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Mês da Primeira Infância – Agosto Verde

Etapa essencial para o desenvolvimento infantil, a primeira infância recebe destaque neste mês com a chegada do Agosto Verde, o Mês da Primeira Infância.

Este é o segundo ano de celebração do Mês da Primeira Infância – Agosto Verde, data que foi oficializada pela lei 14.617, de julho de 2023.

A data visa dar ênfase em ações e políticas que promovam vínculos afetivos, nutrição saudável, importância da imunização, do direito de brincar e de prevenção de acidentes e doenças. Um mês focado na conscientização da sociedade sobre a importância da atenção integral às gestantes, às crianças e suas famílias em todo o território nacional.

A primeira infância, que vai do 0 aos 6 anos de idade, é uma etapa fundamental para o desenvolvimento humano, período em que a criança está muito sensível aos cuidados e estímulos ambientais.

O Brasil tem cerca de 20,6 milhões de crianças nessa faixa etária  segundo dados de 2021 do DataSUS. Os anos iniciais da vida de uma criança são considerados uma janela de oportunidade para o desenvolvimento integral. As experiências e as interações que acontecem nessa fase geram impactos para toda a vida.

Compreender e respeitar as etapas de desenvolvimento infantil e valorizar toda a cultura da infância é fundamental para a formação de indivíduos saudáveis e aptos a atuar na sociedade.

LEIA TAMBÉM: Respeito à Cultura da Infância

Diversas evidências demonstram que investir nos primeiros anos de vida é uma maneira efetiva de combater as desigualdades e romper o ciclo de pobreza que atravessa gerações. Pesquisas revelam que o começo da vida, tem um forte impacto na vida de um indivíduo e que o desenvolvimento saudável de uma criança, levando em conta boa alimentação, cuidados com a saúde física e emocional, competências sociais e capacidades cognitivas, forma a base da prosperidade econômica e justiça social de uma nação.

Um estudo da Nova Zelândia publicado no final de 2016 que avaliou 1037 neozelandeses dos 3 aos 38 anos de idade,  concluiu que os 20% de adultos que tiveram uma infância difícil, com restrições econômicas, descuido e negligência, foram responsáveis por 57% das internações hospitalares, 66% dos pedidos de benefícios sociais e 81% das condenações criminais.

O economista James Heckman, professor emérito na Universidade de Chicago e ganhador do Nobel de Economia no ano 2000, diz que crianças submetidas desde cedo a bons estímulos, aumentam suas chances de ter mais sucesso na vida adulta e que investir na Primeira Infância é o caminho para o país crescer.

O Dr. Heckman afirma que “cada dólar gasto com uma criança pequena trará um retorno anual de mais 14 centavos durante toda a sua vida. É um dos melhores investimentos que se podem fazer — melhor, mais eficiente e seguro do que apostar no mercado de ações americano”.

Confira as principais ideias defendidas pelo Dr. Heckman  numa entrevista concedida à revista Veja:

Por que os estímulos nos primeiros anos de vida são tão decisivos para o sucesso na idade adulta? É uma fase em que o cérebro se desenvolve em velocidade frenética e tem um enorme poder de absorção, como uma esponja maleável. As primeiras impressões e experiências na vida preparam o terreno sobre o qual o conhecimento e as emoções vão se desenvolver mais tarde. Se essa base for frágil, as chances de sucesso cairão; se ela for sólida, vão disparar na mesma proporção. Por isso, defendo estímulos desde muito cedo.

Quão cedo? Pode parecer exagero, mas a ciência já reuniu evidências para sustentar que essa conta começa no negativo, ou seja, com o bebê ainda na barriga. A probabilidade de ele vir a ter uma vida saudável se multiplica quando a mãe é disciplinada no período pré-natal. Até os 5, 6 anos, a criança aprende em ritmo espantoso, e isso será valioso para toda a vida. Infelizmente, é uma fase que costuma ser negligenciada — famílias pobres não recebem orientação básica sobre como enfrentar o desafio de criar um bebê, faltam boas creches e pré-escolas e, sobretudo, o empurrão certo na hora certa.

Qual é o preço dessa negligência? Altíssimo. Países que não investem na primeira infância apresentam índices de criminalidade mais elevados, maiores taxas de gravidez na adolescência e de evasão no ensino médio e níveis menores de produtividade no mercado de trabalho, o que é fatal. Como economista, faço contas o tempo inteiro. Uma delas é especialmente impressionante: cada dólar gasto com uma criança pequena trará um retorno anual de mais 14 centavos durante toda a sua vida. É um dos melhores investimentos que se podem fazer — melhor, mais eficiente e seguro do que apostar no mercado de ações americano.

Se isso é tão claro, por que a primeira infância não está na ordem do dia de quem tem a caneta na mão para decidir? Há ainda uma substancial ignorância sobre o tema. Algumas décadas atrás, a própria ciência patinava no assunto. A ideia que predominava, e até hoje pesa, é que a família deve se encarregar sozinha dos primeiros anos de vida dos filhos. A ênfase das políticas públicas é na fase que vem depois, no ensino fundamental. E assim se perde a chance de preparar a criança para essa nova etapa, justamente quando seu cérebro é mais moldável à novidade.

A classe política também evita olhar para a primeira infância por achar que esse é um investimento menos visível a curto prazo? Os políticos podem, sim, considerar isso, mas estão redondamente enganados. Crianças pequenas respondem rápido aos estímulos de qualidade. Para quem tem o poder de decidir, deixo aqui a provocação: não investir com inteligência nesses primeiros anos de vida é uma decisão bem pouco inteligente do ponto de vista do orçamento público. Basta usar a matemática.

O que mostra a matemática? Vamos pegar o exemplo da segurança pública. Há ao menos dois caminhos para mantê-la em bom patamar. Um deles é contratar policiais, que devem zelar pelo cumprimento da lei. O outro é investir bem cedo nas crianças, para que adquiram habilidades, como um bom poder de julgamento e autocontrole, que as ajudarão a integrar-se à sociedade longe da violência. Pois a opção pela primeira infância custa até um décimo do preço. Recaímos na velha questão: prevenir ou remediar? Como se vê, é muito melhor prevenir.

Que tipo de política pública de primeira infância tem surtido mais efeito? O grande impacto positivo vem de programas que conseguem envolver famílias pobres, creches e pré-­escolas, centros de saúde e outros órgãos que, integrados, canalizam incentivos à criança — não só materiais, evidentemente. O programa americano Perry, da década de 60, é um exemplo clássico de que o investimento em uma boa pré-escola produz ótimos resultados.

Por que esse modelo é bom? Ele envolve ativamente os alunos em projetos de sala de aula, lapidando habilidades sociais e cognitivas, sob a liderança de professores altamente qualificados. A família mantém um estreito elo com a escola. Temos de ter sempre certeza de que a família está a bordo, qualquer que seja a iniciativa.

Não é irrealista esperar tanto de famílias que vivem na pobreza, como no Brasil? Um bom programa de primeira infância consegue ajudar a família inteira, fazendo chegar até ela informações, boas práticas e valores essenciais, como a importância do estudo para a superação da pobreza.


Mês da Primeira Infância – Agosto Verde

Quer ser ativa (o) e contribuir para despertar a consciência sobre a importância do começo da vida? Leia e compartilhe estes 4 artigos, que representam uma síntese sobre esta etapa da vida:

  1. Afeto e Infância na Era da Complexidade
  2. Infância Pede Calma
  3. Respeito à Cultura da Infância
  4. Você conhece a força da sua Infância

A celebração do Mês da Primeira Infância é muito importante, nos convida a espalhar essa mensagem debatendo o tema com a sociedade e mobilizando a classe política. Se você é um profissional da área da educação ou saúde, se você tem filhos pequenos, ou se tem vínculos de afeto com alguma criança, saiba que você pode fazer a diferença na vida das crianças. Reflita, discuta por meio de conversas, trocas de opiniões, acerca da importância da infância com amigos e familiares. Cobre do poder público ações efetivas em prol da saúde da infância.

Não se esqueça que a infância é para a vida toda e que se mudarmos o começo da história de um indivíduo, mudaremos a história toda!

Abraço afetuoso

Ana Lúcia Machado

LADRÕES DA INFÂNCIA , roubamos da criança

Você conhece quais são os ladrões da infância?

O modo como a sociedade contemporânea se organizou, tem roubado da infância atributos e valores preciosos que pouco a pouco estão a esvaziar e enfraquecer a potência da primeira infância.

Hoje vemos entre a população infantil o decréscimo da força muscular pela falta de atividade física; a falta de equilíbrio corporal, pelo predomínio de pisos lisos, cimentados que oferecem pouca oportunidade de instabilidade na movimentação do corpo; a redução da mobilidade pela insegurança e violência urbana; a obesidade infantil, associada a inatividade física e maus hábitos alimentares; a deficiência de vitamina D, pela baixa exposição ao sol por conta do emparedamento das crianças; o aumento de incidência de miopia, pelo uso abusivo das telas; entre outras ocorrências que têm causado prejuízos ao desenvolvimento integral da criança.

A primeira infância, que vai do 0 aos 7 anos de idade, é uma etapa fundamental para o desenvolvimento humano. É o tempo em que formamos nossas raízes para depois criarmos as asas e irmos para o mundo. As experiências, os estímulos e as interações que acontecem nessa fase geram impactos para toda a vida. O que acontece nesta etapa da vida tem reflexos ao longo de toda a trajetória humana.



De acordo com o projeto aprovado, PL 2.034/2021, agosto será agora um mês focado na conscientização da sociedade sobre a importância da primeira infância, à atenção integral às gestantes, às crianças e suas famílias em todo o território nacional, um período de ênfase em ações e políticas que promovam vínculos afetivos, nutrição saudável, importância da imunização, do direito de brincar e de prevenção de acidentes e doenças. (Fonte: Fundação Maria Cecília Souto Vidigal)

Como esse é um dos pilares do meu trabalho aqui no Educando Tudo Muda, que este mês completa sete anos de existência, quero compartilhar um texto para reflexão sobre os Ladrões da Infância para que possamos impulsionar mudanças em prol do resgate da força da infância.

LADRÕES DA INFÂNCIA

Roubamos da infância o tempo da pausa para o divagar da vida – momento potente em que surgem as brincadeiras que vêm da imaginação, que nascem no íntimo, a partir de demandas da individualidade, como expressão da singularidade do ser e que possibilitam o aflorar da criatividade da criança.

Substituímos o tempo da espera, da vivência das etapas do preparo de cada coisa, pela pressa, pelo imediatismo. O fogo não trepida mais entre as panelas nas cozinhas espalhando o cheiro bom dos temperos pela casa no preparo das refeições. Foi trocado por poucos minutos da facilidade do micro-ondas, que leva ao prato a comida aquecida.

Trocamos o pausar da vida, as horas do dolce far niente, pelas aulas extras curriculares, que ocupam todo o tempo da criança. Os estímulos externos criados artificialmente pelos adultos com o intuito de acelerar o desenvolvimento infantil, anulam o que a criança tem de mais precioso que é sua motivação interna, alimentada por sua curiosidade inata.

O TEMPO DA NATUREZA É UM TEMPO DA ESPERA, DA VIVÊNCIA DE PROCESSOS

Roubamos da infância os espaços ao ar livre – a rua, os terrenos baldios da vizinhança, a pracinha, onde a gurizada se encontrava para explorações, descobertas e para viver pequenas travessuras sadias, ou mesmo cair, ralar o joelho, voltar prá casa chorando, e perceber o processo de cicatrização do ferimento nos dias subsequentes.

Roubamos da infância a natureza, como território lúdico e educador, lugar de pisar na terra, subir em árvores, comer fruta do pé, se esconder entre arbustos, crescer livre aprendendo com seus pares e aprendendo a amar a terra.

Roubamos da infância a relação com o mundo vivo que exala aromas, tem diversidade de sabores, sons, texturas, temperaturas e pesos, para propiciar às crianças uma pseudo segurança do entretenimento das telas dos smarthphones, tablets, televisão, etc, que furtam a vida real e oferecem a frieza do mundo virtual.

Deixamo-nos enganar, pois as interações virtuais jamais substituirão o valor do convívio social, a conversa olho no olho, a sensibilidade do toque e o calor do abraço. Esta é a dimensão do real e do humano capaz de acolher e preencher a vida da criança.


O modo mais eficaz de conectar as crianças com a natureza é também conectar-se à natureza. Se as crianças perceberem um verdadeiro entusiasmo nos adultos, vão se apropriar desse interesse.”
Richard Louv*

A RELAÇÃO COM A NATUREZA INTENSIFICA A VIDA

Roubamos da infância a oportunidade de inventar e construir seus próprios brinquedos e brincadeiras com achados do quintal: gravetos, sementes, cascas, e utensílios da casa, para colocar nas mãos das crianças os brinquedos prontos, industrializados, que tornam a criança um ser passivo diante deles.

É preciso entender que os brinquedos prontos eliminam o processo de criação e construção pela criança, produzindo um vazio, uma sensação constante de insatisfação e frustração, levando a criança a querer e pedir sempre mais, na ânsia de se sentir saciada.

Quando oferecemos a oportunidade à criança de criar e construir seus brinquedos, estamos colaborando para o desenvolvimento de competências que serão exigidas na vida adulta, sem saber que a concentração manifestada durante o brincar livre corresponde à mesma que será empregada em atividades profissionais no futuro.

Roubamos da infância a liberdade de escolher com o que brincar, como brincar e com quem. Brinquedos e brincadeiras são partes de uma construção autoral, elaborada por meio de um processo espontâneo e autêntico de cada criança. As crianças tem seus próprios interesses e narrativas pessoais, estão imbuídas de desejos que necessitam de liberdade de criação e expressão. A centralização e super proteção do adulto inibe o fluir natural do brincar.

LEIA TAMBÉM: SABOTADORES DA INFÂNCIA

Precisamos enfrentar esses ladrões da infância. O resgate da potência da infância passa pela revisão de dimensões temporais, espaciais, de saberes ancestrais e fazeres manuais lúdicos e artísticos, e da liberdade. É necessário rever o quando, o onde, o como, e o que oferecemos às crianças para que possamos redirecionar a trajetória rumo à saúde das nossas crianças, garantia de um mundo melhor.

Abraço fraterno

Ana Lúcia Machado

*Richard Louv, autor do livro ‘A última criança na natureza’

O começo da vida 2: Lá Fora – Criança e Natureza

O documentário ‘O começo da vida 2: Lá Fora‘ estreou em novembro e mostra como a conexão com a natureza pode revolucionar o mundo.

No decorrer do processo evolutivo, os seres humanos estiveram imersos na natureza e seus corpos adaptados à ela. A fisiologia humana reconhece a natureza como casa e responde de maneira favorável quando  em contato com ambientes naturais. No entanto, em 2050, estima-se que 66% da população mundial estará concentrada em áreas urbanas. No Brasil este percentual já está na ordem de 84%.

Somos cada vez mais atraídos pelo mundo criado pelo homem  e sofremos as consequências do afastamento  da natureza. As crianças são as mais prejudicadas com o desequilíbrio causado pelo estilo de vida atual. Elas passam 90% do seu tempo em locais fechados – em casa, em frente da televisão, jogando vídeo games, dentro de salas de aula nas escolas, em shoppings, dentro de automóveis ou transporte público.

As doenças relacionadas à vida moderna tornaram-se um problema social à escala global: obesidade, miopia, déficit de atenção, ansiedade e até mesmo depressão e já não perdoam nem mesmo as crianças.

Felizmente, aos poucos a sociedade está despertando para a necessidade de equilibrar esta balança voltando se para o mundo natural, um ambiente que nos é familiar há milhões de anos.

O COMEÇO DA VIDA 2: LÁ FORA

Existe uma mudança em curso – um movimento de retorno à natureza que está se espalhando pelo mundo. Esse movimento ganhou  um reforço muito expressivo –  o filme ‘O Começo da Vida 2: Lá Fora’.

Trata-se de um documentário que aborda as consequências da falta de natureza no cotidiano das crianças e adolescentes e que alerta sobre a urgência de transformarmos as cidades e escolas em espaços mais verdes e amigáveis à infância.

O Começo da Vida 2: Lá Fora pode ser visto na Netflix e nas principais plataformas digitais (iTunes, Google Play, Youtube, Videocamp, Net Now e Vivo Play).

O documentário é a continuação da franquia de “O Começo da Vida”, lançado globalmente em 2016. Este novo capítulo mostra os benefícios do contato com a natureza no desenvolvimento das crianças, por meio da fala de especialistas e pensadores das áreas de meio ambiente e infância como a Dra. Jane Goodall e o jornalista e escritor Richard Louv, autor do livro ‘A última criança na natureza’.

O Começo da Vida (2016) traduz um conceito muito importante de que ‘a criança se desenvolve a partir da sua genética e a partir das suas interações com o meio’. O Começo da Vida 2: Lá Fora se aprofunda numa questão muito importante, vital para nosso futuro, que é a relação com a natureza – que no fundo é a relação consigo mesmo, porque nós somos a natureza”, diz Estela Renner, co-fundadora da Maria Farinha Filmes e produtora.

O projeto teve patrocínio do Instituto Alana e da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, e apoio Institucional do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Fundação Bernard van Leer, Programa Criança e Natureza, Children & Nature Network – C&NN, FEMSA Foundation e United Way.  O lançamento do documentário contou com uma Rede de Impacto formada por mais de 100 instituições e indivíduos conectados com o tema, entre essas organizações, o Educando Tudo Muda.

 

“O Instituto Alana acredita muito na importância do audiovisual, de engajamento, de sensibilização, de gerar reflexão na sociedade. A gente também acredita que o cinema é uma ferramenta muito importante de transformação, porque de fato ele toca as pessoas”, diz Laís Fleury, coordenadora do programa Criança e Natureza do Instituto Alana.

“ESSE FILME QUE ESTÁ MUITO ALINHADO  COM O QUE ACREDITAMOS E COM AS NOSSAS DIRETRIZES DE HONRAR A INFÂNCIA E COLABORAR COM UMA INFÂNCIA RICA EM NATUREZA, BOA E SAUDÁVEL PARA TODAS AS CRIANÇAS.”  Laís Fleury

 

“Um dos grandes desafios que a gente vive hoje, ainda mais na pandemia, é o desafio da solidão. As crianças, os adolescentes, estão muito sozinhos e eles encontram na tela uma companhia que pode ajudar muito, pode fazer sentido, mas pode ser uma companhia vazia e que só agrava mais esse sentimento de não pertencimento”, reflete Estela Renner.

“Criarmos vínculos através de afeto, de cuidado, através do cultivo de uma planta que você e seu filho plantam juntos, por exemplo. Está muito mais dentro de nós do que imaginamos, essa vontade de verde, de conexão. E é através do vínculo que encontramos nossos sentidos, nossa plenitude. Então, parece ser muito pequeno plantar alguma coisa em casa, mas pode ter um mundo ali dentro”. Encerra Estela Renner.

“ENQUANTO NÃO NOS ENXERGARMOS PARTE DO MEIO AMBIENTE E SIM COMO DOMINADORES DA NATUREZA, EU ACHO QUE NOSSO FUTURO NÃO SERÁ MUITO SALUBRE.” Estela Renner

 

LEIA TAMBÉM: Como estimular a conexão com a natureza no dia a dia da criança

Acessibilidade

Mantendo o compromisso de democratização do acesso da produtora e da distribuidora, também é possível assistir ao filme organizando uma exibição pública pelo VIDEOCAMP com recursos de legendas, legendas descritivas – closed caption, audiodescrição e linguagem de sinais em português, inglês, espanhol.

No VIDEOCAMP, o filme conta com recursos de legendas (português, inglês e espanhol), dublagem (português), legendas descritivas – closed caption (português, inglês e espanhol), audiodescrição (português, inglês e espanhol) e linguagem de sinais (LIBRAS – linguagem brasileira de sinais, ISL – international sign language, LSE – lengua de signos española).

 

Assista trailer oficial do filme AQUI

 

Abraço e saúde

Ana Lúcia Machado

 

 

COMO ESTIMULAR A CONEXÃO COM A NATUREZA NO DIA A DIA DA CRIANÇA

Conexão com a natureza –  como podemos estimular a relação da criança com o mundo natural no dia a dia?

Cada vez mais estamos percebendo a importância da conexão com a natureza e neste período de quarentena não podemos distanciar as crianças do convívio com ela. Na natureza encontramos os estímulos mais ricos e completos necessários para o desenvolvimento infantil  integral e saudável.

A natureza além de sábia  é uma grande mestra e tem muito a ensinar para as crianças.   Em conexão com a natureza  as crianças aprendem sobre os princípios que regem a vida na Terra – seus ciclos de nascimento, vida  e morte,  fluxos, processos evolutivos, o que a leva a compreensão  sobre si  mesma , o outro, seu meio  e suas relações.

 

COMO ESTIMULAR A CONEXÃO COM A NATUREZA NO DIA A DIA DA CRIANÇA

Confira algumas sugestões práticas:

1.Chame as crianças para ajudar na cozinha

A conexão com a natureza começa  pela boca, por meio de uma alimentação saudável. Chame as crianças  para ajudar na cozinha. Elas podem lavar e descascar legumes e frutas; amassar e misturar, sentindo o delicioso aroma dos temperos enquanto a comida está no fogo.

A cozinha é lugar de memórias afetivas e  de riqueza de estímulos sensoriais  –  formas e texturas, cores dos alimentos,  aromas e sabores.

Aproveite também para brincar com as cascas de frutas e legumes.  Elas podem virar tintas como a beterraba, a cenoura.   Podem se transformar em animais com alguns cortes estratégicos, como ensina Elffers e Freymann, autores do livro’ Brincando com seus alimentos’. As crianças vão se divertir na cozinha com você. Veja AQUI

 

2.Permita que as crianças mexam com a terra

Cultive plantas em casa e atribua às crianças  a responsabilidade de regá-las. Cultive também ervas aromáticas no beiral da janela para usar na culinária.

 

3.Plante um grão de feijão e até mesmo abacaxi

O famoso grão de feijão no algodão é uma experiência muito gratificante. Observe junto com as crianças o processo de germinação e acompanhe o  crescimento dia a dia. Elas vão se encantar! As crianças são curiosas, são pequenos cientistas que aprendem experienciando.

Se quiser uma experiência mais complexa plante abacaxi em vaso. Conheça o passo a passo AQUI.

 

4.Brinque com as nuvens

Olhe para o céu e observe  a movimentação das nuvens.  Brinque de encontrar  nas nuvens formas de animais e objetos –  um coelho que aos poucos pode virar um regador, que segundos depois pode se transformar num pássaro, num navio, etc. A cada momento uma forma diferente se configura no céu. As crianças são muito criativas e irão surpreender você.

 

5.Silencie e ouça a natureza

Ouça o sopro do vento, o balançar das folhagens, o canto dos pássaros. De olhos fechados, permita que a natureza entre em vocês por meio da escuta atenta.

 

6.Procure por bichinhos de jardim

“Fui criado no mato e aprendi a gostar das coisinhas do chão antes que das coisas celestiais.” Manoel de Barros

 

Assim como o poeta, as crianças adoram observar os bichinhos na terra: formigas, minhocas, taturanas, caramujos, borboletas, aranhas, joaninhas, etc.

 

7. Tome banho de sol

Garanta uns 20 minutinhos de banho de sol todos os dias.  A exposição aos raios solares traz inúmeros benefícios para a saúde. Saiba mais.

 

8.Contemple o pôr do sol

Esta é uma paisagem impactante que a alma guarda para sempre.

 

9.Tome banho de lua

Observar  o céu noturno é muito gostoso.  Acompanhe os ciclos da Lua. Curta com as crianças as noites de Lua cheia. Encante-se com ela.

 

Precisamos estimular  a apreciação e respeito pela natureza e todos os seres vivos, para assim garantir a formação de uma nova geração de guardiões da natureza, e por conseguinte  a preservação da vida, e a sustentabilidade planetária.

Então. vamos conectar as crianças ao mundo natural?

Se você gostou das sugestões, compartilhe com seus amigos e vamos ampliar esta rede de pessoas interessadas na conexão com a natureza.

Abraço caloroso

Ana Lúcia Machado

CRIANÇA E NATUREZA – TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER

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Aqui  falo tudo o que você precisa saber sobre a relação criança e natureza respondendo  9 perguntas recorrentes feitas por mães, pais e educadores.

Ao longo da minha jornada com o Educando Tudo Muda  defendendo o brincar com e na natureza,  seja em contato com os pais nos encontros do Playoutside, seja nos cursos de formação de educadores, ou  nos workshops do livro ‘A Turma da Floresta – uma brincadeira puxa outra’, tenho respondido muitas perguntas a cerca da relação da criança com o mundo natural e os benefícios que isto acarreta ao desenvolvimento infantil.

Reuni as perguntas mais frequentes neste artigo com o intuito de reforçar a importância de construirmos um reservatório de experiências vivas e reais na primeira infância, estimulando a apreciação e respeito pela natureza e todos os seres viventes, de forma a  impregnar o  corpo e alma da criança e garantir além do seu  desenvolvimento saudável,  atitudes pró ambientais na vida adulta.

Na natureza temos um dos estímulos mais ricos e completos que propiciam aprendizados sobre a matriz natural,  e levam a criança a  compreender sobre si mesma, o outro, seu meio e suas relações.

 

CRIANÇA E NATUREZA – TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER

TIRE SUAS DÚVIDAS

9 perguntas sobre a relação criança e natureza

 

criança-e-natureza1.QUAL A IMPORTÂNCIA DE BRINCAR AO AR LIVRE, COM A NATUREZA?

Brincar em contato com a natureza é fundamental para o desenvolvimento integral infantil. A natureza em si potencializa o desenvolvimento nos âmbitos biopsicossocial e espiritual.

Ela é o espaço de pertencimento da criança, de suas raízes com a Terra.  A partir da relação com o mundo natural,  um mundo que exala aromas, floresce, frutifica, emite sons nativos, e tem sabores diversos, por meio do próprio corpo e sentidos, a criança apreende os princípios que regem a vida na Terra – seus ciclos de nascimento e morte,  fluxos, processos dinâmicos, e aprende brincando, na linguagem da infância.

Além disso, essa relação promove o sentimento de ligação  e interdependência entre os seres viventes. Daí  advém a atitude ética do cuidado com o meio ambiente. Pouco podemos esperar de um adulto que não teve contato com a natureza na infância em termos de consciência de preservação ambiental, pois só cuidamos e amamos aquilo que conhecemos, com o qual temos algum vínculo de afeto.

 

2.QUAIS OS BENEFÍCIOS, PARA A SAÚDE FÍSICA E MENTAL DA CRIANÇA, DE BRINCAR NA NATUREZA? 

O afastamento do mundo natural tem gerado  problemas físicos e mentais e para compensar os efeitos negativos dos hábitos urbanos e da invasão tecnológica que tomou conta da vida de todos nós, inclusive das crianças, é preciso  doses frequentes de natureza.

Sob o ponto de vista físico é importante ressaltar que os primeiros anos do ser humano correspondem ao ciclo do movimento. A criança tem atividade motora intensa  e por este motivo necessita de experiências diárias de expansão e atividades corporais livres e espontâneas. Os verbos de ação desta etapa de desenvolvimento são: correr, pular, saltar, rolar, escorregar, girar, subir, descer, escalar,  trepar, etc, e não os verbos assistir, teclar, sentar, escrever e ler.

As crianças precisam de  espaços abertos, amplos, em terrenos irregulares e diversificados  –  de terra, grama, pedrinhas, que possuam elevações e declives, favorecendo assim diferentes estímulos sensoriais. Esses estímulos contribuem para a estruturação do sistema muscular infantil e seu desenvolvimento motor,  gerando destreza corporal e domínio espacial. A musculatura dos pés e pernas são fortalecidas ao deixarmos  a criança andar de pés  descalços, promovendo desenvoltura no andar, correr e saltar.

A relação criança e natureza propicia um gasto maior de energia, o que auxilia na prevenção da obesidade, no alívio de tensões, e na qualidade do sono que está diretamente ligada ao crescimento infantil.

Ao ar livre, em exposição aos raios solares, prevenimos a deficiência de vitamina D, que além de importante para o desenvolvimento dos ossos,  potencializa e regula o sistema imunológico.

Em ambientes naturais, a criança inevitavelmente será levada à alternância de foco – ora fixará o olhar naquilo que está próximo à ela, ora seu olhar estará direcionado para objetos ao longe, permitindo que os olhos sigam uma linha vertical, horizontal e de profundidade, impedindo o encurtamento dos músculos oculares, e consequente miopia.

Ao brincar em contato com a natureza, estamos prevenindo o surgimento de  alergias e fortalecendo o sistema imunológico, uma vez que a criança fica exposta  à uma  série de bactérias e micro-organismos.

A natureza oferece momentos de liberdade e relaxamento. Isto impacta de maneira positiva o estado mental das crianças e reduz sintomas de estresse e ansiedade que hoje tem acometido a infância também.

criança-e-naturezaOutro valioso benefício  é  o amadurecimento psicológico  da criança. Brincando em ambientes naturais a  criança fica exposta à situações imprevisíveis  e desafiadoras. Isto possibilita importantes aprendizados, tais como saber correr riscos e medi-los. Entendendo que riscos  são aqueles cujas consequências são baixas e aceitáveis, em comparação aos ganhos que propiciam às crianças. Tudo isso contribui para o bem-estar mental dos pequenos, promovendo equilíbrio interno, autonomia, e resiliência.

Brincar ao ar livre pressupõe interações presenciais,  convívio social, desenvolvimento de relações humanas, formação de vínculos afetivos, que vão estruturando aos poucos a psique infantil, gerando autoconfiança.

Várias pesquisas relacionam as vivências na natureza com a diminuição dos sintomas de hiperatividade e déficit de atenção, como os trabalhos produzidos pelo Laboratório de Pesquisa de Humanos e Ambiente da Universidade de Illinois que descobriram que espaços ao ar livre estimulam brincadeiras criativas, melhoram a interação positiva com adultos, e melhoram o foco e a concentração das crianças.

 

3.QUAIS AS ATIVIDADES E BRINCADEIRAS QUE PAIS, MÃES E CUIDADORES PODEM PROPOR PARA AS CRIANÇAS BRINCAREM NA NATUREZA E COM A NATUREZA?

A OMS diz que, entre 1 e 4 anos de idade, é preciso se movimentar por pelo menos 3 horas ao dia – engatinhando andando, balançando, pulando, etc. Já entre 3 e 4 anos, das 3 horas de movimento, espera-se que 1 hora deva ser de atividades intensas, que façam transpirar e acelerar a frequência cardio-respiratória, como  a brincadeira de pega-pega, esconde-esconde.

Toda criança é um pequeno cientista. Sendo assim, uma caminhada por um parque ou praça,  propicia um mundo de brincadeiras naturais: observar formigas, lagartas, minhocas, musgos, líquens, diversos seres vivos fascinantes para a essência curiosa e exploratória da criança.

Acompanhar borboletas, subir em árvores, correr entre elas ou se esconder, colher folhas, flores, sementes, pegar pedras. Com esses achados e coletas de materiais orgânicos,  galhos viram espadas ou varinhas de condão nas mãos das crianças. Folhas e flores ora podem ser decoração de um lindo bolo, ora adorno de uma coroa na cabeça. Construir brinquedos e composições artísticas com objetos da natureza, é algo muito divertido para as crianças.

criança-e-naturezaO livro ‘A Turma da Floresta – uma brincadeira puxa outra’  é uma história inspiradora de conexão com a natureza e fala exatamente sobre o encantamento dessas brincadeiras e a mágica dos brinquedos naturais, que sem forma estruturada e função definida, permitem infinitas possibilidades, algo sempre diferente e novo. A história da Turma da Floresta é um exemplo de como a natureza tem o poder de instigar a capacidade imaginativa infantil e permitir às crianças inventar e criar  brinquedos de acordo com o enredo de suas brincadeiras.

LEIA MAIS: O LIVRO

Na contra mão dos brinquedos industrializados que ditam as regras das  brincadeiras, brincar em contato com a natureza dá às crianças  liberdade, possibilita o exercício da imaginação e estimula a criatividade entre elas, tornando-as protagonistas das brincadeiras.

Será pouco provável que na fase adulta uma pessoa se lembre dos brinquedos industrializados que ganhou. Mas sem dúvida, não se esquecerá da pipa colorida rasgando o céu azul,  da força do vento na  linha do carretel em suas mãos e do adulto cuidador ao seu lado ensinando as manobras necessárias para a pipa voar longe.

Quando pensamos em estimular o brincar da criança em contato com a natureza devemos partir do simples, do que está perto, acessível, do pequeno. Lembrar do que brincávamos na nossa infância e propor tais brincadeiras é sempre positivo, essas lembranças são carregadas de afetividade e criam um ambiente de muita energia.

 

4.QUAL FREQUÊNCIA RECOMENDADA PARA QUE AS CRIANÇAS TENHAM ESSE CONTATO?

A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a criança brinque ao ar livre pelo menos meia hora ao dia.

 

5.EXISTE ALGUMA RESTRIÇÃO DE IDADE PARA OS PEQUENOS BRINCAREM NA NATUREZA?

Nenhuma. O que deve existir é o bom senso e os cuidados básicos. Em relação a um bebê, é aconselhável  deitá-lo sobre  uma toalha ou canga, usar um mosqueteiro, proteger do sol, oferecer líquidos para hidratação, etc.

 

6.EXISTE UMA RELAÇÃO ENTRE O CONTATO COM A NATUREZA E A ALIMENTAÇÃO DAS CRIANÇAS?

Uma está diretamente ligada à outra. Crianças que brincam mais tempo na natureza adquirem maior consciência sobre a alimentação. Este é resultado de um estudo de 2008 da Health Education Research.

A relação criança e natureza começa  pela boca, por meio de uma alimentação saudável. Mudar  alguns hábitos familiares pode fazer toda  diferença como preparar as refeições junto com as crianças. Chame-as  para ajudar a  descascar, lavar, misturar, amassar  e sentir o delicioso aroma dos temperos enquanto a comida está no fogo. A cozinha é lugar de encantamento, de memórias afetivas e de riqueza de estímulos sensoriais – as formas e texturas, as cores dos alimentos, os aromas e sabores.

Outra dica é substituir  as idas ao supermercado com as crianças nos fins de semana pelas compras em feiras livres. Ali as crianças aprenderão de forma divertida, com a simpatia dos feirantes, os nomes das frutas e legumes e experimentarão alimentos que em casa recusam dizendo não gostar sem nunca ter provado.

 

7.QUAL A RECOMENDAÇÃO PARA PAIS E MÃES QUE NÃO TEM A OPORTUNIDADE DE CRIAR SEUS FILHOS EM LOCAIS CERCADO POR NATUREZA?

Quem  não tem a oportunidade de morar próximo de lugares ricos em natureza, pode ter o cuidado de cultivar alguns vasos de plantas em casa,  e atribuir a criança a responsabilidade de cuidar, regando, mexendo na terra. Pode cultivar temperos no beiral da janela da cozinha para usar na culinária.

Pode também prestar atenção nos trajetos que faz com a criança até a escola, e procurar onde há verde. Descer um ponto antes da escola e caminhar observando as árvores do caminho. O mesmo se estiver de carro, estacionar um quarteirão antes e caminhar com a criança até a escola atentos à natureza ao redor. E nos fins de semana priorizar passeios em parques, praças, ambientes naturais  mais verdes, amplos.

Estar ao ar livre em contato com a natureza é uma experiência de liberdade. A amplitude do  espaço num parque por exemplo, permite a visão  do céu aberto, das altas copas das árvores. É a oportunidade de sentir-se livre. Tudo isso traz  a vivência de expansão da alma e elevação do espírito.

 

8.COMO ESTIMULAR O CONTATO COM A NATUREZA EM UM MUNDO MEDIADO PELAS TECNOLOGIAS?

Um dos vilões que afetam a saúde da infância nos dias de hoje é o acesso precoce e abusivo dos dispositivos digitais pelas crianças. A  transferência de responsabilidades em relação aos cuidados e atenção que a criança exige tem sido  entregues pelos pais aos meios digitais. Crianças têm recebido cada vez mais a atenção de TVs, jogos, smartphones, tablets, etc.

A Dra. Julieta Jerusalinsky, psicanalista infantil,  alerta sobre os perigos que ameaçam a criança pelo uso de forma inadvertida desses dispositivos, e ressalta a importância da qualidade da experiência interativa presencial nos anos iniciais de vida para a estruturação psíquica da criança.

Entre os perigos citados por ela estão:  a ausência psíquica dos pais – de corpo presente mas ausentes psiquicamente em relação aos filhos;  a linguagem fragmentada, fria e de isolamento produzida por esses aparelhos, que emitem sequências sonoras mas não estabelecem uma conversa com a criança;  e a falta de mediação dos adultos em relação as informações acessadas pelas crianças via internet – informações descontextualizadas, desprovidas das experiências vivenciadas dos adultos, sem a transmissão de valores culturais.

Não se trata de negar os benefícios das inovações tecnológicas  ou  classificá-las  como maléficas, mas de chamar a atenção para as influências  e consequências  desta revolução digital na vida dos pequenos em fase de formação, pois a predominância tecnológica na vida da criança, além do risco de ser viciante e causar dependência,  interfere  no convívio social, na qualidade dos relacionamentos e fortalecimento de vínculos afetivos, reduz  os momentos de lazer da família, e rouba o tempo do brincar, do exercício da imaginação e criatividade da criança .

Aos pais cabe a responsabilidade de estabelecer  limites seguros e coerentes de tempo de uso das telas pelas crianças e de também estimular e propiciar aos filhos momentos de brincadeiras ao ar livre.

 

criança e natureza9.QUAL PAPEL TEM A ESCOLA NA PROMOÇÃO DA RELAÇÃO CRIANÇA E NATUREZA?

A escola como elo entre a família, a cultura e a infância, tem a responsabilidade de ampliar o mundo da criança e oportunizar para ela o que está faltando na sociedade.

As escolas estão sendo desafiadas a romper com o velho modelo de sala de aula entre quatro paredes com carteiras enfileiradas, e despertar para o potencial educador da natureza, reconhecendo outros territórios educativos como ambientes de aprendizagem  e brincar livre.

Hoje as crianças passam a maior parte do dia dentro das instituições educacionais, desta forma é tarefa da escola garantir espaços e atividades que promovam o equilíbrio emocional dos alunos.

Devemos nos conscientizar de que tanto a escola quanto a família desempenham um papel fundamental no  estabelecimento e incentivo da conexão das novas gerações  com a natureza, e este trabalho está ancorado na liberdade do viver natural e lúdico nos primeiros anos de vida da criança.

Então, o que estamos esperando para investir nesta relação tão saudável para a criança?

Se você tem uma pergunta sobre criança e natureza envie para ana@educandotudomuda.com.br Ficarei feliz em responder sua pergunta.

Abraço caloroso

Ana Lúcia Machado

 

 

INVESTIMENTO PARA O PRÓXIMO ANO – PRIORIDADE ABSOLUTA

Onde investir em 2018?

Quer uma super dica de investimento para o próximo ano? Diante de um cenário de tantas incertezas e turbulências, onde investir? O mercado oferece várias alternativas de investimentos: ouro, ações, tesouro direto, bitcoin, etc.

Investimento para o próximo ano

 

Entretanto há um investimento apontado por estudos recentes que mostram que investir nos primeiros anos de vida traz um alto retorno econômico e social. Como um estudo da Nova Zelândia publicado no final de 2016 que avaliou 1037 neozelandeses dos 3 aos 38 anos de idade, e que concluiu que os 20% de adultos que tiveram uma infância difícil, com restrições econômicas, descuido e negligência, foram responsáveis por 57% das internações hospitalares, 66% dos pedidos de benefícios sociais e 81% das condenações criminais.

Pesquisas revelam que o começo da vida, a Primeira Infância, tem um forte impacto na vida de um indivíduo e que o desenvolvimento saudável de uma criança, levando em conta  boa alimentação, cuidados com a saúde física e emocional, competências sociais e capacidades cognitivas, forma a base da prosperidade econômica e justiça social de uma nação.

O economista James Heckman, professor emérito na Universidade de Chicago e ganhador do Nobel de Economia no ano 2000, afirma que crianças submetidas desde cedo a bons estímulos, aumentam suas chances de ter mais sucesso na vida adulta e que investir na Primeira Infância é o caminho para o país crescer.

Entrevistado por Monica Weinberg,  da revista Veja, Dr. Heckman diz 

 

“cada dólar gasto com uma criança pequena trará um retorno anual de mais 14 centavos durante toda a sua vida. É um dos melhores investimentos que se podem fazer — melhor, mais eficiente e seguro do que apostar no mercado de ações americano”.

 

Investir no capital humano é e sempre será o melhor investimento. A quantia gasta em educação e saúde, resultará em economia ao longo da vida, em serviço social e sistema prisional.

SAIBA MAIS mais sobre a importância dos primeiros anos de vida. Baixe gratuitamente o Caderno Globo Primeira Infância AQUI

 

Onde investir em 2018?

Acompanhe os trechos principais da entrevista:

Por que os estímulos nos primeiros anos de vida são tão decisivos para o sucesso na idade adulta? É uma fase em que o cérebro se desenvolve em velocidade frenética e tem um enorme poder de absorção, como uma esponja maleável. As primeiras impressões e experiências na vida preparam o terreno sobre o qual o conhecimento e as emoções vão se desenvolver mais tarde. Se essa base for frágil, as chances de sucesso cairão; se ela for sólida, vão disparar na mesma proporção. Por isso, defendo estímulos desde muito cedo.

Quão cedo? Pode parecer exagero, mas a ciência já reuniu evidências para sustentar que essa conta começa no negativo, ou seja, com o bebê ainda na barriga. A probabilidade de ele vir a ter uma vida saudável se multiplica quando a mãe é disciplinada no período pré-natal. Até os 5, 6 anos, a criança aprende em ritmo espantoso, e isso será valioso para toda a vida. Infelizmente, é uma fase que costuma ser negligenciada — famílias pobres não recebem orientação básica sobre como enfrentar o desafio de criar um bebê, faltam boas creches e pré-escolas e, sobretudo, o empurrão certo na hora certa.

Qual é o preço dessa negligência? Altíssimo. Países que não investem na primeira infância apresentam índices de criminalidade mais elevados, maiores taxas de gravidez na adolescência e de evasão no ensino médio e níveis menores de produtividade no mercado de trabalho, o que é fatal. Como economista, faço contas o tempo inteiro. Uma delas é especialmente impressionante: cada dólar gasto com uma criança pequena trará um retorno anual de mais 14 centavos durante toda a sua vida. É um dos melhores investimentos que se podem fazer — melhor, mais eficiente e seguro do que apostar no mercado de ações americano.

Se isso é tão claro, por que a primeira infância não está na ordem do dia de quem tem a caneta na mão para decidir? Há ainda uma substancial ignorância sobre o tema. Algumas décadas atrás, a própria ciência patinava no assunto. A ideia que predominava, e até hoje pesa, é que a família deve se encarregar sozinha dos primeiros anos de vida dos filhos. A ênfase das políticas públicas é na fase que vem depois, no ensino fundamental. E assim se perde a chance de preparar a criança para essa nova etapa, justamente quando seu cérebro é mais moldável à novidade.

A classe política também evita olhar para a primeira infância por achar que esse é um investimento menos visível a curto prazo? Os políticos podem, sim, considerar isso, mas estão redondamente enganados. Crianças pequenas respondem rápido aos estímulos de qualidade. Para quem tem o poder de decidir, deixo aqui a provocação: não investir com inteligência nesses primeiros anos de vida é uma decisão bem pouco inteligente do ponto de vista do orçamento público. Basta usar a matemática.

 

onde investir em 2018?O que mostra a matemática? Vamos pegar o exemplo da segurança pública. Há ao menos dois caminhos para mantê-la em bom patamar. Um deles é contratar policiais, que devem zelar pelo cumprimento da lei. O outro é investir bem cedo nas crianças, para que adquiram habilidades, como um bom poder de julgamento e autocontrole, que as ajudarão a integrar-se à sociedade longe da violência. Pois a opção pela primeira infância custa até um décimo do preço. Recaímos na velha questão: prevenir ou remediar? Como se vê, é muito melhor prevenir.

Que tipo de política pública de primeira infância tem surtido mais efeito? O grande impacto positivo vem de programas que conseguem envolver famílias pobres, creches e pré-­escolas, centros de saúde e outros órgãos que, integrados, canalizam incentivos à criança — não só materiais, evidentemente. O programa americano Perry, da década de 60, é um exemplo clássico de que o investimento em uma boa pré-escola produz ótimos resultados.

Por que esse modelo é bom? Ele envolve ativamente os alunos em projetos de sala de aula, lapidando habilidades sociais e cognitivas, sob a liderança de professores altamente qualificados. A família mantém um estreito elo com a escola. Temos de ter sempre certeza de que a família está a bordo, qualquer que seja a iniciativa.

Não é irrealista esperar tanto de famílias que vivem na pobreza, como no Brasil?Um bom programa de primeira infância consegue ajudar a família inteira, fazendo chegar até ela informações, boas práticas e valores essenciais, como a importância do estudo para a superação da pobreza.

Acesse a entrevista completa AQUI

Estão todos convocados, governo, organizações, sociedade e famílias, a fazer este investimento no próximo ano!

Feliz ano novo!

Abraço fraterno

Ana Lúcia Machado

O PROCESSO NATURAL DAS COISAS E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

o processo natural das coisas e o desenvolvimento infantil

O desrespeito ao processo natural das coisas sempre refletirá de forma negativa no desenvolvimento infantil. As etapas de desenvolvimento da criança não devem ser aceleradas. Por mais complicada que seja a vida de cada um, as crianças precisam de calma no dia a dia, precisam de atenção e da presença plena dos adultos a interagir com elas.

A  infância é  o período em que se aprende sobre todas as coisas essenciais da vida, é o solo sob o qual cada ser humano constrói sua existência, daí  sua enorme importância. Os primeiros anos de vida devem ser vivenciados com calma e respeito à ordem natural do desenvolvimento biológico infantil,  com a clareza do que realmente tem valor para o começo da vida.

Infelizmente não é assim que as coisas tem acontecido.  A pressa e antecipação  às etapas do desenvolvimento infantil  tem sido a tônica da primeira infância, o que tem causado muitos problemas na vida das crianças, nos âmbitos biopsicossocial.

O desconhecimento por parte dos adultos de referência da criança sobre o que realmente importa neste período da vida, tem descortinado  à elas um mundo extremamente artificial,  desprovido de sua  verdadeira essência, hostil à natureza lúdica deste ser  recém chegado à Terra que precisa sentir confiança e a convicção de que o mundo é bom.

LEIA TAMBÉM:  INFÂNCIA PEDE CALMA. VAMOS DESACELERAR?

Quero propor neste texto uma reflexão sobre a ordem natural das coisas na vida das crianças com o intuito de orientar pais e educadores e prevenir o estresse infantil. Devemos ter como ponto de partida o fortalecimento das relações de afeto no seio familiar para então ampliar o mundo da criança. Partir do simples, do natural, do que está perto, do pequeno, para aos poucos alcançar o maior, o distante, o abstrato.

PROCESSO NATURAL DAS COISAS

O processo natural das coisas - desenvolvimento infantil Você sabia que antes de calçar o bebê, colocar aquele tênis colorido em seus lindos pezinhos,  a criança precisa sentir e conhecer o  mundo pela sola dos pés?

Antes de ouvir Bach, Vivaldi, Mozart, ou quaisquer compositores de música, a criança precisa escutar a voz humana, as canções de ninar entoadas pela mãe, pai, avós. A voz humana propicia calma e confiança à criança.

Antes de ler histórias de belos livros ilustrados, a criança tem necessidade de ouvir os pais contarem suas memórias de infância – como brincavam,  suas travessuras, etc. Além  de contarem  as histórias que ouviam de seus pais antes de irem para a cama quando meninos. Isto traz um sentimento de pertencimento, de raiz.

Antes de falar inglês ou qualquer outro idioma estrangeiro, a criança aprende a falar a língua materna ouvindo a voz doce da mãe e as conversas ao seu redor. A língua materna traz segurança, conforto e também sentimento de pertencimento.

Antes de colocar a criança no judô, capoeira ou balé, role com ela no tapete da sala, girem, escorreguem, corram na grama do parque , na areia da praia, no quintal, em movimentos livres e espontâneos. Dancem – crianças são excelentes dançarinas!

O processo natural das coisas e o desenvolvimento infantil

Antes de levá-la para comer  fora de casa, leve-a para a cozinha  e juntos façam uma refeição caseira, gostosa. Ela poderá te ajudar a descascar, lavar, misturar, amassar e poderá sentir o delicioso aroma dos temperos enquanto a comida está sendo preparada. A cozinha é o lugar de aprendizado da vida social. É um espaço de partilhas e trocas.

Antes de oferecer à criança a imagem pronta das telas, o brinquedo  industrializado, permita que ela imagine, crie, construa suas brincadeiras, desenhe suas histórias. A capacidade imaginativa da criança vai se enfraquecendo aos poucos frente às telas, porque os filmes e desenhos sonham e fantasiam pela criança causando um empreguiçamento na alma infantil.

Antes de dar de presente um brinquedo eletrônico caro, compre umas varetas de bambu e algumas folhas coloridas de papel de seda e faça com ela uma pipa para empinar na rua de casa, ou no parque.

Antes de planejar uma viagem distante, programe pequenos passeios ao ar livre, pelo bairro, para conhecer parques e praças do entorno, apropriando-se dos espaços públicos, estimulando o espírito comunitário e o contato com a natureza.

Antes do movimento preciso e delicado das mãos para pegar no lápis e escrever,  a criança precisa movimentar o corpo inteiro –  pular num pé só, pular corda, amarelinha, virar cambalhota, subir em árvore. E precisa de você ao lado para incentivar, dizer que ela é capaz.

Precisamos entender que as brincadeiras são fundamentais nos processos de aprendizagem e aquisição de habilidades nos primeiros anos de vida. Nessa fase, a criança precisa se movimentar e ter diferentes experiências sensoriais.

O processo natural das coisas e o desenvolvimento infantil

Será pouco provável que na fase adulta uma pessoa se lembre do tablet que ganhou no Dia das Crianças, pois ao longo da vida ela irá adquirir e trocar de aparelho inúmeras vezes. Mas sem dúvida, não se esquecerá da pipa colorida rasgando o céu azul,  da força do vento na  linha do carretel em suas mãos e de você ao seu lado ensinando as manobras necessárias para a pipa voar longe.

 

Exercer a maternidade e paternidade com consciência, dando valor ao que realmente importa, fortalecerá a auto-estima das crianças. Somos os responsáveis por investir num reservatório de experiências ricas, vivas e reais no decorrer do desenvolvimento infantil para formar pessoas bem estruturadas e íntegras.

Para finalizar quero alertar para os perigos da antecipação da vida escolar das crianças. Segundo pesquisadores da Universidade de Harvard, a escolarização precoce tem aumentado o risco de diagnósticos de TDAH, depressão infantil e outras disfunções. Pesquisas recentes “mostraram que crianças americanas que estavam entre as mais jovens de sua série tinham muito mais probabilidade de serem diagnosticadas com TDAH do que as crianças mais velhas.”

Saiba mais: Diagnóstico de TDAH é frequente em crianças adiantadas na escola *

 

Prá que acelerar? Vamos respeitar o processo natural das coisas. A infância é curta demais para querer ter pressa  e desrespeitar o tempo de ser criança, você não acha?

 

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Abraço caloroso

Ana Lúcia Machado

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