Um novo termo está circulando e sendo usado por pediatras, psicólogos, educadores, trata-se da expressão “Transtorno do Deficit de Natureza”.
Transtorno de Déficit de Natureza, não sabe o que é? Você vai conhecer agora:
Estatísticas mostram que 80% da população brasileira vive em cidades e que as crianças que moram nos grandes centros urbanos passam 90% do seu tempo em locais fechados, dentro de casa, em frente da televisão, jogando vídeo games, ou nas escolas dentro de salas de aula. Quando saem com os pais vão ao shopping, restaurante ou cinema.
Ao longo dos anos, com a crescente urbanização do ser humano, espaço e tempo diminuíram. Valores da sociedade de consumo tomaram conta do tempo e lugar do brincar, do universo da criança. Com menos de 03 anos de idade, as crianças já sabem usar smartphones, brincam com tablets, jogam games, mas poucas sabem amarrar os cadarços do tênis, pular cordas, subir em árvores, etc.
O uso excessivo da tecnologia na infância pode prejudicar o desenvolvimento infantil, causando dificuldade de concentração, má qualidade do sono, sedentarismo, problemas de saúde mental, atraso de aprendizagem, entre outros distúrbios, é o que muitos estudos científicos tem demonstrado.
As crianças brasileiras, segundo dados do relatório Children & Nature Network, estão entre aquelas que tem menos contato com a natureza. Doenças que passaram a ser comuns entre as crianças nos dias de hoje, tais como transtorno de hiperatividade, déficit de atenção, depressão, pressão alta e diabetes, estão diretamente ligadas com a falta de natureza.
TRANSTORNO DE DEFICIT DE NATUREZA
Um movimento mundial de retorno à natureza está se espalhando e já chegou ao Brasil, chamado Criança e Natureza. Um movimento de reconectar as crianças com ambientes ao ar livre. Um novo termo está circulando e sendo usado por pediatras, psicólogos, educadores, trata-se da expressão “Transtorno do Deficit de Natureza”. Uma pesquisa recente mostrou que 40% das crianças brasileiras passam uma hora ou menos ao ar livre. Um número inexpressivo.
O que a falta de natureza somado ao estresse da vida urbana pode causar?
-obesidade infantil, associada a maus hábitos alimentares
-musculatura fraca, pela falta de atividade física
-falta de equilíbrio, pelo predomínio de pisos lisos, cimentados que oferecem pouca oportunidade de instabilidade na movimentação corporal
-deficiência de vitamina D
-aumento de incidência de miopia
-menor uso dos sentidos
-ansiedade
A primeira tarefa da educação é ensinar a ver. Através do olhar estabelecemos contato com a exuberância e beleza que há no mundo. A conexão com a natureza gera alegria e reverência. Traz a consciência de pertencimento, de que estamos ligados ao todo. Homem e natureza – uma coisa só.
A natureza deve ser a 1ª leitura de mundo da criança. Além de aprendizado por si só, ela é também benéfica para o desenvolvimento infantil integral e saudável. Infância e natureza estão intimamente ligadas.
A criança tem um espírito exploratório. Brincando e descobrindo a natureza, a criança aprende. E aprende de uma forma tão descontraída e prazerosa, que nem parece aprendizado. A criança precisa de experiências na natureza, este contato é muito produtivo, pacificador, restaurador para ela. A natureza provoca um equilíbrio interno, autorregulador na criança.
No Brasil, médicos já estão prescrevendo natureza para as crianças. A Sociedade Brasileira de Pediatria planeja aprovar pesquisas científicas sobre este tema para adotar padrões de tratamento.
Em recente livro publicado no Brasil, “A última criança na natureza”, Richard Louv fala de um estudo realizado pela Universidade de Illinois que mostrou redução dos transtornos de ansiedade entre crianças de 7 à 13 após o aumento de tempo em contato com a natureza. Outro estudo feito em Massachussets em escolas, constatou que alunos tiveram aumento de desempenho e resultados satisfatórios depois de ficarem mais tempo ao ar livre.
Os benefícios da natureza já estão comprovados. Mais tempo ao ar livre regula hormônios, reduz a agressividade, hiperatividade e obesidade. Sucesso vem sendo obtido no tratamento de transtorno de déficit de atenção, depressão, e até mesmo quadros alérgicos, pois o contato com os antígenos naturais no campo ou na praia fortalece o organismo. Além disso, aumenta a capacidade cognitiva, e as crianças ficam mais focadas e criativas.
Devemos criar oportunidades frequentes para as crianças brincarem ao ar livre. Na verdade as crianças são a natureza tornando-se humana. Este convívio com o qual a criança sente proximidade e ligação, a coloca em contato com fluxos vivos, que se encontram em constante mudança, assim como a própria criança também está. O diálogo da criança com estes processos vivos promove harmonia, vitalidade e alegria.
Um passeio na mata, uma caminhada no parque, praça ou jardim, num lugar bonito com pássaros, árvores, plantas, flores, terra úmida e insetos, aguça a curiosidade infantil. Cheiros novos, sons de pássaros, do vento, das folhas secas, formas diferentes de folhas, cores variadas de flores, observar formigas, lagartas, minhocas, musgos, líquens, diversos seres vivos fascinantes para a natureza exploratória da criança. Andar na lama, na chuva, acompanhar borboletas, subir em árvores, correr entre elas ou se esconder, colher frutos, pegar pedras. Tudo isso são possibilidades encantadoras de brincar com a natureza e perceber que o mundo é bom, belo e verdadeiro.
Agora você já sabe o que é o Transtorno de Déficit de Natureza e o que você pode fazer para pela saúde da infância.
abraço afetuoso
Ana Lúcia Machado