interagir com a natureza.”

A Educação Ambiental frente ao contexto global de degradação devido a ação predatória do homem, deveria ser pauta prioritária de todos os líderes mundiais.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL, O QUE É AFINAL?

Por que essa abordagem é fundamental em nossos dias?

A verdadeira Educação Ambiental se dá por meio do experienciar. Acontece quando criamos oportunidade para que os seres humanos tenham interações diretas com a natureza, quando promovemos a conexão e a relação de cada indivíduo com o meio em que vive e orientamos ações pró-ambientais, a partir de uma visão sistêmica, despertando a consciência da ligação e interdependência entre todos os seres viventes e os elementos naturais, como a terra, a água e o ar.

Quanto mais expostas e integradas aos ambientes naturais as pessoas estiverem, maiores as oportunidades de experiências e vivências positivas com a natureza. Estas experiências vão aguçar o senso de pertencimento, e a consciência sobre o cuidado que devemos ter com cada ser vivente, seja ele um outro ser humano, um vegetal, um animal, um rio, o mar, ou o próprio ar que respiramos.

Quando conhecemos a natureza por meio de experiências diretas, nos responsabilizamos pelas relações que estabelecemos com ela. Daí advém a ética do cuidado. O cuidado está na essência do humano. Ele é a base possibilitadora da existência humana enquanto humana, como afirma o teólogo Leonardo Boff.

Se negligenciarmos essa base, caminharemos para nossa própria extinção. Precisamos resgatar essa essência. Boff atribui a falta de cuidado à desconexão com o TODO, e ao desconhecimento de que todas as coisas estão ligadas umas às outras.

Educação Ambiental está diretamente relacionada à educação dos sentidos. Ela acontece à luz do sol, ao contemplar o arco-íris depois de uma forte chuva de verão e exalar o cheiro de terra molhada. Ao comer frutas colhidas do pé e entender de onde vem os alimentos. Ao sentir o vento no rosto e perceber que todos respiramos o mesmo ar. Ao ouvir o farfalhar das folhas secas debaixo de nossos pés e captar nossa ligação com o solo. Ao constatar a importância do frescor da sombra de uma árvore num dia quente de verão.

Vivências no mundo natural criam memórias afetivas em relação à natureza, imprimem registros sensoriais pelo corpo.

Talvez nossas crianças e nossos jovens saibam muito mais sobre a natureza de ouvir os professores, de pesquisar em livros e assistir documentários. Não que esse conhecimento não tenha valor, entretanto essas informações não são suficientes para causar encantamento e estabelecer um vínculo de afeto e cuidado com a natureza.

Tampouco falar nas escolas, entre quatros paredes, sobre temas como o aquecimento global, biodiversidade, a extinção de espécies, e a preservação do meio ambiente, despertará o interesse dos alunos pelo mundo vivo.

“Se quisermos que as crianças se desenvolvam de uma maneira saudável, temos que lhes dar tempo para entrar em contato com a Natureza e amar a terra, antes de pedir que elas salvem o planeta”

David Sobel

EDUCAÇÃO PELA NATUREZA

A relação direta com a natureza, essa sim, tem o potencial de tocar o coração, suscitar emoções positivas e ser muito mais efetiva em termos de despertar a consciência sobre a importância da preservação ambiental, pois só cuidamos e amamos aquilo que conhecemos de maneira concreta, no mundo real, tridimensional.

Isto é o que capacitará as novas gerações com habilidades, conhecimento prático, atitudes e valores para agir pelo planeta e enfrentar os desafios globais nos âmbitos sociais, econômicos e ambientais, que urgem nos nossos dias.

Integrar-se à natureza, permitindo que ela exerça sua vocação educadora na construção coletiva de conhecimento, produz um aprendizado significativo com poder de mudar nossa perspectiva e a partir disso transformar nossas ações no mundo.

Se quisermos preservar nossa própria existência será preciso discutir as interrelações humanas, buscarmos uma alimentação saudável, praticarmos o consumo consciente, a economia circular, e revermos nosso conceito de felicidade. Todas essas questões abrangem a educação ambiental.

Para garantir cidadãos cuidadores do planeta, precisaremos resgatar os vínculos de crianças, jovens e adultos com a natureza e principalmente investir na formação de um reservatório de experiências vivas e reais desde o começo da vida, estimulando a apreciação e o respeito pela terra e por todos os seres vivos.

Zelar pela saúde e sustentabilidade planetária é cuidar de quem somos e seremos!

Abraço afetuoso

Ana Lúcia Machado

BLUMENAU – MAIS UMA TRAGÉDIA

Blumenau – esta é mais uma tragédia – menos de 10 dias após uma escola em São Paulo ser alvo de um aluno de 13 anos que matou uma professora a facada. Desde 2011, mais de 10 escolas foram atacadas. O que estas tragédias querem dizer? Não sei. Tenho tantas perguntas!

Estamos vivendo uma crise da família, do modelo ultrapassado de Educação, crise das instituições que se denominam religiosas, etc. Enfim, crise de todas as instituições que deveriam apoiar e sustentar de forma saudável a nossa sociedade; sociedade que se encontra gravemente doente, na UTI.

É o momento de perguntarmos e identificarmos onde estamos falhando com nossas crianças e nossos jovens. Como educadores, pais, sacerdotes, médicos e terapeutas, devemos perguntar qual a nossa parcela de responsabilidade neste tipo de tragédia que tem nos assolado. Que modelo de ser humano estamos espelhando para as novas gerações?

Nelson Rodrigues tem uma citação famosa que afirma que “O caos não se improvisa, ele é obra de séculos”. O cenário atual caótico que está diante de nós não surgiu de repente, não se fez ontem; já vem sendo tecido dia a dia nas tramas de nosso silêncio, de nossa omissão e falta de indignação frente a eventos que muitas vezes julgamos pequenos e que aos poucos revelam proporções que passam a escapar ao nosso controle.

Um exemplo disso são os casos de bullying.  Essa prática abominável cresce a cada dia no seio da sociedade, nas escolas, entre nossas crianças, nossos filhos, e deveria ser tratada com total atenção pelas escolas e famílias. O bullying é uma incubadora do caos social.

UMA CRIANÇA QUE NÃO SEJA ABRAÇADA POR SUA TRIBO, QUANDO ADULTO, QUEIMARÁ A ALDEIA PARA SENTIR CALOR – provérbio africano

Esta tragédia hedionda é consequência do descuido humano e desamor que se generalizou. Assistimos a mais sangrenta guerra travada nas trincheiras de nossa própria estagnação. Há quem afirme que o ser humano é um projeto que não deu certo, será isso mesmo?

Quando despertaremos deste sono de morbidez e nos atentaremos para a realidade da dependência que temos um do outro, para a necessidade de cuidarmos uns dos outros? Leonardo Boff em sua obra “Saber cuidar”, analisa a fábula-mito do Cuidado, que coloca o cuidado na essência do humano, como um fenômeno que é a base possibilitadora da existência humana enquanto humana. Se negligenciarmos essa base, caminharemos para nossa própria extinção.

afeto é o que sustenta a vida humana. Ele é essencial no desenvolvimento integral da criança e garante a formação de um indivíduo com melhores condições de lidar consigo mesmo e com os outros.

O caminho que temos a nossa frente deverá ser percorrido na comunhão, com a consciência que estamos no mesmo barco. Ou salvamos todos, ou nos perderemos como humanidade. Quem ainda tem o mínimo de lucidez tem que arregaçar as mangas e trabalhar em prol da humanidade, a partir de si mesmo em primeiro lugar, por meio do autoconhecimento e da autoeducação. Temos muito trabalho pela frente no sentido de transmitir valores humanos sólidos que garantam a continuidade da história da humanidade.

Hoje eu choro pelas vidas ceifadas destas crianças em Blumenau, por estas mães, estes pais e pelas professoras. Que de alguma maneira possam ser acolhidos, consolados e que possamos agir em prol da saúde da nossa sociedade.

É lamentável, é doloroso, é inaceitável. É urgente atuar em todas as frentes para sanar toda esta vulnerabilidade. Um fato como este nos faz concluir que falhamos enquanto constituição de seres humanos e organismo social.

Às vésperas da Páscoa clamamos por um nascer de novo, pela ressurreição da humanidade, pela fraternidade entre irmãos, pelo lugar ao sol de cada ser vivente, por uma aliança pela infância e pelo direito a uma vida plena.

Para finalizar quero recomendar a leitura do livro “Bullying – mentes perigosas nas escolas” de Ana Beatriz Barbosa Silva. Um dos livros mais importantes na abordagem deste tema.

abraço afetuoso

Ana Lúcia Machado

BRINCADEIRA DE COMIDINHA – UM CLÁSSICO DA INFÂNCIA DE TODOS OS TEMPOS

A brincadeira de comidinha é um clássico da infância que atravessa gerações de diferentes culturas e lugares do mundo. Basta um pedacinho de chão de terra, num parque, praça, no pátio da escola, no quintal de casa ou até mesmo a terra de um vaso de planta da varanda ou da sala.

É preciso também uma pá para escavar e recolher a terra, recipientes e água, para que então, as crianças coloquem a mão na massa no preparo de tortas, bolos e bolinhos. Suas mãozinhas hábeis não só imitam o ato de cozinhar assimilado pelo que veem na família e na escola, como usam a imaginação e criatividade para inventar novos formatos para as criações culinárias.

O bolo pode ser de aniversário, todo decorado, o preferido das crianças, mas também pode ser um bolo comum, apenas para o lanche da tarde, em um faz de conta cheio de encantamento.

Cada criança tem a sua receita. Algumas delas misturam uma medida de terra para meia medida de água. Se a consistência da massa ficar muito mole, elas acrescentam mais terra, ou se ficar muito seca, colocam mais água.

Algumas receitas incluem outros ingredientes, uma vez que na natureza a criança encontra à disposição uma gama de elementos naturais para enriquecer a brincadeira – folhas viram cobertura, sementes e flores viram decoração, gravetos viram vela para soprar na hora de cantar parabéns. E toda essa diversidade de materialidade da terra é estímulo multissensorial – diferentes texturas, cores, aromas, temperaturas e formas.

BRINCADEIRA DE COMIDINHA E SUA RESSONÂNCIA

É desta maneira simples que acontece a brincadeira de comidinha. A profundidade da experiência que essa brincadeira propicia é fantástica, cheia de aprendizado! Com ela as crianças aprendem sobre medidas, quantidades, pesos, proporções, e reações de misturas. A variedade de experiências possíveis é enorme – inclui investigar, testar, repetir, experimentar, classificar, denominar, servir.

Imagem: Centro de Referência em Educação Integral

A brincadeira de comidinha estimula o movimento da criança e gera uma multiplicidade de ações. Por meio dela a criança irá recolher os materiais, encher recipientes de terra e água, irá transportar os recipientes de um lugar ao outro, irá misturar, medir, acrescentar, derramar a água, etc.

Além disso, a brincadeira de comidinha aguça a capacidade analítica da criança ao avaliar quando é necessário acrescentar determinado ingrediente para alcançar seu objetivo. É uma brincadeira que também promove interações sociais intensas nas parcerias, compartilhamentos, conversas e negociações feitas no decorrer da brincadeira.

A pesquisadora da infância, Renata Meirelles, mostra a brincadeira de comidinha em seu livro ‘Cozinhando no quintal’. Com fotos e receitas feitas com flores caídas no chão, grama picada, entre muitos outros ingredientes, a publicação reafirma a potência do brincar na e com a natureza.

Renata e seu marido, o documentarista David Reeks, percorreram o Brasil de norte à sul durante dois anos, coletando registros das nossas crianças em suas brincadeiras de comidinha. O livro é emocionante e inspirador!

Outra publicação que mostra a brincadeira de comidinha, é o livro recém lançado pela Editora Ameli: ‘Livro da Lama: como fazer tortas e bolos’, de John Cage (Autor), Lois Long (Ilustradora).

Neste livro, temos o modo de preparo de diferentes receitas de bolos e tortas feitos de lama. Para os autores, pessoas apaixonadas pela terra, fazer uma torta de lama é nos conectar com a arte em um ato singelo e de criação, que une todas as crianças em suas mais diversas culturas e diferenças – um instante presente e especial particular pertencente a infância de cada um de nós.

A brincadeira de comidinha é uma brincadeira completa, rica e de uma simplicidade ímpar! É uma brincadeira que conecta a criança à natureza, desenvolve um senso estético e cria memórias afetivas de contato com a terra.

Que adulto não tem no baú de recordações da infância a lembrança dessa brincadeira? Da cozinha de casa para o quintal, carregávamos panelas, colheres de pau, pratos de porcelana e toalhinhas de renda para dar vida a comidinha de ‘mentirinha’ – o pulsar da verdade da cultura da infância. E alí no cantinho quintaleiro, instalávamos no chão de terra a nossa cozinha para o preparo de pratos que saciavam a fome da alma.

Hoje, conscientes da importância desse tempo lúdico, precisamos oportunizar essa brincadeira mágica para nossas crianças e acreditar que a natureza é o melhor brinquedo. Precisamos disponibilizar tempo livre, ambiente natural e acesso a utensílios de cozinha que não usamos mais, como peneiras, funis, forminhas, para tornar a brincadeira mais divertida. Precisamos facilitar a relação criança e natureza!

Vamos lá, mão na massa e bom apetite!

Abraços

Ana Lúcia Machado

Dicas para brincar na primavera com as crianças em contato com a natureza

Confira as dicas para brincar na primavera com as crianças em contato com a natureza. É Primavera! Vamos brincar na natureza com as crianças? Vamos festejar a Primavera?

Depois de meses de adormecimento da terra, a luz do sol começa a se intensificar, os dias se tornam mais longos. É a natureza que volta a despertar. É a Primavera que chega no hemisfério sul.

Sabemos que as mudanças das estações do ano produzem efeitos em cada um de nós, interferem no nosso humor, no sono, apetite, ânimo e até mesmo na disposição ao aprendizado. Perceber as sutilezas dessas mudanças e como cada estação repercute dentro de nós, é uma maneira de nos conectarmos com nossa essência – a natureza que está fora se comunica com o que está dentro. Observar e sentir essas mudanças traz a consciência de que somos também natureza.

“Observe profundamente a natureza e você vai entender tudo melhor” – Albert Einstein

O que a Primavera traz de diferente? É tempo de renovação, de reflorescimento. Nos galhos secos, novos brotos começam a despontar e florescer. As paisagens ficam mais coloridas, alegres, e cheias de vida com a floração de diversas espécies. Cada planta, cada flor reafirma a força da natureza em suas manifestações de exuberância, beleza e de luminosidade crescente. Os pássaros cantam, os insetos e animais polinizadores entram em plena atividade.

Nós saímos da cama pela manhã com mais facilidade e mais dispostos. Nos sentimos com mais energia! As crianças agem como se também despertassem do sono do inverno. Elas desejam correr ao ar livre.  Animadas interagem umas com as outras em brincadeiras vigorosas. A nova estação, cheia de cores e aromas, é um convite ao movimento, às cantigas de roda, ao brincar com as flores e folhas!

BRINCAR NA PRIMAVERA – O QUE MUDA NAS BRINCADEIRAS DAS CRIANÇAS?

Um dos aspectos do Brincar Vivo, que apresento nas formações de professores que ministro, é este caráter sazonal. As crianças que brincam em ambientes naturais, ao ar livre, revelam prontamente em suas brincadeiras o pulsar da natureza nas qualidades peculiares de cada estação.

Podemos observar nas expressões, nos gestos e movimentos das crianças, a mudança da estação que se aproxima. Como nos ensina a mestra Maria Amélia Pereira, a Péo, os corpos infantis, conhecedores desta intimidade com a terra, comungam com ela em seus ciclos. E na Primavera brotam brincadeiras como expressão de um movimento de expansão do corpo, uma espécie de florescência de cada criança e do grupo, como afirma Péo.

 

BRINCAR NA PRIMAVERA

Selecionei aqui algumas atividades lúdicas para viver momentos de alegria e encantamento com as crianças. Experimente brincar na primavera em contato com a natureza!

Vamos começar recolhendo com as crianças flores e folhas de diferentes formatos e cores, no jardim, praça ou parque. O que podemos fazer com essa coleta?

MANDALA

Acervo Educando Tudo Muda

Encontre um local plano adequado para dispor os materiais coletados.  Escolha um dos elementos coletados como ponto central, e a partir dele distribua os demais materiais ao redor do ponto inicial de forma circular, harmônica, combinada e equidistantes do centro.

 

GUIRLANDA DE PORTA

Vamos enfeitar a casa com flores?

Comece pela base: um círculo de cipó que você mesmo poderá trançar se encontrar na natureza. Esse círculo é o que dará a estrutura para a guirlanda.  Essa base também poderá ser adquirida em lojas especializadas em fibras naturais: rattan, vime, etc. Este círculo deverá ser recoberto com as folhas e flores coletadas.

 

PULSEIRA OU BRACELETE

Vamos nos adornar de natureza?

Meça o pulso da criança ou o braço na altura que deseja usar o acessório. Corte uma tira de papelão ou papel cartão usando a medida do comprimento aferida com aproximadamente 3 cm de largura. Forme um círculo e passe fita dupla face em toda a circunferência. Fixe as flores e folhas sobre a fita adesiva.

 

BOLOS DE LAMA

Terra e água –  as crianças amam esta combinação. Depois de misturar bem e estruturar a massa com algumas leves batidinhas com a palma das mãos, basta enfeitar com alguns ingredientes recolhidos no quintal: flores, folhas e sementes.

E se tiver alguma dúvida sobre o modo de preparar este tipo de bolo ou torta, fica a dica da publicação Livro da Lama, de John Cage e Lois Long. Nele você encontrará o passo a passo para o bolo perfeito com as crianças.

Outro livro inspirador é o de Renata Meirelles, Cozinhando no Quintal, em que a autora e pesquisadora da infância, apresenta fotos incríveis de receitas feitas pelas crianças com flores caídas no chão, o livro mostra como as crianças utilizam os elementos ao seu redor na hora de brincar de comidinha.

 

COROA DE CABEÇA

Acervo Semente Jardim Waldorf SC

A mesma base também será necessária para a coroa de cabeça, mas neste caso o material poderá ser mais leve, como a corda de sisal, o cipó trançado, ou até mesmo arame, (neste caso muito cuidado para não deixar as pontas expostas). Meça a circunferência da cabeça da criança para cortar a corda no tamanho certo. Por segurança, corte com uma margem extra. Com a base pronta, é hora de colocar as flores e folhagens que serão presas à estrutura da coroa. 

Na escola Waldorf existe a tradicional Festa da Primavera, quando toda a comunidade escolar se reúne para comemorar a chegada da estação com canções e histórias primaveris, enfeitando as crianças com coroas de flores.


Criar rituais de celebração à cada nova estação é muito importante para o desenvolvimento infantil, é uma maneira de internalizar os ciclos da natureza, seus ritmos, repetições, e sua ordem. Isto traz para a vida das crianças confiança, segurança e serenidade.

Além disso, vivenciar as estações do ano é fundamental para a criação de vínculo com a terra. Não podemos nos esquecer que nós adultos somos os responsáveis por investir na formação de um reservatório de experiências vivas e reais para a vida das crianças, por apresentar a elas um mundo bom, belo e verdadeiro e assim garantir a formação de uma nova geração de guardiões da natureza.

Quer outras dicas de brincadeiras com elementos naturais? Confira AQUI!

Vamos então Brincar na Primavera em contato com a natureza?

Viva a chegada da  Primavera!

Abraços multicoloridos

Ana Lúcia Machado