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Mês da Primeira Infância – Agosto Verde

Etapa essencial para o desenvolvimento infantil, a primeira infância recebe destaque neste mês com a chegada do Agosto Verde, o Mês da Primeira Infância.

Este é o segundo ano de celebração do Mês da Primeira Infância – Agosto Verde, data que foi oficializada pela lei 14.617, de julho de 2023.

A data visa dar ênfase em ações e políticas que promovam vínculos afetivos, nutrição saudável, importância da imunização, do direito de brincar e de prevenção de acidentes e doenças. Um mês focado na conscientização da sociedade sobre a importância da atenção integral às gestantes, às crianças e suas famílias em todo o território nacional.

A primeira infância, que vai do 0 aos 6 anos de idade, é uma etapa fundamental para o desenvolvimento humano, período em que a criança está muito sensível aos cuidados e estímulos ambientais.

O Brasil tem cerca de 20,6 milhões de crianças nessa faixa etária  segundo dados de 2021 do DataSUS. Os anos iniciais da vida de uma criança são considerados uma janela de oportunidade para o desenvolvimento integral. As experiências e as interações que acontecem nessa fase geram impactos para toda a vida.

Compreender e respeitar as etapas de desenvolvimento infantil e valorizar toda a cultura da infância é fundamental para a formação de indivíduos saudáveis e aptos a atuar na sociedade.

LEIA TAMBÉM: Respeito à Cultura da Infância

Diversas evidências demonstram que investir nos primeiros anos de vida é uma maneira efetiva de combater as desigualdades e romper o ciclo de pobreza que atravessa gerações. Pesquisas revelam que o começo da vida, tem um forte impacto na vida de um indivíduo e que o desenvolvimento saudável de uma criança, levando em conta boa alimentação, cuidados com a saúde física e emocional, competências sociais e capacidades cognitivas, forma a base da prosperidade econômica e justiça social de uma nação.

Um estudo da Nova Zelândia publicado no final de 2016 que avaliou 1037 neozelandeses dos 3 aos 38 anos de idade,  concluiu que os 20% de adultos que tiveram uma infância difícil, com restrições econômicas, descuido e negligência, foram responsáveis por 57% das internações hospitalares, 66% dos pedidos de benefícios sociais e 81% das condenações criminais.

O economista James Heckman, professor emérito na Universidade de Chicago e ganhador do Nobel de Economia no ano 2000, diz que crianças submetidas desde cedo a bons estímulos, aumentam suas chances de ter mais sucesso na vida adulta e que investir na Primeira Infância é o caminho para o país crescer.

O Dr. Heckman afirma que “cada dólar gasto com uma criança pequena trará um retorno anual de mais 14 centavos durante toda a sua vida. É um dos melhores investimentos que se podem fazer — melhor, mais eficiente e seguro do que apostar no mercado de ações americano”.

Confira as principais ideias defendidas pelo Dr. Heckman  numa entrevista concedida à revista Veja:

Por que os estímulos nos primeiros anos de vida são tão decisivos para o sucesso na idade adulta? É uma fase em que o cérebro se desenvolve em velocidade frenética e tem um enorme poder de absorção, como uma esponja maleável. As primeiras impressões e experiências na vida preparam o terreno sobre o qual o conhecimento e as emoções vão se desenvolver mais tarde. Se essa base for frágil, as chances de sucesso cairão; se ela for sólida, vão disparar na mesma proporção. Por isso, defendo estímulos desde muito cedo.

Quão cedo? Pode parecer exagero, mas a ciência já reuniu evidências para sustentar que essa conta começa no negativo, ou seja, com o bebê ainda na barriga. A probabilidade de ele vir a ter uma vida saudável se multiplica quando a mãe é disciplinada no período pré-natal. Até os 5, 6 anos, a criança aprende em ritmo espantoso, e isso será valioso para toda a vida. Infelizmente, é uma fase que costuma ser negligenciada — famílias pobres não recebem orientação básica sobre como enfrentar o desafio de criar um bebê, faltam boas creches e pré-escolas e, sobretudo, o empurrão certo na hora certa.

Qual é o preço dessa negligência? Altíssimo. Países que não investem na primeira infância apresentam índices de criminalidade mais elevados, maiores taxas de gravidez na adolescência e de evasão no ensino médio e níveis menores de produtividade no mercado de trabalho, o que é fatal. Como economista, faço contas o tempo inteiro. Uma delas é especialmente impressionante: cada dólar gasto com uma criança pequena trará um retorno anual de mais 14 centavos durante toda a sua vida. É um dos melhores investimentos que se podem fazer — melhor, mais eficiente e seguro do que apostar no mercado de ações americano.

Se isso é tão claro, por que a primeira infância não está na ordem do dia de quem tem a caneta na mão para decidir? Há ainda uma substancial ignorância sobre o tema. Algumas décadas atrás, a própria ciência patinava no assunto. A ideia que predominava, e até hoje pesa, é que a família deve se encarregar sozinha dos primeiros anos de vida dos filhos. A ênfase das políticas públicas é na fase que vem depois, no ensino fundamental. E assim se perde a chance de preparar a criança para essa nova etapa, justamente quando seu cérebro é mais moldável à novidade.

A classe política também evita olhar para a primeira infância por achar que esse é um investimento menos visível a curto prazo? Os políticos podem, sim, considerar isso, mas estão redondamente enganados. Crianças pequenas respondem rápido aos estímulos de qualidade. Para quem tem o poder de decidir, deixo aqui a provocação: não investir com inteligência nesses primeiros anos de vida é uma decisão bem pouco inteligente do ponto de vista do orçamento público. Basta usar a matemática.

O que mostra a matemática? Vamos pegar o exemplo da segurança pública. Há ao menos dois caminhos para mantê-la em bom patamar. Um deles é contratar policiais, que devem zelar pelo cumprimento da lei. O outro é investir bem cedo nas crianças, para que adquiram habilidades, como um bom poder de julgamento e autocontrole, que as ajudarão a integrar-se à sociedade longe da violência. Pois a opção pela primeira infância custa até um décimo do preço. Recaímos na velha questão: prevenir ou remediar? Como se vê, é muito melhor prevenir.

Que tipo de política pública de primeira infância tem surtido mais efeito? O grande impacto positivo vem de programas que conseguem envolver famílias pobres, creches e pré-­escolas, centros de saúde e outros órgãos que, integrados, canalizam incentivos à criança — não só materiais, evidentemente. O programa americano Perry, da década de 60, é um exemplo clássico de que o investimento em uma boa pré-escola produz ótimos resultados.

Por que esse modelo é bom? Ele envolve ativamente os alunos em projetos de sala de aula, lapidando habilidades sociais e cognitivas, sob a liderança de professores altamente qualificados. A família mantém um estreito elo com a escola. Temos de ter sempre certeza de que a família está a bordo, qualquer que seja a iniciativa.

Não é irrealista esperar tanto de famílias que vivem na pobreza, como no Brasil? Um bom programa de primeira infância consegue ajudar a família inteira, fazendo chegar até ela informações, boas práticas e valores essenciais, como a importância do estudo para a superação da pobreza.


Mês da Primeira Infância – Agosto Verde

Quer ser ativa (o) e contribuir para despertar a consciência sobre a importância do começo da vida? Leia e compartilhe estes 4 artigos, que representam uma síntese sobre esta etapa da vida:

  1. Afeto e Infância na Era da Complexidade
  2. Infância Pede Calma
  3. Respeito à Cultura da Infância
  4. Você conhece a força da sua Infância

A celebração do Mês da Primeira Infância é muito importante, nos convida a espalhar essa mensagem debatendo o tema com a sociedade e mobilizando a classe política. Se você é um profissional da área da educação ou saúde, se você tem filhos pequenos, ou se tem vínculos de afeto com alguma criança, saiba que você pode fazer a diferença na vida das crianças. Reflita, discuta por meio de conversas, trocas de opiniões, acerca da importância da infância com amigos e familiares. Cobre do poder público ações efetivas em prol da saúde da infância.

Não se esqueça que a infância é para a vida toda e que se mudarmos o começo da história de um indivíduo, mudaremos a história toda!

Abraço afetuoso

Ana Lúcia Machado

LADRÕES DA INFÂNCIA , roubamos da criança

Você conhece quais são os ladrões da infância?

O modo como a sociedade contemporânea se organizou, tem roubado da infância atributos e valores preciosos que pouco a pouco estão a esvaziar e enfraquecer a potência da primeira infância.

Hoje vemos entre a população infantil o decréscimo da força muscular pela falta de atividade física; a falta de equilíbrio corporal, pelo predomínio de pisos lisos, cimentados que oferecem pouca oportunidade de instabilidade na movimentação do corpo; a redução da mobilidade pela insegurança e violência urbana; a obesidade infantil, associada a inatividade física e maus hábitos alimentares; a deficiência de vitamina D, pela baixa exposição ao sol por conta do emparedamento das crianças; o aumento de incidência de miopia, pelo uso abusivo das telas; entre outras ocorrências que têm causado prejuízos ao desenvolvimento integral da criança.

A primeira infância, que vai do 0 aos 7 anos de idade, é uma etapa fundamental para o desenvolvimento humano. É o tempo em que formamos nossas raízes para depois criarmos as asas e irmos para o mundo. As experiências, os estímulos e as interações que acontecem nessa fase geram impactos para toda a vida. O que acontece nesta etapa da vida tem reflexos ao longo de toda a trajetória humana.



De acordo com o projeto aprovado, PL 2.034/2021, agosto será agora um mês focado na conscientização da sociedade sobre a importância da primeira infância, à atenção integral às gestantes, às crianças e suas famílias em todo o território nacional, um período de ênfase em ações e políticas que promovam vínculos afetivos, nutrição saudável, importância da imunização, do direito de brincar e de prevenção de acidentes e doenças. (Fonte: Fundação Maria Cecília Souto Vidigal)

Como esse é um dos pilares do meu trabalho aqui no Educando Tudo Muda, que este mês completa sete anos de existência, quero compartilhar um texto para reflexão sobre os Ladrões da Infância para que possamos impulsionar mudanças em prol do resgate da força da infância.

LADRÕES DA INFÂNCIA

Roubamos da infância o tempo da pausa para o divagar da vida – momento potente em que surgem as brincadeiras que vêm da imaginação, que nascem no íntimo, a partir de demandas da individualidade, como expressão da singularidade do ser e que possibilitam o aflorar da criatividade da criança.

Substituímos o tempo da espera, da vivência das etapas do preparo de cada coisa, pela pressa, pelo imediatismo. O fogo não trepida mais entre as panelas nas cozinhas espalhando o cheiro bom dos temperos pela casa no preparo das refeições. Foi trocado por poucos minutos da facilidade do micro-ondas, que leva ao prato a comida aquecida.

Trocamos o pausar da vida, as horas do dolce far niente, pelas aulas extras curriculares, que ocupam todo o tempo da criança. Os estímulos externos criados artificialmente pelos adultos com o intuito de acelerar o desenvolvimento infantil, anulam o que a criança tem de mais precioso que é sua motivação interna, alimentada por sua curiosidade inata.

O TEMPO DA NATUREZA É UM TEMPO DA ESPERA, DA VIVÊNCIA DE PROCESSOS

Roubamos da infância os espaços ao ar livre – a rua, os terrenos baldios da vizinhança, a pracinha, onde a gurizada se encontrava para explorações, descobertas e para viver pequenas travessuras sadias, ou mesmo cair, ralar o joelho, voltar prá casa chorando, e perceber o processo de cicatrização do ferimento nos dias subsequentes.

Roubamos da infância a natureza, como território lúdico e educador, lugar de pisar na terra, subir em árvores, comer fruta do pé, se esconder entre arbustos, crescer livre aprendendo com seus pares e aprendendo a amar a terra.

Roubamos da infância a relação com o mundo vivo que exala aromas, tem diversidade de sabores, sons, texturas, temperaturas e pesos, para propiciar às crianças uma pseudo segurança do entretenimento das telas dos smarthphones, tablets, televisão, etc, que furtam a vida real e oferecem a frieza do mundo virtual.

Deixamo-nos enganar, pois as interações virtuais jamais substituirão o valor do convívio social, a conversa olho no olho, a sensibilidade do toque e o calor do abraço. Esta é a dimensão do real e do humano capaz de acolher e preencher a vida da criança.


O modo mais eficaz de conectar as crianças com a natureza é também conectar-se à natureza. Se as crianças perceberem um verdadeiro entusiasmo nos adultos, vão se apropriar desse interesse.”
Richard Louv*

A RELAÇÃO COM A NATUREZA INTENSIFICA A VIDA

Roubamos da infância a oportunidade de inventar e construir seus próprios brinquedos e brincadeiras com achados do quintal: gravetos, sementes, cascas, e utensílios da casa, para colocar nas mãos das crianças os brinquedos prontos, industrializados, que tornam a criança um ser passivo diante deles.

É preciso entender que os brinquedos prontos eliminam o processo de criação e construção pela criança, produzindo um vazio, uma sensação constante de insatisfação e frustração, levando a criança a querer e pedir sempre mais, na ânsia de se sentir saciada.

Quando oferecemos a oportunidade à criança de criar e construir seus brinquedos, estamos colaborando para o desenvolvimento de competências que serão exigidas na vida adulta, sem saber que a concentração manifestada durante o brincar livre corresponde à mesma que será empregada em atividades profissionais no futuro.

Roubamos da infância a liberdade de escolher com o que brincar, como brincar e com quem. Brinquedos e brincadeiras são partes de uma construção autoral, elaborada por meio de um processo espontâneo e autêntico de cada criança. As crianças tem seus próprios interesses e narrativas pessoais, estão imbuídas de desejos que necessitam de liberdade de criação e expressão. A centralização e super proteção do adulto inibe o fluir natural do brincar.

LEIA TAMBÉM: SABOTADORES DA INFÂNCIA

Precisamos enfrentar esses ladrões da infância. O resgate da potência da infância passa pela revisão de dimensões temporais, espaciais, de saberes ancestrais e fazeres manuais lúdicos e artísticos, e da liberdade. É necessário rever o quando, o onde, o como, e o que oferecemos às crianças para que possamos redirecionar a trajetória rumo à saúde das nossas crianças, garantia de um mundo melhor.

Abraço fraterno

Ana Lúcia Machado

*Richard Louv, autor do livro ‘A última criança na natureza’

BRINQUEDOS DE PLÁSTICO – IMPACTO NA SAÚDE INFANTIL E NO MEIO AMBIENTE

brinquedo de plástico

Pesquisa inédita apresenta dados alarmantes sobre brinquedos de plástico e seu  impacto  na saúde infantil e no meio ambiente.

O plástico é uma das invenções revolucionárias do século XX. Em 1907, o belga Leo Baekeland criou o primeiro plástico totalmente sintético, dando início a Era dos plásticos feitos à base de petróleo, carvão e gás natural. De lá para cá, as empresas petroquímicas criaram inúmeros tipos de plásticos – poliéster, PVC, náilon, poliuretano, teflon, silicone, para as mais variadas utilidades e o resultado é que hoje se produz 265 milhões de toneladas de plástico por ano.

Brinquedo de plásticoJá parou para pensar que quase tudo ao nosso redor é composto por plástico e o quão presente ele está na vida das crianças? Muitos utensílios infantis de uso diário são feitos desse material: mamadeiras, chupetas, copos, pratos e principalmente brinquedos.

Pesquisa inédita encomendada pelo Programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, e conduzida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Química Verde, Sustentabilidade e Educação (GPQV), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), apresenta dados alarmantes que alertam sobre os brinquedos de plástico e seu impacto na saúde das crianças e do meio ambiente:

“Infância Plastificada: O impacto da publicidade infantil de brinquedos plásticos na saúde de crianças e no ambiente”

BRINQUEDOS DE PLÁSTICO – DANOS A SAÚDE INFANTIL E AO MEIO AMBIENTE

O mercado de brinquedos no Brasil tem movimentado anualmente cerca de R$ 10,5 bilhões, despejando regularmente novidades nas prateleiras das grandes redes varejistas, atraindo as crianças e levando-as a desejar com frequência um novo brinquedo.

Atualmente, 90% dos brinquedos fabricados no mundo são feitos de plástico. Entretanto nem todo tipo de plástico é adequado para a produção de brinquedos. Algumas  substâncias são tóxicas para as crianças, como o ftalato , substância química que amolece o plástico PVC  –  o mais usado na fabricação dos brinquedos.

Um estudo apresentado na pesquisa analisou a composição de alguns brinquedos de plástico de baixo custo e identificou nas amostras alguns metais, tais como o cádmio, chumbo, cromo e até mesmo vestígios de tório – elemento radioativo.  Essas substâncias contaminam o ar e podem ser inaladas, absorvidas pela pele e também ingeridas pela criança ao levar o brinquedo à boca, colocando em risco sua saúde, podendo  causar  asma, alergia, câncer,  problemas hormonais, reprodutivos, de desenvolvimento.

O PLÁSTICO LIBERA SUBSTÂNCIAS TÓXICAS QUE SÃO ABSORVIDAS PELO ORGANISMO

A contaminação tóxica por brinquedos de plástico também pode acontecer  acidentalmente por aspiração. Casos de objetos aspirados por crianças de 0 a 4 anos, levantados em uma pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em Otorrinolaringologia, mostraram que 91 % das ocorrências foram aspirações de pequenos artefatos de plástico.

 

BRINQUEDOS DE PLÁSTICO – NÚMEROS ALARMANTES

Brinquedos de plásticoEstima-se que aproximadamente 1,38 milhão de toneladas de brinquedos de plástico serão produzidos até 2030 e que 582 mil toneladas de embalagens de brinquedos serão  descartadas. Estes produtos, por conta da mistura de tipos de plásticos e a adição de outros materiais, como pigmentos e brilho, torna a reciclagem praticamente impossível.

Desta forma, o oceano é o destino dado a esse descarte na maioria das vezes, colocando o Brasil em 16º lugar num ranking de países que mais descartam resíduos plásticos no oceano.

Considerando que alguns plásticos podem demorar até 500 anos para decompor-se, talvez todos os brinquedos de plástico fabricados até hoje estejam ainda por aqui. Sabe-se também que ao fragmentar-se em microplásticos, esses resíduos contaminam a água, os alimentos, e também outros organismos vivos.

Na Alemanha, pesquisadores do Instituto Robert Koch  e do Ministério do Meio Ambiente, investigaram  a quantidade de subprodutos plásticos no organismo de 2.500 crianças e adolescentes de 3 a 17 anos, e identificaram em 97% das amostras de sangue e urina partículas de matérias plásticas.

De acordo com o estudo, essas partículas estão aparecendo cada vez mais no corpo humano. Entre elas, a mais preocupante é a do ácido perfluorooctanóico (PFOA), substância perigosa para o sistema reprodutivo e tóxica para o fígado, usada em panelas antiaderentes e em roupas impermeáveis.

A pesquisa traz também um dado da associação ambientalista Word Wilde Fund for Nature (WWF) que afirma que já estamos ingerindo aproximadamente 5 gramas de plástico por semana ao beber água e cerveja engarrafada, ao comer frutos do mar, e ao temperar a comida com sal.

 

A VULNERABILIDADE DAS CRIANÇAS

O consumo desenfreado do plástico é sem dúvida um dos grandes desafios da atualidade. Tudo isso nos leva a pensar na urgência do consumo consciente e da economia circular. Faz refletir sobre a vulnerabilidade das crianças e a nossa responsabilidade enquanto pais e educadores, afinal somos nós que apresentamos o mundo a elas e que podemos influenciar a formação de hábitos e valores de consumo sustentáveis.

Na maioria das vezes, nós adultos, nos sentimos impotentes frente à avidez das empresas fabricantes de brinquedos aliada às estratégias persuasivas dos especialistas da propaganda e do marketing.  A publicidade tem um alvo bem específico: o lado emocional do ser humano. Os  apelos das campanhas publicitárias atingem diretamente nossos corações. Se até nós somos fortemente seduzidos e sentimos dificuldades de colocar freio nos impulsos consumistas, imagine como uma criança, em sua vulnerabilidade, é impactada.

A exposição precoce das crianças à comunicação mercadológica via programas televisivos e internet é extremamente nociva à saúde mental dos pequenos, além de deseducadora. A criança não tem a capacidade crítica para distinguir conteúdos de apelos publicitários, tornando-se presa fácil do mercado de consumo. A mediação de adultos responsáveis pela criança é fundamental durante a etapa de desenvolvimento físico, cognitivo, psíquico, emocional e social infantil.

PARA PENSAR

Algumas perguntas são importantes para a busca de soluções dos problemas socioambientais que enfrentamos:

Com quantos brinquedos se faz uma infância feliz? É preciso brinquedo para brincar? Brinquedo precisa ser de plastico? O que é um bom brinquedo? 

Sob o ponto de vista da imaginação e criatividade infantil, os brinquedos industrializados feitos de materiais sintéticos criam uma situação de passividade na criança, provocam uma atrofia psíquica, um certo “empreguiçamento”  e empobrecimento da vida interior. Uma  vez que esses brinquedos são desenvolvidos para  funcionalidades específicas, entregam a ela um produto pronto, rígido, limitando a atuação da criança e na maioria das vezes fazendo dela mera  expectadora ou executora.

Em termos de estímulos sensoriais, o plástico é um material extremamente limitado e pobre para o desenvolvimento infantil  – sem cheiro; é frio e liso ao tato; é leve, possui tamanho desproporcional ao peso de cor forte e antinatural. O plástico é um imitador de realidades, como diz Gandhy Piorski em seu livro Brinquedos do chão, induzindo a criança a falsas sensações e distanciando-a dos processos de aprendizagens do mundo vivo.

UMA ESCOLHA SAUDÁVEL – BRINCANDO COM A NATUREZA

Sabemos o quanto o brincar é importante para uma infância saudável. Entretanto é preciso ressaltar que a potência da atividade lúdica se encontra na própria criança e não nos brinquedos. Precisamos apenas oportunizar a ela um ambiente que favoreça  a brincadeira. E não existe ambiente mais positivo para isso do que a natureza. Nela encontramos os estímulos mais ricos e completos para o desenvolvimento integral da criança.

Brincar em espaços  naturais coloca a criança diante do potencial lúdico da natureza e expõe os pequenos à riqueza e diversidade dos elementos naturais, descortinando  infinitas possibilidades de brincadeiras e invenção dos próprios brinquedos com o que a natureza oferece – gravetos, sementes, folhas, etc.  Brincando com a natureza a criança explora um campo fértil para o exercício da imaginação nutrindo sua vida anímica.

Podemos fazer escolhas simples em prol da saúde da criança, mas para isso é necessário atitudes firmes frente aos apelos de consumo da publicidade das empresas fabricantes de brinquedos. Se estivermos convictos dos efeitos negativos deste excesso de plástico na vida da criança e das consequências para o meio ambiente, tenho certeza que será mais fácil dizer não para o próximo brinquedo de plástico.

A saúde da criança e do meio ambiente dependem da nossa reconexão com a natureza em todos os âmbitos da vida e da ética do cuidado a todos os seres viventes.

Confira a pesquisa  “Infância Plastificada: O impacto da publicidade infantil de brinquedos plásticos na saúde de crianças e no ambiente”.

 

Abraço caloroso e saúde

Ana Lúcia Machado

AFETO E INFÂNCIA NA ERA DA COMPLEXIDADE

O afeto é o que sustenta a vida humana. Ele é essencial no desenvolvimento integral da criança e garante a formação de um indivíduo com melhores condições de lidar consigo mesmo e com os outros.

Vivemos um momento de grande complexidade e a infância se encontra no centro das incertezas desta época.  As mudanças sociais ocorridas nas últimas décadas alteraram de forma considerável a estrutura da vida familiar e seus reflexos podem ser observados nitidamente na vida da criança.

Os hábitos cotidianos transformaram-se significativamente, modificando o ritmo e a rotina dos pequenos, que agora têm estilos de vida mais individual e são sedentárias, o que desfavorece o convívio social, as atividades físicas, a imaginação, e a autonomia infantil.

A dinâmica imposta por essas  mudanças  gerou isolamento  e adultização  das crianças,  expondo-as, assim, às mesmas angústias e estresses a que os adultos estão sujeitos, e causando, em muitos casos, males físicos e psicológicos.

O processo de urbanização acelerado e não planejado, associado ao medo pelo aumento da violência, ergueu muros e contribuiu para uma cultura de confinamento. Além disso, valores da sociedade de consumo tomaram conta do universo da criança. Ela é intensamente exposta  a conteúdos que incentivam o consumismo e seduzida por apelos do mundo moderno, repleto de inovações tecnológicas, e tem seu tempo e espaço lúdico invadidos e reduzidos.

Esse é o panorama da infância da atualidade, um cenário que não favorece o desenvolvimento saudável da criança nessa etapa tão importante da vida. A infância é o período no qual edificamos as bases que sustentarão tudo o que virá depois – chão firme que apoiará os passos futuros na juventude, na maturidade e até mesmo no envelhecimento. É a fase em que a qualidade das interações sociais é fundamental para a construção de memórias afetivas cheias de significado, que contribuirão para a formação de sujeitos éticos, resilientes, empáticos, cooperativos e próativos na sociedade.

A infância não é  uma etapa que fica para trás depois que nos tornamos adultos, pois é um ciclo vivo, que volta, e se renova. Ecos da criança que fomos continuam a ressoar dentro de nós no decorrer da vida.

Nas palavras do pediatra  e professor titular da Universidade de Brasília,  Márcio Lisboa: “tudo se forma nos primeiros anos de vida.[…] Como adultos, somos, do ponto de vista da personalidade, o que éramos aos 6 anos. O que significa que nossa estrutura se forma nos primeiros anos de vida. […] Tudo o que acontece neste período reflete na vida adulta sob o ponto de vista físico, emocional e social.”

O nascimento é a primeira grande experiência vivida pelo ser humano e o primeiro obstáculo a ser superado no processo de desenvolvimento. Ao deixar a segurança e proteção do útero materno, o bebê tem que enfrentar os desafios de um mundo desconhecido, o que exige adaptações físicas e psicológicas.

O bebê tem uma relação íntima e praticamente simbiótica com a mãe, e desde os primeiros instantes de vida é ela quem exerce forte influência no desenvolvimento e na formação da sua personalidade.

 

Hoje, sabemos que a qualidade dos cuidados parentais que as crianças recebem é de fundamental importância para a estruturação do cérebro infantil e sua saúde mental futura.  As experiências vividas  por elas têm impacto duradouro na arquitetura cerebral. Nos anos iniciais de vida, formam-se de 700 a 1.000 conexões cerebrais por segundo, que constroem a base para o desenvolvimento cognitivo, emocional e relacional.

Os gestos do adulto na hora de alimentar, dar banho, ninar a criança, trocar sua fralda e seus sentimentos em relação a ela vão provocar reações agradáveis ou não. É necessário que a criança tenha a vivência de uma relação afetuosa, prazerosa e estável com sua mãe –  ou com o cuidador que a substitua –  para a formação do apego e do vínculo, que são a base para o desenvolvimento da personalidade, do caráter e da saúde mental do indivíduo.

Todo o ambiente que envolve a criança e os estímulos sensoriais que ela recebe devem ser amigáveis a ela – texturas, aromas, imagens  e sons que proporcionem vivências genuinamente humanas por meio da expressão facial,  olhar e sorriso, do toque, do tom da voz, e gesto lúdico.

Durante muito tempo, a criança é totalmente dependente de outros seres humanos para sua alimentação, cuidados com higiene, proteção, apoio emocional e estímulos, que são essenciais para o seu desenvolvimento biopsicossocial.

Do ponto de vista das relações humanas, a doutora e psicanalista infantil Julieta Jerusalinsky  avalia a importância dos primeiros anos de vida da criança como um  momento basilar na constituição psíquica, pois se trata da apropriação do próprio corpo e da relação consigo  e com os outros.

 

A CONSTRUÇÃO DO AFETO NA INFÂNCIA

Ao nascer, a criança é entregue à família, que possui o papel de “útero social”, dividido posteriormente com a escola e a comunidade.  Trata-se da segunda gestação, que agora, por meio de relações de afeto com pais, irmãos, avós, tios, professores, amigos e outras crianças, e também do contato com a natureza, vai proteger a criança emocionalmente durante os primeiros anos até que ela possa seguir com confiança e autonomia. O enfrentamento de obstáculos, conflitos, críticas, pela criança, em um ambiente permeado pela afetividade, auxiliará no fortalecimento da sua estrutura psíquica e cognitiva.

A autoestima da criança se constrói durante a infância, tendo como alicerce a afetividade. Uma criança que recebe afeto se desenvolve com muito mais segurança e confiança. A afetividade interferirá na maneira como as pessoas veem as situações e como reagem a elas. É como uma raiz – sustenta a vida emocional da criança, promove sua autoestima e autoconfiança, gera bem-estar e influencia o comportamento humano.

Por afetividade entende-se a qualidade ou caráter de quem é afetivo; o conjunto de fenômenos psíquicos que são experimentados e vivenciados na forma de emoções e sentimentos; a tendência ou capacidade individual de reagir facilmente aos sentimentos e emoções; emocionalidade. Dicionário Houaiss,2009.

Afeto diz respeito àquilo que afeta, ao que mobiliza, por isso reporta à sensibilidade, às sensações. Podemos, ainda, referir afeto como ser tomado por, atravessado, perspassado, quer dizer: afetado. (GOMES e MELLO, 2010.

O afeto se manifesta por meio de sentimentos, atitudes, ações positivas e afirmativas, na interação entre pais, cuidadores e professores e a criança, favorecendo seu amadurecimento. Afeto é a expressão respeitosa que se escolhe em resposta a dificuldades, contrariedades e desafios diante das etapas de desenvolvimento da criança. É a maneira  amorosa de reagir e enfrentar as dores cotidianas naturais, as frustrações decorrentes das vontades que nem sempre podem ser satisfeitas, e a ansiedade pelo tempo de espera das coisas.

O RESPEITO ÀS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Apesar de a nossa cultura ter a tendência de querer eliminar as sensações desagradáveis, como a dor, é importante compreender que elas contribuem para o desenvolvimento da percepção, controle e domínio  das emoções pela criança. Quem não tem a oportunidade de fortalecer-se com as vivências dolorosas comuns do dia a dia, mais tarde tenderá  escapar dos sofrimentos inevitáveis da vida de modo inadequado para o viver  em sociedade.

A educação da criança, tanto no âmbito familiar quanto escolar, precisa de bases sólidas que a sustentem. Compreender a natureza da criança, suas características e necessidades biopsicossociais e  espirituais frente  às etapas do seu desenvolvimento  é o ponto de partida para trilhar de maneira segura o caminho da desafiadora  tarefa da educação nos dias de hoje.

É importante respeitar todas as  etapas do desenvolvimento infantil para a formação de indivíduos saudáveis e autônomos, compreendendo que cada fase serve como base para a próxima, e todas elas exigem um trabalho interno da criança, além de estímulos saudáveis do mundo externo.

É necessário entender que a criança apreende o mundo e aprende de forma gradual, de acordo com seu nível de sua compreensão, segundo uma ordem interna de prioridades, ordenadas pelos conhecimentos já assimilados por ela. Portanto, é fundamental respeitar o ritmo da criança, sem antecipação e sem pressa.

Espera-se que pais e educadores atuem como facilitadores desse processo, pois o ser humano depende do ambiente em que vive, do incentivo que recebe e da interação com outros seres humanos para se desenvolver. Na concepção do psicólogo russo Vygotsky, o ser humano não se constrói ser humano se o outro não estiver presente. O humano existe na interação com seus pares. O papel do outro é atribuir significado às experiências e vivências da criança e ser exemplo do modo de ser e estar no mundo de maneira ética.

Além disso, a criança precisa sentir que é capaz de atrair a atenção daqueles que a rodeiam  e perceber que seus gestos, expressões, e necessidades, podem provocar reações no outro, alterando o seu estado. O efeito produzido no adulto também afeta a criança, retroalimentando assim o importante jogo de ação e reação, a influência mútua a que chamamos interação – convívio e comunicação que geram intimidade.

E não é somente na primeira infância que um ambiente de afeto é fundamental. A partir dos sete anos, e à medida que as crianças avançam para a pré-adolescência e a puberdade, a presença, a atenção, a conversa, a mediação e, principalmente, o modo de viver dos pais são de extrema importância para atravessar essa fase em que os adolescentes buscam externamente referências e identificações.

Nesse momento, a rede social formada por familiares e amigos, criada e cultivada durante os anos anteriores, poderá funcionar como uma ponte segura para atravessar essa fase de transição.

Esse é o ideal de educação que queremos alcançar, pautado por disponibilidade ao outro, interesse genuíno, escuta atenta, encontros autênticos e relacionamento profundo. Contudo, não vivemos em um mundo ideal e cada época impõe seus desafios. Dessa forma, convém questionarmos  quais são os desafios da contemporaneidade.

É certo que avançamos de maneira positiva em relação ao fortalecimento dos vínculos parentais a partir de valiosas mudanças. Hoje ao nascer o bebê é imediatamente colocado no peito materno; é feito o alojamento conjunto nas maternidades; estimula-se a amamentação, a livre demanda do leite materno, e a colocação do bebê no quarto dos pais nos primeiros meses. Além disso, a ampliação da licença maternidade e a criação da licença paternidade, ainda que não totalmente satisfatórias, por trata-se de um período curto, são consideradas  conquistas importantes para a promoção da proximidade do bebê à mãe e ao pai. Entretanto percebe-se que as políticas públicas são insuficientes para que essas medidas sejam efetivadas com sucesso. Sabemos que muitas mães são pressionadas a retornar ao trabalho antes do cumprimento total da licença e que algumas optam espontaneamente por encurtar esse período. O que as levam a escolher retornar ao trabalho antecipadamente?

Em 2012 a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal  solicitou ao IBOPE uma pesquisa intitulada “A visão da sociedade sobre o desenvolvimento da Primeira Infância”, com o objetivo de identificar percepções e práticas da sociedade no tocante ao desenvolvimento integral da criança. Em resposta a pergunta ‘o que é importante para o desenvolvimento da criança de 0 a 3 anos?’, a pesquisa apontou baixos percentuais atribuídos à tópicos relativos à afetividade, tais como: conversar com a criança (19%) , receber atenção dos adultos (18%), receber carinho e afeto (12%), conforme pode ser visto abaixo. Esse resultado insatisfatório, demonstra o tamanho do desafio que a sociedade tem que enfrentar.

Afeto e infância

Um estudo feito com 14.000 crianças dos Estados Unidos, concluiu que 40% delas não têm vínculos emocionais fortes com seus pais. Os pesquisadores descobriram que essas crianças são mais propensas a enfrentar problemas de aprendizagem e de comportamento.

Outra questão desafiadora que se impõe atualmente  é que as crianças vão para a escola cada vez mais cedo, devido ao fato de pai e mãe trabalharem fora. Esse afastamento precoce do ambiente familiar e consequente antecipação da vida escolar, acaba complicando os limites de atuação entre a família e a escola. Como fica a educação de base até então de responsabilidade da família?  O psiquiatra Içami Tiba (Quem ama educa, 2002)  avalia que “a escola sozinha não é responsável pela formação da personalidade, mas tem papel complementar ao da família”.

A PRESENÇA E A ATENÇÃO DOS PAIS SÃO MUITO IMPORTANTES

É preciso levar em conta que muitas famílias estão desestruturadas. Muitos pais esquecem sua responsabilidade em dar amor, apoio emocional, educar os filhos e participar de suas vidas ativamente. Quais as consequências da carência afetiva na vida da criança?

No livro “A criança terceirizada”, o pediatra Dr. José Martins Filho,  usa o termo “terceirização” para referir-se à transferência das funções paternas e maternas para outras pessoas e relata casos de pais que passam a semana sem ver os filhos, pois, ao saírem de casa muito cedo, eles ainda estão dormindo e ao retornarem, à noite, já estão na cama.  No atendimento em seu consultório, frequentemente ele se vê diante de pacientes que  chegam acompanhados pelas avós, e muitas vezes apenas pelas babás. Que efeito essa ausência parental produzirá na formação da personalidade dessas crianças?

Na visão do Dr. Márcio Lisboa, a tendência à agressividade e ocorrências de comportamentos anti-sociais cada vez mais frequentes, podem ser explicadas pela falta do aprendizado de valores, limites, disciplina,  baixa autoestima, e privação materna durante a primeira infância. Ele apresenta  estudos que  analisam  a biografia de indivíduos portadores de distúrbios comportamentais e que apontam evidências de transtornos afetivos graves com origem na primeira infância, permitindo a conclusão que a semente da violência é implantada na criança em seus primeiros anos de vida pela carência de relações de afeto.

Em 2017 a mídia noticiou uma escola de educação infantil na cidade de São Paulo que oferece uma variedade de serviços que vão além da esfera educacional, o que causou grande polêmica por suscitar uma importante discussão a cerca dos limites de atuação da escola e a responsabilidade das famílias na participação da vida dos filhos. Com o objetivo de aliviar as obrigações dos pais com as atividades domésticas do dia a dia e com isso proporcionar tempo de qualidade  com seus filhos, a instituição oferece um amplo cardápio de facilidades às famílias: lavagem  dos uniformes usados pelas crianças, todas as refeições, inclusive o jantar com opção de compra de comida congelada para os fins de semana, a possibilidade de contratação de professoras como babás, e ainda o serviço de corte de cabelo das crianças na escola. Tais facilidades sugerem uma desconexão com a própria vida, a medida que entrega nas mãos das crianças tudo pronto, sem que elas possam perceber as etapas de feitura das coisas e vivenciar processos.

LEIA TAMBÉM: PROCESSOS DE VIDA E A INFÂNCIA

A constante transferência de responsabilidades em relação aos cuidados e atenção que uma criança exige, além de estar sendo repassada para as escolas, também tem sido  entregues aos meios digitais. As crianças têm ficado cada vez mais tempo entretidas com TVs, jogos eletrônicos, smartphones, tablets, e o tempo disponibilizado para essas atividades têm sido maior que o convívio com outras crianças  e com a família, levando ao isolamento social.

A Dra. Jerusalinsky  alerta quanto ao acesso precoce e uso excessivo desses dispositivos digitais pelas crianças, ressaltando os perigos que ameaçam a infância pelo uso de forma inadvertida e a importância da riqueza da experiência interativa presencial nos anos iniciais de vida.

Entre os perigos apontados encontram-se a ausência psíquica dos pais, que muitas vezes estão de corpo presente mas ausentes psiquicamente em relação àqueles que estão ao lado; a linguagem fragmentada, fria e de isolamento produzida por esses aparelhos, que emitem sequências sonoras mas não estabelecem um diálogo, e a falta de mediação dos adultos em relação as informações acessadas pelas crianças via internet – informações descontextualizadas, desprovidas das experiências vivenciadas dos adultos, sem a transmissão de valores culturais.

Não se trata de negar os diversos benefícios das inovações tecnológicas  ou  classificá-las  como maléficas, mas de refletir sobre as influências  e consequências  desta revolução digital na vida das crianças em fase de formação. Profissionais da área da saúde, especializados na Primeira Infância, tais como a Dra. Julieta Jerusalinsky, a Dra. Ilana Katz, estão questionando que modelo do que é ser humano é oferecido às crianças hoje. Uma vez que elas veem adultos conectados 24 horas, o que elas estão assimilando a cerca de como acontecem as relações humanas? O que é estar com o outro numa relação de afetividade? Existe relação sem celular?

afeto e infânciaAdultos e crianças estão sendo sugados para seus próprios mundos digitais e as consequências disso para a infância são danosas, pois interfere no convívio social, na interação e na qualidade dos relacionamentos, restringe a comunicação, o olhar, o toque, interrompe momentos de intimidade familiar a cada novo toque dos aparelhos.

É essencial estabelecer limites seguros e coerentes de tempo de uso das telas pelas crianças e, sobretudo, examinar  nossas próprias condutas em relação ao uso que fazemos desses aparelhos. É preciso rever o mundo que apresentamos às crianças na atualidade e instituir  princípios  e valores éticos capazes de  nortear a educação delas.

LEIA TAMBÉM: SABOTADORES DA INFÂNCIA – DA ESCASSEZ AO EXCESSO

AFETO E INFÂNCIA – COMO PODEM ACONTECER AS DEMONSTRAÇÕES DA AFETIVIDADE?

Somos seres sociais, precisamos construir vínculos afetivos. Sem afeto, não podem existir nem família nem outras relações sociais de proximidade, e nessa situação uma criança não consegue se desenvolver de forma saudável. O afeto é uma força que atrai, que busca proximidade, ligação  e intimidade. É como um óleo lubrificante, facilitador das relações humanas e dinâmicas sociais.

No mundo material, o afeto é invisível, impalpável. De natureza etérea, ele pode ser percebido em sutilezas. Está presente no brilho do olhar e na luminosidade do sorriso, na temperatura da pele e calor do toque. Está no ar – na entonação da voz, no ritmo da canção de ninar e no tom da conversa. Está no aroma e sopro quente do hálito de quem conta uma história bem de perto. O afeto vive nos lábios do beijo de boa noite. Vive em cada micro segundo das tarefas cotidianas que fazemos junto com os filhos. Manifesta-se  na capacidade de estar disponível para compartilhar com eles acontecimentos corriqueiros do dia, descobertas, decepções, frustrações, etc. Expressa-se na convicção  e transmissão de princípios e valores éticos, na clareza dos limites estabelecidos, na firmeza ao dizer “não” quando necessário, e na sensação de acolhimento do riso, da alegria, do choro e da dor comuns do viver.

Pais, educadores e todos os profissionais que atendem à criança, são  os maiores responsáveis por desenvolver uma consciência que entenda a cultura da infância como uma etapa particular do processo de iniciação do humano, de forma a garantir a sobrevivência da espécie. Nossa capacidade de viver neste planeta de maneira digna, depende de soluções inovadoras e do olhar atento ao começo da vida, à garantia da saúde da infância.  A esse cuidado e olhar atento dá-se o nome de afeto.

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Abraço caloroso

Ana Lúcia Machado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INFÂNCIA SAUDÁVEL – DESENVOLVIMENTO E CUIDADOS DA PRIMEIRA INFÂNCIA

Precisamos garantir uma infância saudável para nossas crianças a partir de atitudes simples no dia a dia.

A dinâmica imposta pelas mudanças sociais das últimas décadas, gerou isolamento, aceleração, e adultização no cenário da infância. Hoje as crianças estão expostas às mesmas angústias e estresses que os adultos estão sujeitos e sofrem dos mesmos males físicos e psicológicos.

Podemos, enquanto pais e educadores, tomar algumas medidas práticas geradoras de bem estar visando uma infância saudável. Acompanhe o que pode ser feito.

 

PARA A ESCOLARIZAÇÃO PRECOCE, O BRINCAR  

Infância saudável

Especialistas afirmam que o aprendizado formal  é mais produtivo  a partir dos 6 anos de idade, pois é quando as crianças tem maior capacidade de lidar com ideias abstratas. Eles alertam que crianças que chegam à escola socialmente adaptadas, que sabem seguir instruções, compartilhar, e ajudar os amigos, terão mais chance de dominar a escrita, a leitura, e os números.

O tempo de brincar livre proporciona à criança o desenvolvimento de importantes habilidades – destreza corporal, escuta, interações sociais, equilíbrio emocional, etc. O brincar é um treino para amadurecimento e conquista dessas competências.

Assegure todos os dias um tempo para a criança brincar.

 

PARA O EXCESSO DO MUNDO TECNOLÓGICO,  A NATUREZA

O acesso precoce e uso abusivo da tecnologia é um fenômeno recente no cenário da infância. Infelizmente hoje as crianças vivem cada vez mais em ambientes fechados e conectadas à algum aparelho tecnológico, distante do ritmo orgânico do mundo natural.

Infância saudável

Já se sabe por meio de estudos que quanto mais a criança ficar exposta à tecnologia, piores serão suas funções cognitivas, como a memória e capacidade de concentração, com prejuízos também ao desenvolvimento motor, qualidade do sono, aprendizagem, etc.

Hoje 40% das crianças brasileiras passam uma hora ou menos ao ar livre. Pesquisas pelo mundo afora revelam que mais tempo em contato com a natureza, regula hormônios, reduz a agressividade, hiperatividade e obesidade. Assim que os odores da mata adentram o organismo humano, os níveis de estresse e irritação diminuem.

Assegure todos os dias um perído para estar em contato com a natureza. 

 

Infância saudávelPARA AGENDAS LOTADAS, O ÓCIO

O tempo livre, o “ócio”,  é  a oportunidade que a criança tem de entrar em contato com seu mundo interior, estimular a fantasia, criatividade e desenvolver a concentração. O tempo em que a criança está à toa, é o momento em que está conectada com ela mesma, num processo de autoregulação, que promove equilíbrio emocional.

Muitas crianças tem suas agendas preenchidas de atividades extra curriculares todos os dias da semana. O não fazer nada para a criança é muito importante, é o período que ela faz de conta, inventa brincadeiras, cria seus brinquedos.

Assegure todos os dias um momento para a criança ficar à toa, sem nada para fazer.

 

 

PARA  A MEDICALIZAÇÃO, A IMAGINAÇÃO E A ARTE

Vivemos tempos de patologização dos comportamentos infantis. Milhares de crianças estão sendo diagnosticadas com algum tipo de transtorno. Coisas normais da vida como a timidez, a teimosia, e até mesmo a rebeldia infantil, estão sendo enquadradas como transtorno.

Com a justificativa de melhorar o desempenho escolar, as  conquistas de desenvolvimento que não acontecem no período esperado, e promover mudanças comportamentais não aceitas socialmente,  a infância vem sendo medicalizada para atender aos anseios da sociedade.

Infância saudável

Nietzsche, dizia que “a arte existe para que a realidade não nos destrua”. A criança encontra na arte, uma forma de expressão do seu mundo interior e um exercício da força da imaginação, que dá colorido à realidade externa.

Incentive a imaginação e expressão da criança por meio do desenho, pintura, modelagem de massinha ou argila, colagem, etc.

Leia também: INFÂNCIA PEDE CALMA 

 

O brincar, a natureza, o ócio, a arte e a imaginação, são essenciais para a saúde da infância e desenvolvimento integral da criança.

Quem tem ouvidos para ouvir, atenda este chamado por uma infância saudável.

Abraço caloroso

Ana Lúcia Machado

INFÂNCIA AMEAÇADA – O QUE VEM ADOECENDO AS CRIANÇAS? ALERTA À SOCIEDADE AOS DESAFIOS DA PRIMEIRA INFÂNCIA

 

Infância ameaçada – um alerta à sociedade. O que vem adoecendo as crianças? O cenário atual da Primeira Infância apresenta muitos desafios para toda a sociedade.

A Infância vive um momento de grande complexidade e se encontra no centro das incertezas desta época, expondo as crianças precocemente às mesmas angústias que os adultos estão sujeitos.

As mudanças sociais ocorridas nas últimas décadas alteraram de forma considerável a estrutura da vida familiar e seus reflexos podem ser observados nitidamente na vida da criança.

Os hábitos cotidianos transformaram-se significativamente, modificando o ritmo e a rotina dos pequenos, com estilos de vida mais individuais, sedentários, que desfavorecem o convívio social, atividades físicas, o exercício imaginativo, e a autonomia infantil.

A crescente urbanização, associada ao medo pelo aumento da violência, ergueu muros, produziu isolamento e contribuiu para uma cultura de confinamento.

Além disso, valores da sociedade de consumo tomaram conta do universo da criança, que exposta intensamente a conteúdos de natureza mercadológica e seduzida por apelos do mundo moderno com suas novas tecnologias, vê seu tempo e espaço lúdico invadido e reduzido.

No mundo da criança, a tecnologia passou a ocupar um lugar de destaque. As telas estão roubando um tempo precioso da criança – o tempo do  brincar, uma atividade fundamental para o desenvolvimento infantil em todos os aspectos, físico, emocional, cognitivo, social e espiritual.

E mais, a cultura escolar atual com seus testes, ranqueamentos e índices, tem sido a causa de grande ansiedade para as famílias e crianças.

A consciência intelectual adulta que é hoje imposta, sob pressão, na Primeira Infância, vai contra a natureza da criança. É desrespeitosa ao desenvolvimento integral infantil, isto é : o desenvolvimento intelectual, emocional , social e cultural.

A infância pede tempo e espaço para a ludicidade, a fantasia e imaginação. O aprendizado nesta fase se dá por meio de interações sociais afetivas e no contato com o mundo natural.

Onde poderá desembocar uma infância pobre em interações sociais, pressionada precocemente pelo sucesso acadêmico e competição, e ainda exageradamente tecnológica?

 

Leia também: SABOTADORES DA INFÂNCIA – DA ESCASSEZ AO EXCESSO

 

INFÂNCIA AMEAÇADA

O modus vivendi da sociedade contemporânea com seus excessos, vem adoecendo as crianças, a infância está ameaçada. Querem cedo demais tirar a criança do seu tempo e espaço natural de desenvolvimento. Querem cedo demais intelectualizar, adultizar, atrofiar os sentidos, limitar a curiosidade e vontade da criança de explorar e vivenciar o mundo livremente, empobrecendo assim sua imaginação e criatividade.

O que estamos fazendo com a infância?

Dados mundiais apresentados pelo psicólogo Peter Gray na 20ª Reunião Internacional da Associação Internacional do Brincar – IPA, que aconteceu em setembro do ano passado em Calgary – Canadá, revelam que a depressão infantil já é de 7 a 10 vezes maior que nos anos 60, os transtornos de ansiedade entre as crianças cresceu até 18 vezes e as taxas de suicídios até 15 anos estão 4 vezes maiores. Ao mesmo tempo, o brincar livre das crianças vem diminuindo significativamente desde 1955. Tudo isso indica que a infância está ameaçada.

O que podemos fazer para promover mudanças?
Qual a nossa responsabilidade perante essa geração de crianças estressadas? Que futuro estamos projetando para elas?

O crítico social americano, Neil Postman (1931-2003), em seu livro O desaparecimento da Infância, publicado originalmente em 1982, analisa o cenário social da época e profetiza os rumos assustadores da infância a partir da conexão da infância com a comunicação. Postman aponta as condições niveladoras do acesso a informações entre adultos e crianças, cada dia mais intensa, como um dos responsáveis pelo desaparecimento da infância e diz

“Se despejarmos sobre as crianças uma vasta quantidade de material adulto da pesada, a infância não poderá sobreviver”.

Não é o que temos feito? Este livro é leitura obrigatória para quem deseja se aprofundar nas questões sociais da infância.

 

UM CONVITE

Somos muitos preocupados com este cenário, o que nos confere poder para defender essa causa e batalhar pelo direito da criança viver sua infância sem opressão.

Convidamos pais, educadores, e  profissionais das mais diversas áreas que lidam com a Primeira Infância e que estejam nessa mesma inquietação,  a  se juntar  a nós.

Temos a responsabilidade de desenvolver uma consciência que entenda a cultura da infância como uma etapa particular do processo de iniciação do humano, de forma a garantir a sobrevivência de nossa espécie. Nossa capacidade de viver neste planeta depende de soluções inovadoras e do olhar atento ao começo da vida, à garantia da saúde da Infância.

Compartilhe este texto e deixe seu comentário para que possamos refletir sobre mudanças que favoreçam a vida das crianças na atualidade.

Entre em contato com o Educando Tudo Muda caso sua escola ou comunidade tenha interesse em nossas palestras a respeito desse  tema.

Infância ameaçada – conscientizar e questionar, eis os  primeiros passos para quebra de paradigmas e transformação do mundo.

 

Abraço esperançoso

Ana Lúcia Machado

 

 

36 MOTIVOS PARA CONECTAR AS CRIANÇAS À NATUREZA

36 motivos para conectar as crianças à natureza

Depois de conhecer os 36 motivos para conectar as crianças à natureza, vocês pais, não vão querer ficar dentro de casa com elas. Vocês professores, se sentirão provocados a ultrapassar os limites da sala de aula e romper os muros da escola.

A infância vive um momento de grande complexidade e se encontra no centro das incertezas desta época, expondo as crianças precocemente às mesmas angústias que os adultos estão sujeitos.

As mudanças sociais ocorridas nas últimas décadas alteraram de forma considerável a estrutura da vida familiar e seus reflexos podem ser observados nitidamente na vida da criança.

37 motivos para conectar as crianças à natureza

Foto: BBC

Hoje a maioria da população brasileira vive em centros urbanos, onde as crianças passam a maior parte do tempo em locais fechados, dentro de casa – em frente das grandes telas televisivas e das pequenas telas portáteis de smartphones, tablets e vídeo games. Nas escolas, elas permanecem quase o tempo todo dentro de salas de aulas. E ainda nos finais de semana, quando saem com seus familiares, vão aos shoppings, restaurantes e cinemas.

Os novos hábitos transformaram o ritmo e a rotina das crianças, criando estilos de vida mais individuais, sedentários, que desfavorecem o convívio social, atividades físicas, o exercício imaginativo,  a autonomia da criança, e o estar em contato com a natureza.

Um forte sinal de alerta são as doenças típicas de adultos que hoje acometem também a população infantil, tais como a obesidade, diabetes, miopia, doenças cardiovasculares, entre outras. O que este fenômeno está nos dizendo? Precisamos investigar e refletir.

UMA BOA NOTÍCIA

Um movimento de retorno à natureza tem se espalhado pelo mundo. Muitas iniciativas estão surgindo com o objetivo de expandir a consciência e promover mudanças neste cenário, estimulando o contato com o mundo natural e mais tempo ao ar livre.

Em contato com a natureza a criança tem acesso a processos vivos que estão em constante transformação. Alimentar os sentidos da criança com formas primordiais, substancias vivas, e elementos naturais que exalam aromas, florescem, frutificam e emitem sons nativos, é fundamental para o desenvolvimento integral infantil.

36 motivos para conectar as crianças à natureza

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A criança deve ser compreendida como um ser lúdico, contemplativo, explorador e investigativo, e atendida nessas necessidades.

Pesquisas científicas já comprovaram inúmeros benefícios que o contato com a natureza propicia. Esses benefícios envolvem aspectos físicos, emocionais, cognitivos, sociais e espirituais.

 

 

VAMOS A ELES? EIS OS PRINCIPAIS MOTIVOS PARA CONECTAR AS CRIANÇAS À NATUREZA 

1.Permite maior movimentação corporal auxiliando na estruturação do sistema muscular. Estar ao ar livre é um convite para o movimento – correr, pular, escorregar, explorar troncos caídos, escalar barrancos, etc.

2.Ajuda na aquisição do equilíbrio do corpo

3.Desenvolve a destreza corporal

36 motivos para conectar as crianças à natureza

Playoutside – alegria de brincar na natureza

4.Contribui para o domínio espacial

5.Promove estímulos sensoriais

6.Propicia maior gasto de energia, que é uma necessidade biológica do corpo

7.Auxilia na qualidade do sono, tão importante para a fase de crescimento infantil

8.Regula hormônios, diminui o cortisol (hormônio do stress)

9.Ajuda a respirar melhor

10.Contribui para a melhora nas medições de pressão sanguínea e batimentos cardíacos

11.Previne a obesidade

 

 

12.Previne a deficiência de Vitamina D, pela exposição aos raios solares.

13.Previne a miopia. Espaços amplos, abertos e com iluminação natural estimulam o exercício dos músculos oculares. As crianças precisam focar em objetos grandes e ao longe. É importante que os olhos se movimentem seguindo a linha vertical, horizontal e de profundidade para a prevenção do encurtamento dos músculos dos olhos. A ocorrência de miopia tem crescido entre as crianças e uma das explicações é o acesso precoce e excessivo ao mundo tecnológico.

14.Fortalece o sistema imunológico, pois a criança entra em contato com uma série de bactérias e micro-organismos

15.Previne o desenvolvimento de alergias

36 motivos para conectar as crianças à natureza

Foto Luiza Esteves divulgada pelo Instituto Alana

16. A criança aprende a correr riscos e medi-los, como ao subir numa árvore.

17. A criança aprende a superar desafios

18.Desenvolve resiliência e autoconfiança

19.Colabora para a autonomia da criança

20.Alivia a ansiedade

21.Diminui a hiperatividade

 

 

22.Reduz a agressividade

23.Estimula a capacidade cognitiva

24.Aumenta a concentração

25.Contribui para a melhoria da aprendizagem

26.Nutri a imaginação

27.Enriquece o repertório da criança

28.Promove a convivência e interação social

29.Fortalece os vínculos afetivos

37 motivos para conectar as crianças à natureza

Papo de Pracinha

30.Estimula o espírito solidário

31.Dá a sensação de liberdade e pertencimento

32.Promove equilíbrio interno, autorregulador da criança.

33.Promove harmonia, vitalidade e alegria

34.Eleva a capacidade criativa

35.Estimula o cuidado com o meio ambiente. A criança em contato com a natureza é o potencial cuidador e preservador do meio ambiente, porque em sua memória haverá registros do significado do frescor à sombra de uma árvore por exemplo

36.Promove a educação ambiental vivencial, na prática

36 motivos para conectar as crianças à natureza

Playoutside – alegria de brincar na natureza

Proporcionar e incentivar o brincar livre da criança em contato com a natureza  é algo simples, de baixo custo, que traz muita alegria, encantamento e um profundo sentimento de unidade e pertencimento. Pode ser uma caminhada num parque ou numa praça para ouvir o vento soprar, o canto dos pássaros, observar as árvores , as cores das flores. Respirar fundo e sentir o cheiro de terra úmida. Pisar em folhas secas. Procurar minhocas, musgos, borboletas. Subir em árvores, correr entre elas, e muito mais.

Tudo isso propiciará a formação de um reservatório de experiências vivas e reais para a vida.

No relato de memórias infantis de muitos escritores, é comum encontrar passagens de aventuras ao ar livre, lembranças de vivências calorosas em conexão com a natureza.

QUAIS  LEMBRANÇAS QUEREMOS QUE AS CRIANÇAS TENHAM DE SUAS INFÂNCIAS?   

36 motivos para conectar as crianças à natureza

Playoutside – alegria de brincar na natureza

Richard Louv em seu livro A última criança da natureza fala  que “Um círculo cada vez maior de pesquisadores acredita que a perda do habitat natural, ou a desconexão com a natureza, mesmo quando ela está disponível, tem implicações enormes para a saúde humana e o desenvolvimento infantil. Eles dizem que a qualidade dessa exposição afeta nossa saúde em um nível celular”.

 

 

Educando Tudo Muda concedeu uma entrevista ao site da revista Exame falando sobre a importância de conectar as crianças à natureza. Leia a matéria do site EXAME aqui.

Para falar a Exame, nos fundamentamos na experiência com o projeto Playoutside – alegria de brincar na natureza, que está comemorando um ano de atividades. O projeto Playoutside busca restabelecer o elo emocional das crianças com a natureza, estimular o brincar ao ar livre, promover valores pró-sociais  e  fortalecer os laços familiares. Acreditamos que esse  é o antídoto para uma infância high-tech e a maneira de despertarmos uma nova geração de cuidadores da natureza.

Conheça mais sobre o Playoutside aqui. Confira na agenda nosso próximo encontro e participe.

Somos a última geração de pais e educadores que conheceu o mundo sem a   influência do forte avanço tecnológico. Somos os grandes responsáveis pelo estabelecimento e incentivo do elo emocional da geração de nativos digitais com o mundo natural.

36 motivos para conectar as crianças à natureza

Playoutside – alegria de brincar na natureza

 

Então vamos,  #playoutside. Comece hoje mesmo a mudar o cenário atual da infância. Vamos nos mobilizar no desafio de tornar a infância de nossas crianças mais verde.

Junte-se a nós. Espalhe esta semente.

 

abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado