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NARRATIVAS PROVOCATIVAS PARA EVITAR O FIM DO MUNDO – HISTÓRIAS QUE TRANSFORMAM

Narrativas provocativas

Narrativas provocativas para evitar o fim do mundo –  histórias que transformam. Selecionei aqui 6 livros para você pensar a respeito da atual condição da humanidade sobre a Terra.

O impacto que nós, seres humanos, causamos neste organismo vivo que é a Terra, deve ser repensado e nossa maneira de ser e estar no mundo precisa ser transformada.

Estamos diante do esgotamento do planeta devido a exploração de seus recursos naturais por meio de demandas cada vez maiores de bens de consumo, excesso de produção de resíduos, poluição do ar, dos rios e mares e envenenamento do solo.

Estima-se que até 2050 a população mundial terá alcançado o patamar de 9,7 bilhões de habitantes (ONU). Isso significa que serão quase 2 bilhões a mais de pessoas consumindo uma variedade de produtos e serviços.

Vivemos uma crise civilizacional generalizada e sem precedentes. O que acontecerá à Terra se continuarmos consumindo e explorando seus recursos? Essa não é  a  pergunta correta.  Devemos sim perguntar o que acontecerá com o ser humano.

A  Terra em sua história passou por grandes cataclismas e sobreviveu. Ela  é poderosa e apesar dos enormes danos causados pelo estilo de vida da humanidade,  encontrará modos de superar  os abusos sofridos. O risco é do ser humano não sobreviver em condições ambientais tão adversas.

A Terra é a nossa única casa e neste exato momento estamos sendo convocados a cuidar dela. Comecemos por habitar de forma ética o nosso próprio corpo, depois a nossa casa com a mudança de hábitos cotidianos por meio do consumo consciente e responsabilidade sobre o ciclo dos materiais. Com certeza cada pequena atitude irá refletir no outro e por conseguinte no meio ambiente. Então vamos lá.

LEIA TAMBÉM: Como proteger nossos filhos do consumismo infantil

NARRATIVAS PROVOCATIVAS PARA EVITAR O FIM DO MUNDO

Estas  6 narrativas provocativas tem o intuito de despertar a consciência, instigar o olhar, e provocar novas ações no mundo. Você acredita no poder das histórias? Já se sentiu provocado por alguma narrativa? Eu acredito. Muitas histórias já provocaram em mim grandes reviravoltas, verdadeiras revoluções. Por isso pare, leia estas histórias, reflita sobre estas narrativas e sinta-se instigado a fazer mudanças no seu modo de vida:

 Narrativas provocativas1.A caverna e o forno

Numa  caverna fria e escura habitavam os homens, até que Prometeu – um semideus, ofereceu o fogo aos habitantes da caverna, advertindo-os para que não deixassem o fogo morrer, pois desconhecia como fazer o fogo.  O homem com sua inteligência  foi além: descobriu a arte de fazer fogo, desafiando os deuses, e ambicioso inventou muitas coisas em nome do progresso, transformando a caverna, sua casa, num lugar quente, poluído e fétido.  A caverna, como uma metáfora do planeta Terra, é apresentada pelo autor como um organismo sem ânus. Todo organismo, para viver, tem de ter meios para colocar para fora de si  seus resíduos tóxicos. Sem esfíncteres que realizem essa função excretória, o organismo morre. O que acontecerá com a Terra se não assumirmos a função de reciclagem dos resíduos que produzimos?

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2.Arca de Ninguém

Esta é uma releitura da história da Arca de Noé que relata de forma bem humorada a dificuldade que Noé teve para convencer os bichos sobre a catástrofe que estava por abater a Terra e assim entrarem na arca.  Só que a água foi subindo, subindo e os animais que até então resistiam entrar na arca juntos defendendo interesses pessoais,  não tiveram outra saída senão esquecerem suas diferenças e entrarem com urgência na arca. Quanto tempo nós, seres humanos, demoraremos a perceber que a água já está na altura dos nossos pescoços?

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3.Lolo Barnabé

O livro conta a história de Lolo e sua família que viviam no tempo das cavernas . Lolo era um sujeito inteligente e criativo. Ele, sua mulher e seu filho, foram inventando coisas para facilitar a vida e conquistar a felicidade. Porém a cada invenção tecnológica, precisavam trabalhar mais para satisfazer novas necessidades.  Até o dia que foram obrigados a repensar aquele modo de vida. Como ser feliz com tantos objetos sem tempo para o convívio familiar e distantes das coisas elementares da vida? Como fazer o caminho de volta aos valores essenciais da existência humana? Essas são algumas das questões que Lolo e sua família nos instigam a  refletir.

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Narrativas provocativas4.O Jardim Curioso

Uma história para refletir sobre a ética do cuidado. O livro conta a história de uma cidade sem nenhum tipo de vegetação – sem árvores e jardins. Liam, um menino curioso, acaba descobrindo uma passagem que dá acesso aos trilhos de uma antiga estação de ferro. Lá, ele faz uma descoberta que desperta sua vocação de jardineiro. Passa então a cuidar deste espaço e a partir disso transforma a realidade cinzenta da cidade. Por suas mãos cuidadosas uma nova cidade começa a renascer. E se cada pessoa fosse um jardineiro a cultivar um canto de sua cidade?

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Narrativas provocativas5.De flor em flor

Este livro-imagem revela o olhar curioso de uma menina em suas andanças pela cidade ao lado de seu pai. Ela caminha de olhos atentos as bonitezas do entorno e faz dos achados do caminhos presentes especiais. Não seria este o olhar que deveríamos cultivar para dar um novo sentido a existência humana sobre a Terra?

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Narrativas provocativas6.A Turma da Floresta uma brincadeira puxa outra

Este livro conta as aventuras de um grupo de crianças que se reúne num parque do bairro para brincar. No decorrer da tarde essa turminha inventa muitas brincadeiras com o que a própria natureza lhe oferece.

João é a primeira criança a chegar no parque e enquanto espera a Turma da Floresta, caminha pela mata até tropeçar num graveto. O menino apanha o graveto do chão e assim tem início uma tarde cheia de brincadeiras divertidas.

A história da Turma da Floresta propõe a reflexão de  questões relativas à infância na contemporaneidade. Questiona a condição de confinamento das crianças e  vislumbra um tempo de liberdade e de reconexão das crianças com o mundo vivo para a formação de uma nova geração de guardiões da natureza.

SAIBA MAIS

Bem, aí estão as 6 narrativas provocativas para evitar o fim do mundo. Qualquer semelhança com essas histórias não é mera coincidência, é a mais pura realidade do que estamos enfrentando. Que essas histórias ajudem a promover as mudanças que precisamos ver no mundo.

Há braços fortes

Ana Lúcia Machado

PEQUENO TRATADO SOBRE A IMPORTÂNCIA DAS PALAVRAS – fique atento ao poder das palavras

Importância das palavras – este pequeno tratado é uma reflexão importante para este momento de convívio familiar intenso. A comunicação não violenta deve ser uma prática constante  para a saúde dos relacionamentos.

PEQUENO TRATADO SOBRE A IMPORTÂNCIA DAS PALAVRAS

Palavra criadora

Acredite no extraordinário poder das palavras

Palavras fluem,  jorram do interior

 

Quando bem ditas

São bálsamo para a alma

Trazem vigor, renovação, esperança

 

Palavras penetram, transformam, curam

Como sementes se espalham pelo chão e florescem

Como espada afiada, ferem

 

importância das palavrasAs palavras  mal ditas

São como vômito azedo a golfar da boca dos homens

Gerando destruição

 

Palavras são poderosas

Produzem vida, mas também  morte

Podem edificar, criar pontes de amor

Ou erguer muros de Berlim

 

Palavras abraçam, acolhem, aquecem

Distanciam, repelem, congelam

 

Dá- nos palavras profundas

Para que a alma saboreie suas pausas

E alcance grandezas!

 

21 FRASES QUE NÃO DEVEMOS DIZER PARA AS CRIANÇAS

pequeno tratado sobre a importância das palavras

  1.  Não chora que passa.
  2. Não chora, não doeu nada.
  3. Anda logo.
  4. Não é nada.
  5. Deixa de inventar moda menino!
  6. Prá que tanta pergunta menina?
  7. Se você fizer isto…
  8.  Se você não obedecer…
  9. Assim você vai cair…você vai escorregar, tropeçar…eu te disse!
  10. Não é assim que se faz.
  11. Eu já falei, eu já expliquei, você não aprende.
  12.  Eu não disse? Bem feito!
  13. Está chorando por isto?
  14. Você não vai conseguir fazer sozinho.
  15. Pára quieta um pouco menina!
  16. Olha o que você aprontou!
  17. Sem choro, não quero ouvir mais nem um piu!
  18. Deixa de ser curioso menino!
  19. Isso não é da sua conta menina!
  20. Porque sim.
  21. Porque não.

Fique atento ao poder das palavras. Essas são frases que negam os sentimentos da criança, que não respeitam o que ela é – um ser curioso, que aprende pela experiência, que se desenvolve pelo movimento, que vive a imaginar, a criar mundos fantásticos e que está conhecendo o mundo.

pequeno tratado sobre a importância das palavrasAmeaças e chantagens não são saudáveis. Podem parecer  meios de controlar a criança, mas são, na verdade, maneiras de domar o  comportamento infantil, e domar não é educar.

Educar requer afeto, escuta atenta e paciência. Educar exige empatia. Se a criança estiver chorando, pergunte o motivo do choro e ajude-a  a manter a calma, ensinando assim a lidar com suas emoções.

 

 

LEIA TAMBÉM: O QUE FAZER COM AS CRIANÇAS EM CASA NA QUARENTENA

O que devemos desenvolver para exercer a parentalidade consciente?

Converse com a criança. Não diga apenas não, ou porque sim. Os porquês são importantes para a construção de uma relação afetuosa entre pais e filhos.

pequeno tratado sobre a importância das palavrasLembre-se, seu filho imitará seu jeito de viver. A criança imita o que vê ao seu redor. Ela capta o que percebe do espaço físico, as ações das pessoas com quem convive e até mesmo seus sentimentos.  Tudo o que fazemos, sentimos e falamos é assimilado pela criança e copiado por ela. Se gritamos, se falamos palavrões, se perdemos a paciência, ficará difícil exigir que a criança faça diferente.

Por isso é tão importante refletirmos sobre nossos atos, sentimentos, e a importância das palavras no dia a dia. Nossas atitudes são aprendidas pelos filhos e são como espelho. O princípio da educação da criança deve ser o autoconhecimento e a autoeducação do adulto.

Este período de quarentena devido a COVID-19, expôs toda a fragilidade das relações humanas e a vulnerabilidade da infância no seio familiar. Em casa, juntos, 24 horas convivendo, os nervos parecem estar a flor da pele e a agressividade exacerbada.

As crianças, isoladas em ambientes hostis, estão ameaçadas no espaço que deveria ser acolhimento e proteção. O que podemos fazer? É hora de escutar a criança.

Janusz Korczak, pediatra e educador (1878-1942), profundo conhecedor da alma da criança, advertia aos que se declaravam cansados do convívio com crianças dizendo:

– Vocês dizem ainda: “Cansa-nos porque precisamos descer ao seu nível de compreensão”. Descer. Rebaixar-se, inclinar-se, ficar curvado. Estão equivocados. Não é isso o que nos cansa, e sim o fato de termos de elevar-nos até alcançar o nível de sentimentos das crianças. Elevar-nos, subir, ficar nas pontas dos pés, estender a mão. Para não machucá-las”.

Vamos refletir sobre o significado e a importância das palavras, sobre a entonação e o volume da nossa voz, e como tudo isso chega as crianças? Que tal experimentar criar um ambiente de mais leveza e harmonia em que a criança possa ser escutada, respeitada e aceita?

Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado

CUIDADO COM O TEMPO GASTO EM FRENTE AS TELAS – CRIANÇAS NA QUARENTENA

O tempo gasto em frente as telas aumentou no mundo inteiro desde as medidas de isolamento social. Todos nós estamos sendo sugados pelos dispositivos digitais – adultos, adolescentes e até mesmo as crianças.

Com a suspensão das aulas presenciais devido à pandemia, milhões de crianças estão vivendo cotidianamente num mundo muito mais digitalizado em frente as telas dos computadores,  smartphones, tablets e também televisores.  Os dispositivos digitais transformaram-se em ferramentas para a educação à distância, meio de socialização com familiares e amigos, e entretenimento.

em frente as telas

As telas invadiram de vez a vida dos pequenos. Entretanto a  exposição excessiva aos aparelhos tecnológicos pelas crianças deve  ser evitada, como recomendam os especialistas.

Como  lidar com os desafios do mundo ainda mais digital? Quais os efeitos  do excesso tecnológico para a saúde física e psíquica das crianças? Quais as influências que essas tecnologias exercem no comportamento infantil durante a fase de formação e desenvolvimento? Há muito mais perguntas do que respostas neste momento, mas existem alguns norteadores para nos auxiliar nesta travessia.

O que precisamos refletir para proteger as crianças?

A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria é que crianças de até dois anos de idade não sejam expostas a telas e que as de até cinco tenham contato por menos de uma hora por dia. Por quê essa orientação?

A Dra. Julieta Jerusalinsky, psicanalista em primeira infância e desenvolvimento infantil, autora do livro ‘Intoxicações eletrônicas o sujeito na era das relações‘, atribui aos três primeiros anos de vida da criança o sentido de  um “tempo primordial da constituição psíquica, fase que está em jogo a constituição de si, a apropriação do próprio corpo e a relação consigo mesmo, além do estabelecimento das relações com o outro”.  Assim  entende-se que para tornar-se humano, a criança depende do ambiente em que vive, dos estímulos que recebe e da interação e convívio com outros seres humanos.

Questionada sobre como criar filhos neste mundo de telas, a Dra. Jerusalinsky responde  que  “a infância é um tempo da vida crucial para a formação, mas ela termina. Por isso precisamos pensar em como arrumar tempo e lugar para transmitir à criança aquilo que achamos que é decisivo para que ela se torne o adulto de amanhã. Dá muito trabalho, é verdade. Mas ao conviver com uma criança acabamos inventando brincadeiras e evocando passagens da nossa própria infância que, se não fosse pela criança, cairiam no esquecimento. Assim elas acabam por nos fazer um favor aos nos tirar do automatismo da vida adulta e nos convidar a construir uma brincadeira entre gerações. Costuma ser surpreendente o que pode acontecer quando desligamos as telas e abrimos lugar para o convívio”

Em tempo de quarentena, como manter um equilíbrio saudável entre a vida online e offline?

Pais não precisam virar professores e nem entreter as crianças o tempo todo, mas precisam organizar uma rotina familiar, fazer combinados com as crianças e adolescentes, impor limites de horas de uso das telas, permitir o ócio, incentivar outras atividades e atuar como mediadores entre a vida real e virtual.

 

O QUE FAZER COM AS CRIANÇAS EM CASA?

Organize o dia estabelecendo uma alternância entre períodos de expansão e contração, movimento e concentração, atividade e descanso. Essa oscilação pendular promoverá equilíbrio ao ambiente e harmonia nas relações familiares. Não se cobre demasiadamente tentando dar conta de tudo. Aprenda a observar as crianças. Elas dão muitas pistas de como agir com mais leveza e assertividade.

Lembre-se: crianças aprendem constantemente. Mesmo longe da escola elas não param de apreender o mundo e aprender.

COMO ESTIMULAR A CONEXÃO DA CRIANÇA COM A NATUREZA NO DIA A DIA

Este é um momento de fazer juntos,  compartilhar de forma lúdica as atividades do dia a dia: preparar as refeições, lavar a louça, arrumar a cama, regar as plantar, dar comida para os animais domésticos, etc. Tudo é aprendizagem, talvez até muito mais significativa e também capaz de trabalhar a autoestima da criança.

No caso das crianças menores, da Educação Infantil, sabemos que a aula online é muito mais desafiadora. Alguns especialistas recomendam manter as lembranças da escola de forma “analógica” – recordando histórias, brincadeiras, canções aprendidas na escola, e revendo o portfólio das crianças do ano anterior.

Outras ideias cabem também aqui, tais como: troca de correspondências entre as famílias, troca de livros com desenhos feitos pelas crianças sobre a história, troca de brinquedos, e a confecção de um álbum de fotos dos amiguinhos da sala.

Considerações e cuidados importantes:

  1. Se as crianças já estão em frente às telas para as aulas online, o que elas podem fazer  offline no seu tempo livre?
  2. Se os dispositivos digitais tornaram-se meios de educação, socialização e entretenimento, quais os limites para a exposição das crianças as telas?
  3. Conheça o conteúdo que as crianças estão acessando. Por trás dos Youtubers e Influencers que as crianças e adolescentes estão seguindo existe um forte apelo mercadológico e consumista.
  4. Cuidado com o efeito viciante dos vídeos games e séries.
  5. Incentive outras atividades que possam ser prazerosas, em que as crianças possam expressar sua subjetividade em relação ao que estão vivendo: desenho, colagem, trabalhos manuais, jardinagem, fotografia, música, etc,
  6. Desconectem-se  dos dispositivos digitais pelo menos 2 horas antes de ir para cama para preservar a qualidade do sono. Algumas pesquisas indicam que a luz emitida por tablets e celulares tiram o sono e podem fazer mal à saúde.
  7. Preserve o convívio familiar salutar longe das telas, com refeições feitas juntos, um jogo em família à noite e contação de histórias para os pequenos.

Não se esqueça, dada a frieza dos interações virtuais, o convívio familiar é a dimensão do real e do humano capaz de acolher e preencher a vida da criança.

 

Abraço caloroso e saúde

Ana Lúcia Machado

COMO ESTIMULAR A CONEXÃO COM A NATUREZA NO DIA A DIA DA CRIANÇA

Conexão com a natureza –  como podemos estimular a relação da criança com o mundo natural no dia a dia?

Cada vez mais estamos percebendo a importância da conexão com a natureza e neste período de quarentena não podemos distanciar as crianças do convívio com ela. Na natureza encontramos os estímulos mais ricos e completos necessários para o desenvolvimento infantil  integral e saudável.

A natureza além de sábia  é uma grande mestra e tem muito a ensinar para as crianças.   Em conexão com a natureza  as crianças aprendem sobre os princípios que regem a vida na Terra – seus ciclos de nascimento, vida  e morte,  fluxos, processos evolutivos, o que a leva a compreensão  sobre si  mesma , o outro, seu meio  e suas relações.

 

COMO ESTIMULAR A CONEXÃO COM A NATUREZA NO DIA A DIA DA CRIANÇA

Confira algumas sugestões práticas:

1.Chame as crianças para ajudar na cozinha

A conexão com a natureza começa  pela boca, por meio de uma alimentação saudável. Chame as crianças  para ajudar na cozinha. Elas podem lavar e descascar legumes e frutas; amassar e misturar, sentindo o delicioso aroma dos temperos enquanto a comida está no fogo.

A cozinha é lugar de memórias afetivas e  de riqueza de estímulos sensoriais  –  formas e texturas, cores dos alimentos,  aromas e sabores.

Aproveite também para brincar com as cascas de frutas e legumes.  Elas podem virar tintas como a beterraba, a cenoura.   Podem se transformar em animais com alguns cortes estratégicos, como ensina Elffers e Freymann, autores do livro’ Brincando com seus alimentos’. As crianças vão se divertir na cozinha com você. Veja AQUI

 

2.Permita que as crianças mexam com a terra

Cultive plantas em casa e atribua às crianças  a responsabilidade de regá-las. Cultive também ervas aromáticas no beiral da janela para usar na culinária.

 

3.Plante um grão de feijão e até mesmo abacaxi

O famoso grão de feijão no algodão é uma experiência muito gratificante. Observe junto com as crianças o processo de germinação e acompanhe o  crescimento dia a dia. Elas vão se encantar! As crianças são curiosas, são pequenos cientistas que aprendem experienciando.

Se quiser uma experiência mais complexa plante abacaxi em vaso. Conheça o passo a passo AQUI.

 

4.Brinque com as nuvens

Olhe para o céu e observe  a movimentação das nuvens.  Brinque de encontrar  nas nuvens formas de animais e objetos –  um coelho que aos poucos pode virar um regador, que segundos depois pode se transformar num pássaro, num navio, etc. A cada momento uma forma diferente se configura no céu. As crianças são muito criativas e irão surpreender você.

 

5.Silencie e ouça a natureza

Ouça o sopro do vento, o balançar das folhagens, o canto dos pássaros. De olhos fechados, permita que a natureza entre em vocês por meio da escuta atenta.

 

6.Procure por bichinhos de jardim

“Fui criado no mato e aprendi a gostar das coisinhas do chão antes que das coisas celestiais.” Manoel de Barros

 

Assim como o poeta, as crianças adoram observar os bichinhos na terra: formigas, minhocas, taturanas, caramujos, borboletas, aranhas, joaninhas, etc.

 

7. Tome banho de sol

Garanta uns 20 minutinhos de banho de sol todos os dias.  A exposição aos raios solares traz inúmeros benefícios para a saúde. Saiba mais.

 

8.Contemple o pôr do sol

Esta é uma paisagem impactante que a alma guarda para sempre.

 

9.Tome banho de lua

Observar  o céu noturno é muito gostoso.  Acompanhe os ciclos da Lua. Curta com as crianças as noites de Lua cheia. Encante-se com ela.

 

Precisamos estimular  a apreciação e respeito pela natureza e todos os seres vivos, para assim garantir a formação de uma nova geração de guardiões da natureza, e por conseguinte  a preservação da vida, e a sustentabilidade planetária.

Então. vamos conectar as crianças ao mundo natural?

Se você gostou das sugestões, compartilhe com seus amigos e vamos ampliar esta rede de pessoas interessadas na conexão com a natureza.

Abraço caloroso

Ana Lúcia Machado

CRIANÇA E NATUREZA – TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER

criança-e-natureza

Aqui  falo tudo o que você precisa saber sobre a relação criança e natureza respondendo  9 perguntas recorrentes feitas por mães, pais e educadores.

Ao longo da minha jornada com o Educando Tudo Muda  defendendo o brincar com e na natureza,  seja em contato com os pais nos encontros do Playoutside, seja nos cursos de formação de educadores, ou  nos workshops do livro ‘A Turma da Floresta – uma brincadeira puxa outra’, tenho respondido muitas perguntas a cerca da relação da criança com o mundo natural e os benefícios que isto acarreta ao desenvolvimento infantil.

Reuni as perguntas mais frequentes neste artigo com o intuito de reforçar a importância de construirmos um reservatório de experiências vivas e reais na primeira infância, estimulando a apreciação e respeito pela natureza e todos os seres viventes, de forma a  impregnar o  corpo e alma da criança e garantir além do seu  desenvolvimento saudável,  atitudes pró ambientais na vida adulta.

Na natureza temos um dos estímulos mais ricos e completos que propiciam aprendizados sobre a matriz natural,  e levam a criança a  compreender sobre si mesma, o outro, seu meio e suas relações.

 

CRIANÇA E NATUREZA – TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER

TIRE SUAS DÚVIDAS

9 perguntas sobre a relação criança e natureza

 

criança-e-natureza1.QUAL A IMPORTÂNCIA DE BRINCAR AO AR LIVRE, COM A NATUREZA?

Brincar em contato com a natureza é fundamental para o desenvolvimento integral infantil. A natureza em si potencializa o desenvolvimento nos âmbitos biopsicossocial e espiritual.

Ela é o espaço de pertencimento da criança, de suas raízes com a Terra.  A partir da relação com o mundo natural,  um mundo que exala aromas, floresce, frutifica, emite sons nativos, e tem sabores diversos, por meio do próprio corpo e sentidos, a criança apreende os princípios que regem a vida na Terra – seus ciclos de nascimento e morte,  fluxos, processos dinâmicos, e aprende brincando, na linguagem da infância.

Além disso, essa relação promove o sentimento de ligação  e interdependência entre os seres viventes. Daí  advém a atitude ética do cuidado com o meio ambiente. Pouco podemos esperar de um adulto que não teve contato com a natureza na infância em termos de consciência de preservação ambiental, pois só cuidamos e amamos aquilo que conhecemos, com o qual temos algum vínculo de afeto.

 

2.QUAIS OS BENEFÍCIOS, PARA A SAÚDE FÍSICA E MENTAL DA CRIANÇA, DE BRINCAR NA NATUREZA? 

O afastamento do mundo natural tem gerado  problemas físicos e mentais e para compensar os efeitos negativos dos hábitos urbanos e da invasão tecnológica que tomou conta da vida de todos nós, inclusive das crianças, é preciso  doses frequentes de natureza.

Sob o ponto de vista físico é importante ressaltar que os primeiros anos do ser humano correspondem ao ciclo do movimento. A criança tem atividade motora intensa  e por este motivo necessita de experiências diárias de expansão e atividades corporais livres e espontâneas. Os verbos de ação desta etapa de desenvolvimento são: correr, pular, saltar, rolar, escorregar, girar, subir, descer, escalar,  trepar, etc, e não os verbos assistir, teclar, sentar, escrever e ler.

As crianças precisam de  espaços abertos, amplos, em terrenos irregulares e diversificados  –  de terra, grama, pedrinhas, que possuam elevações e declives, favorecendo assim diferentes estímulos sensoriais. Esses estímulos contribuem para a estruturação do sistema muscular infantil e seu desenvolvimento motor,  gerando destreza corporal e domínio espacial. A musculatura dos pés e pernas são fortalecidas ao deixarmos  a criança andar de pés  descalços, promovendo desenvoltura no andar, correr e saltar.

A relação criança e natureza propicia um gasto maior de energia, o que auxilia na prevenção da obesidade, no alívio de tensões, e na qualidade do sono que está diretamente ligada ao crescimento infantil.

Ao ar livre, em exposição aos raios solares, prevenimos a deficiência de vitamina D, que além de importante para o desenvolvimento dos ossos,  potencializa e regula o sistema imunológico.

Em ambientes naturais, a criança inevitavelmente será levada à alternância de foco – ora fixará o olhar naquilo que está próximo à ela, ora seu olhar estará direcionado para objetos ao longe, permitindo que os olhos sigam uma linha vertical, horizontal e de profundidade, impedindo o encurtamento dos músculos oculares, e consequente miopia.

Ao brincar em contato com a natureza, estamos prevenindo o surgimento de  alergias e fortalecendo o sistema imunológico, uma vez que a criança fica exposta  à uma  série de bactérias e micro-organismos.

A natureza oferece momentos de liberdade e relaxamento. Isto impacta de maneira positiva o estado mental das crianças e reduz sintomas de estresse e ansiedade que hoje tem acometido a infância também.

criança-e-naturezaOutro valioso benefício  é  o amadurecimento psicológico  da criança. Brincando em ambientes naturais a  criança fica exposta à situações imprevisíveis  e desafiadoras. Isto possibilita importantes aprendizados, tais como saber correr riscos e medi-los. Entendendo que riscos  são aqueles cujas consequências são baixas e aceitáveis, em comparação aos ganhos que propiciam às crianças. Tudo isso contribui para o bem-estar mental dos pequenos, promovendo equilíbrio interno, autonomia, e resiliência.

Brincar ao ar livre pressupõe interações presenciais,  convívio social, desenvolvimento de relações humanas, formação de vínculos afetivos, que vão estruturando aos poucos a psique infantil, gerando autoconfiança.

Várias pesquisas relacionam as vivências na natureza com a diminuição dos sintomas de hiperatividade e déficit de atenção, como os trabalhos produzidos pelo Laboratório de Pesquisa de Humanos e Ambiente da Universidade de Illinois que descobriram que espaços ao ar livre estimulam brincadeiras criativas, melhoram a interação positiva com adultos, e melhoram o foco e a concentração das crianças.

 

3.QUAIS AS ATIVIDADES E BRINCADEIRAS QUE PAIS, MÃES E CUIDADORES PODEM PROPOR PARA AS CRIANÇAS BRINCAREM NA NATUREZA E COM A NATUREZA?

A OMS diz que, entre 1 e 4 anos de idade, é preciso se movimentar por pelo menos 3 horas ao dia – engatinhando andando, balançando, pulando, etc. Já entre 3 e 4 anos, das 3 horas de movimento, espera-se que 1 hora deva ser de atividades intensas, que façam transpirar e acelerar a frequência cardio-respiratória, como  a brincadeira de pega-pega, esconde-esconde.

Toda criança é um pequeno cientista. Sendo assim, uma caminhada por um parque ou praça,  propicia um mundo de brincadeiras naturais: observar formigas, lagartas, minhocas, musgos, líquens, diversos seres vivos fascinantes para a essência curiosa e exploratória da criança.

Acompanhar borboletas, subir em árvores, correr entre elas ou se esconder, colher folhas, flores, sementes, pegar pedras. Com esses achados e coletas de materiais orgânicos,  galhos viram espadas ou varinhas de condão nas mãos das crianças. Folhas e flores ora podem ser decoração de um lindo bolo, ora adorno de uma coroa na cabeça. Construir brinquedos e composições artísticas com objetos da natureza, é algo muito divertido para as crianças.

criança-e-naturezaO livro ‘A Turma da Floresta – uma brincadeira puxa outra’  é uma história inspiradora de conexão com a natureza e fala exatamente sobre o encantamento dessas brincadeiras e a mágica dos brinquedos naturais, que sem forma estruturada e função definida, permitem infinitas possibilidades, algo sempre diferente e novo. A história da Turma da Floresta é um exemplo de como a natureza tem o poder de instigar a capacidade imaginativa infantil e permitir às crianças inventar e criar  brinquedos de acordo com o enredo de suas brincadeiras.

LEIA MAIS: O LIVRO

Na contra mão dos brinquedos industrializados que ditam as regras das  brincadeiras, brincar em contato com a natureza dá às crianças  liberdade, possibilita o exercício da imaginação e estimula a criatividade entre elas, tornando-as protagonistas das brincadeiras.

Será pouco provável que na fase adulta uma pessoa se lembre dos brinquedos industrializados que ganhou. Mas sem dúvida, não se esquecerá da pipa colorida rasgando o céu azul,  da força do vento na  linha do carretel em suas mãos e do adulto cuidador ao seu lado ensinando as manobras necessárias para a pipa voar longe.

Quando pensamos em estimular o brincar da criança em contato com a natureza devemos partir do simples, do que está perto, acessível, do pequeno. Lembrar do que brincávamos na nossa infância e propor tais brincadeiras é sempre positivo, essas lembranças são carregadas de afetividade e criam um ambiente de muita energia.

 

4.QUAL FREQUÊNCIA RECOMENDADA PARA QUE AS CRIANÇAS TENHAM ESSE CONTATO?

A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a criança brinque ao ar livre pelo menos meia hora ao dia.

 

5.EXISTE ALGUMA RESTRIÇÃO DE IDADE PARA OS PEQUENOS BRINCAREM NA NATUREZA?

Nenhuma. O que deve existir é o bom senso e os cuidados básicos. Em relação a um bebê, é aconselhável  deitá-lo sobre  uma toalha ou canga, usar um mosqueteiro, proteger do sol, oferecer líquidos para hidratação, etc.

 

6.EXISTE UMA RELAÇÃO ENTRE O CONTATO COM A NATUREZA E A ALIMENTAÇÃO DAS CRIANÇAS?

Uma está diretamente ligada à outra. Crianças que brincam mais tempo na natureza adquirem maior consciência sobre a alimentação. Este é resultado de um estudo de 2008 da Health Education Research.

A relação criança e natureza começa  pela boca, por meio de uma alimentação saudável. Mudar  alguns hábitos familiares pode fazer toda  diferença como preparar as refeições junto com as crianças. Chame-as  para ajudar a  descascar, lavar, misturar, amassar  e sentir o delicioso aroma dos temperos enquanto a comida está no fogo. A cozinha é lugar de encantamento, de memórias afetivas e de riqueza de estímulos sensoriais – as formas e texturas, as cores dos alimentos, os aromas e sabores.

Outra dica é substituir  as idas ao supermercado com as crianças nos fins de semana pelas compras em feiras livres. Ali as crianças aprenderão de forma divertida, com a simpatia dos feirantes, os nomes das frutas e legumes e experimentarão alimentos que em casa recusam dizendo não gostar sem nunca ter provado.

 

7.QUAL A RECOMENDAÇÃO PARA PAIS E MÃES QUE NÃO TEM A OPORTUNIDADE DE CRIAR SEUS FILHOS EM LOCAIS CERCADO POR NATUREZA?

Quem  não tem a oportunidade de morar próximo de lugares ricos em natureza, pode ter o cuidado de cultivar alguns vasos de plantas em casa,  e atribuir a criança a responsabilidade de cuidar, regando, mexendo na terra. Pode cultivar temperos no beiral da janela da cozinha para usar na culinária.

Pode também prestar atenção nos trajetos que faz com a criança até a escola, e procurar onde há verde. Descer um ponto antes da escola e caminhar observando as árvores do caminho. O mesmo se estiver de carro, estacionar um quarteirão antes e caminhar com a criança até a escola atentos à natureza ao redor. E nos fins de semana priorizar passeios em parques, praças, ambientes naturais  mais verdes, amplos.

Estar ao ar livre em contato com a natureza é uma experiência de liberdade. A amplitude do  espaço num parque por exemplo, permite a visão  do céu aberto, das altas copas das árvores. É a oportunidade de sentir-se livre. Tudo isso traz  a vivência de expansão da alma e elevação do espírito.

 

8.COMO ESTIMULAR O CONTATO COM A NATUREZA EM UM MUNDO MEDIADO PELAS TECNOLOGIAS?

Um dos vilões que afetam a saúde da infância nos dias de hoje é o acesso precoce e abusivo dos dispositivos digitais pelas crianças. A  transferência de responsabilidades em relação aos cuidados e atenção que a criança exige tem sido  entregues pelos pais aos meios digitais. Crianças têm recebido cada vez mais a atenção de TVs, jogos, smartphones, tablets, etc.

A Dra. Julieta Jerusalinsky, psicanalista infantil,  alerta sobre os perigos que ameaçam a criança pelo uso de forma inadvertida desses dispositivos, e ressalta a importância da qualidade da experiência interativa presencial nos anos iniciais de vida para a estruturação psíquica da criança.

Entre os perigos citados por ela estão:  a ausência psíquica dos pais – de corpo presente mas ausentes psiquicamente em relação aos filhos;  a linguagem fragmentada, fria e de isolamento produzida por esses aparelhos, que emitem sequências sonoras mas não estabelecem uma conversa com a criança;  e a falta de mediação dos adultos em relação as informações acessadas pelas crianças via internet – informações descontextualizadas, desprovidas das experiências vivenciadas dos adultos, sem a transmissão de valores culturais.

Não se trata de negar os benefícios das inovações tecnológicas  ou  classificá-las  como maléficas, mas de chamar a atenção para as influências  e consequências  desta revolução digital na vida dos pequenos em fase de formação, pois a predominância tecnológica na vida da criança, além do risco de ser viciante e causar dependência,  interfere  no convívio social, na qualidade dos relacionamentos e fortalecimento de vínculos afetivos, reduz  os momentos de lazer da família, e rouba o tempo do brincar, do exercício da imaginação e criatividade da criança .

Aos pais cabe a responsabilidade de estabelecer  limites seguros e coerentes de tempo de uso das telas pelas crianças e de também estimular e propiciar aos filhos momentos de brincadeiras ao ar livre.

 

criança e natureza9.QUAL PAPEL TEM A ESCOLA NA PROMOÇÃO DA RELAÇÃO CRIANÇA E NATUREZA?

A escola como elo entre a família, a cultura e a infância, tem a responsabilidade de ampliar o mundo da criança e oportunizar para ela o que está faltando na sociedade.

As escolas estão sendo desafiadas a romper com o velho modelo de sala de aula entre quatro paredes com carteiras enfileiradas, e despertar para o potencial educador da natureza, reconhecendo outros territórios educativos como ambientes de aprendizagem  e brincar livre.

Hoje as crianças passam a maior parte do dia dentro das instituições educacionais, desta forma é tarefa da escola garantir espaços e atividades que promovam o equilíbrio emocional dos alunos.

Devemos nos conscientizar de que tanto a escola quanto a família desempenham um papel fundamental no  estabelecimento e incentivo da conexão das novas gerações  com a natureza, e este trabalho está ancorado na liberdade do viver natural e lúdico nos primeiros anos de vida da criança.

Então, o que estamos esperando para investir nesta relação tão saudável para a criança?

Se você tem uma pergunta sobre criança e natureza envie para ana@educandotudomuda.com.br Ficarei feliz em responder sua pergunta.

Abraço caloroso

Ana Lúcia Machado

 

 

CRIANÇAS PRECISAM DA LUZ DO SOL

Crianças precisam da luz do sol

Assim como as  plantas, as crianças precisam da luz do sol. Sol é vida, é fonte de energia, é sinônimo de saúde e bem-estar. Aspectos da vida moderna  têm dificultado a exposição aos raios solares, tais como a permanência em ambientes fechados, o corre corre diário, a violência urbana, etc.

Paralelo à isso, nas últimas décadas uma cruzada mundial tem sido lançada contra a exposição prolongada aos raios solares. Não sem razão, os meios de comunicação vêm enfatizando os efeitos negativos da exposição ao sol.  Por não haver um contraponto informando o outro lado da moeda, para a maioria das pessoas prevalece os danos causados pela radiação solar – câncer de pele,  catarata,  insolação, desidratação, manchas na pele, etc.

Crianças precisam da luz do solEntretanto, estudos têm demonstrado que os benefícios da exposição ao sol superam os riscos (Grant, Holick 2005). A luz do sol tem grande impacto fisiológico e psicológico nos seres humanos. A exposição aos raios solares faz parte da história do homem desde que trabalhavam em campos e terras sob a luz e calor do sol, e  está intrinsecamente relacionada com à saúde em todas as fases da vida  –  desde a formação no útero materno até a etapa do envelhecimento.

O saudável banho de sol que tanto ajudou no tratamento  da  tuberculose no final do século 19 (antes da descoberta dos antibióticos na década de 1930), precisa ser resgatado  como fonte de saúde física e mental e voltar a ser prescrito  regularmente pelos médicos com as devidas orientações.

A luz solar ajuda as crianças a produzir níveis adequados de vitamina D promovendo inúmeros benefícios. Hoje a vitamina D (Colecalciferol) é  reconhecida como o principal potencializador e regulador do sistema imunológico. Além da fixação do cálcio para a formação dos ossos e dentição, níveis adequados de vitamina D podem prevenir várias doenças e fortalecer o organismo para enfrentar males como bronquite, pneumonia e infecções.

O Dr. John Cannell, fundador do Vitamin D Council, fala que ainda não se sabe como a vitamina D atua na prevenção dessas doenças, mas existe evidências que ela estimula a produção de proteínas com propriedades antimicrobianas e induz a produção de células que regulam e fortalecem os processos imunológicos, tornando-os mais eficientes. Ele adverte que os alimentos fornecem apenas 10% da quantidade de vitamina D desejável. Para alcançar níveis mais elevados por meio de ingestão alimentar, seria preciso comer 50 ovos por dia, ou 9 kgs de queijo, ou 2 kgs de salmão.

O jornalista e escritor  Ian Wishart, autor do livro  ‘Vitamina D – Seria esta a vitamina milagrosa?’,  investigou inúmeros estudos publicados relacionando a deficiência de vitamina D às mais variadas doenças e condições de saúde como Alzheimer, autismo, asma e alergias, câncer de mama, cólon e próstata, depressão, doenças autoimunes, entre  outras.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a deficiência de Vitamina D no organismo das pessoas já é  um problema mundial.  Pesquisa liderada pela nefrologista Rosa Maria Moysés durante o inverno de 2006  na cidade de São Paulo, demonstrou  que 75% dos paulistanos apresentam níveis de vitamina D  abaixo do normal. No verão, esse percentual cai  para 45% – índice considerado insatisfatório para um país tropical  onde o resultado esperado fica  em torno de 5%.

Crianças precisam da luz do solA fisiologia humana foi projetada para obter a maior parte da sua vitamina D por meio da exposição ao sol. Cerca de 90% da necessidade de vitamina D é produzido pelo próprio organismo enquanto tomamos sol. Os raios solares penetram a pele e seguem até os rins e o fígado, onde ocorre a transformação da vitamina D que age sobre  51 órgãos.

Os níveis adequados de Vitamina D devem ser mantidos em todas as fases da vida,  desde o desenvolvimento fetal até a velhice. Para isso a exposição solar diária é fundamental uma vez que a radiação dos raios ultravioleta-B (UVB) são a principal fonte dessa vitamina.

 

A  deficiência de vitamina D  está ligada à várias doenças (Grant WB, Holick, 2005):

  • Osteoporose em adultos e idosos;
  • Osteomalácia em crianças;
  • Fraqueza muscular
  • Raquitismo infantil,
  • Câncer de próstata, cólon, reto, mama,
  • Coronariopatias,
  • Hipertensão,
  • Diabetes,
  • Artrite,
  • Esclerose múltipla,
  • Doença de Crohn,
  • Psoríase,
  • Esquizofrenia,
  • Infecções

LUZ DO SOL

COMO ADMINISTRAR A EXPOSIÇÃO AO SOL – para auxiliar na síntese da vitamina D

Crianças precisam da luz do sol-Para produzir vitamina D  deve-se tomar banho de sol de 15 à 20 minutos por dia, sem usar protetor solar. Para pele morena ou negra, esse tempo deve ser maior, pois quanto mais escura a pele, mais difícil é a produção de vitamina D. Não vale tomar sol através da janela pois a radiação UVB é absorvida pelo vidro quase totalmente.

-Indica-se uma exposição solar de cerca de 30% da superfície do corpo –  braços, pernas, pescoço, costas. É aconselhável a proteção do rosto. Quanto maior a área exposta,  menor o tempo necessário para a síntese  da vitamina.

-É recomendado tomar  sol entre 10h da manhã e 15h da tarde. Este é o  período de maior incidência dos raios ultra violeta B que auxiliam na absorção da vitamina D pelo organismo.

-Deve-se evitar a exposição prolongada nos horários mais quentes do dia –  das 12h às 15hs. A dica é a seguinte: você deve expor a pele por cerca de metade do tempo necessário para que ela comece  a bronzear. Os pais devem ser cuidadosos para não excederem o tempo de exposição. A pele de uma criança é delicada.

-Lembre-se  de oferecer água, chás, ou sucos  após o banho de sol para garantir  a reposição de líquidos.

 

LUZ DO SOL – OUTROS BENEFÍCIOS

Os efeitos benéficos dos raios solares não se limitam à síntese da vitamina D. Veja outros benefícios:

 

MELHORA O HUMOR

O sol afeta as emoções. A mudança no nível de luminosidade altera a química cerebral influenciando o nosso lado emocional. Você provavelmente já percebeu que em dias ensolarados a  disposição parece aumentar. Nos sentimos mais alegres e extrovertidos.

A exposição à luz do sol estimula a produção de serotonina, dopamina e melatonina. Essas substâncias são responsáveis pelo bom humor, regulação do ciclo do sono, energia e motivação.

Quando o corpo recebe a luz solar que chega ao cérebro por meio do nervo óptico, os níveis de serotonina aumentam regulando o humor e gerando a sensação de bem-estar.

É sabido que em países mais frios, de invernos rigorosos, a população corre maior risco de desenvolver depressão sazonal. Sabe-se também que pessoas que sofrem de depressão geralmente têm baixos níveis de serotonina. O banho de sol é um tratamento altamente eficaz nestes casos (Maruani e Geoffroy 2019).

 

Crianças precisam da luz do solREGULA O SONO

A melatonina, hormônio que regula os ciclos do sono é ativado pela luz solar produzindo um efeito sedativo e sensação de calma e tranquilidade. Essa exposição contribui também para que as crianças internalizem  a diferenciação entre os ciclos diurnos e noturnos, o que resulta na melhoria do sono e prevenção dos  distúrbios do ritmo circadiano (van Mannen et al 2017).

                                      

O ritmo circadiano  é o período de  24 horas sobre o qual o ciclo biológico  se baseia e que regula  todo o funcionamento do corpo humano. Ele está sob a influência da  exposição à luz solar e interfere no equilíbrio das atividades físicas, químicas, e  psicológicas do organismo, influenciando a digestão, o estado de vigília, o sono, a regulação das células e a temperatura corporal. Ele precisa do claro e do escuro para que funcione de maneira  adequada.

A escassez da luz solar durante o dia e o excesso de iluminação artificial à noite podem causar uma desordem no “relógio interno”. É preciso manter uma rotina equilibrada com as crianças com estímulos diurnos e tranquilidade ao anoitecer.

 

Crianças precisam da luz do solPREVINE A MIOPIA

A ocorrência de miopia tem crescido entre as crianças no mundo todo. Por um lado isso está relacionado com o uso excessivo dos dispositivos digitais e consequente exposição à fonte da luz azul das telas. Mas sabe-se  também que a falta de exposição à luz do sol contribui para o aumento da incidência de miopia.

O pesquisador Ian Morgan da Australian National University, alerta que as crianças precisam passar pelo menos 3 horas por dia  expostas  à níveis de iluminação natural correspondente à sombra de uma árvore.

A iluminação a que estamos expostos a maior parte do tempo é muito fraca. Dentro de casa varia em torno de 50 lux, assistindo TV na sala, e  500 lux, numa sala de aula bem iluminada. Para prevenir a miopia, o nível de luminosidade necessária é de 10.000 lux.

Espaços amplos, abertos e com iluminação natural estimulam o exercício dos músculos oculares. Períodos diários de brincadeiras ao ar livre são fundamentais para proteger as crianças de desenvolver a miopia.

 

AUXILIA NA PROTEÇÃO DOS NEURÔNIOS

Há receptores de vitamina D espalhados por todo o sistema nervoso central e hipocampo. Sabe-se que a luz solar afeta o fluxo sanguíneo no cérebro e este por sua vez  interfere nas funções cognitivas.  Sabe-se também que a vitamina D ativa e desativa enzimas cerebrais participantes da síntese de neurotransmissores e crescimento dos nervos. Ela também atua como protetora dos neurônios.

De forma que a falta da vitamina D no organismo pode afetar processos cognitivos, tais como capacidade de raciocínio e concentração, memória, retenção de novas informações, etc.

Estudo realizado na Universidade de Cambridge pelo neurocientista David Llewellyn, apontou que pessoas com níveis inadequados de vitamina D apresentam resultados inferiores em testes de agilidade e desempenho mental.

 

Crianças precisam da luz do sol

OUTRAS DICAS

Afaste as cortinas, levante as persianas e abra as janelas. Permita que os raios de sol entrem em sua casa. Mantenha todos os ambientes iluminados e arejados durante o dia.

Não se esqueça todos os dias de olhar para o céu, observar as nuvens, ouvir os pássaros e conectar-se com a sua própria luz interior.

 

Leia também: 36 MOTIVOS PARA CONECTAR AS CRIANÇAS À NATUREZA

 

 

As crianças precisam da luz do sol. Precisamos garantir que elas tenham seu tempo ao sol diariamente. A organização da rotina em casa com a família e também nas escolas deve oportunizar que as crianças usufruam os benefícios do sol.

Precisamos sim ter cuidado com a exposição ao sol e tomar as devidas precauções em relação aos raios UVB prejudiciais: uso de protetor solar, chapéus e bonés, etc. Mas não podemos considerar a luz solar uma ameaça à saúde.  As crianças precisam da luz do sol para seu desenvolvimento e uma vida adulta com saúde.

Crianças, abram os braços para o sol  – nos quintais, nas varandas, sacadas, nos corredores, nas lajes, e nos pátios das escolas!  Neste momento de tantas incertezas que atravessamos, nada é mais certo e seguro que o sol que nasce a cada dia, trazendo luz e calor.

Abraço caloroso

Ana Lúcia Machado

 

 

 

 

 

O QUE FAZER COM AS CRIANÇAS EM CASA – QUARENTENA COVID-19

crianças em casa

O que fazer com as crianças em casa neste período de quarentena Covid-19?

A gravidade do momento que estamos vivendo exige que paremos. Evitar a propagação da COVID -19  é nossa prioridade. Tudo o mais pode ficar para depois. É hora de usar a tecnologia a nosso favor. Postergar tudo o que não for urgente e fazer de casa tudo o que for possível.

A quarentena é questão de responsabilidade social, amor próprio, aos familiares e ao próximo. Nós podemos reduzir a velocidade com que o vírus se propaga por meio do distanciamento  e isolamento social. Pode parecer um remédio amargo demais. A vida vai se desorganizar, virar de ponta cabeça, mas devemos aproveitar estes dias forçados de reclusão  para refletir sobre a fragilidade do sistema que rege nossas vidas em sociedade, o quanto estamos apartados do mundo natural, do convívio salutar que gera intimidade, e do conhecimento verdadeiro uns dos outros.

É hora de colocar na balança nossa maneira de viver para mudarmos o que for preciso e sairmos fortalecidos desta crise.

O QUE FAZER COM AS CRIANÇAS EM CASA?

 crianças em casa

 

Neste período sem aulas, o que fazer em casa com as crianças? É preciso criar uma rotina que permita  trabalhar ‘home office’ ao lado delas.

Comece por uma conversa com as crianças falando sobre o vírus e os cuidados que devem ser tomados. Se precisar de ajuda, baixe a cartilha COVIBOOK, que explica de maneira lúdica para os pequenos o que eles precisam saber.

 

Será preciso também explicar que você trabalhará em casa e precisará de colaboração. Faça os combinados necessários com as crianças nesta conversa estabelecendo regras claras.

Você não tem que achar que precisará entreter as crianças o tempo todo. Organize o dia estabelecendo uma alternância entre períodos de expansão e contração, movimento e concentração, atividade e descanso. Essa oscilação pendular promoverá equilíbrio ao ambiente e harmonia na relação entre vocês. Não se cobre demasiadamente tentando dar conta de tudo. Aprenda a observar as crianças. Elas dão muitas pistas de como agir com mais leveza e assertividade.

Tudo fluirá melhor se você fizer pausas em seu trabalho para dar  um minuto de atenção  ao seu filho. Entre um cafezinho e outro, incentive-o com palavras positivas para que ele sinta-se encorajado e continue concentrado no que estiver fazendo. Essa atitude  diminuirá a necessidade dele de atenção constante de sua parte.

No fim do dia você poderá reservar um tempo maior para olhar atentamente tudo o que ele fez, e reforçar seu empenho e criatividade. Isso elevará a auto estima, a confiança e autonomia da criança para que ela se torne a cada dia menos dependente de você.

E lembre-se de que as crianças são curiosas, adoram  desafios e gostam de sentir que podem ajudar. Essas características serão consideradas na hora de pensar em brincadeiras, atividades e tarefas significativas. Levando também em conta a personalidade de cada criança.

É importante também que  você reconecte-se à sua criança interior, recordando lembranças da infância para reavivar seu lado brincante que será mais requisitado a partir de agora. Existe um potencial imenso nesta conexão:

LEIA AQUI: COLECIONADORA DE INFÂNCIAS – PARA QUE SERVEM AS LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA?

 

Veja outras dicas importantes sobre o que fazer com as crianças em casa – facilitando sua rotina

crianças em casa

-Para crianças em idade escolar, peça para a escola orientações pontuais para que seu filho reserve todos os dias um tempo de continuidade dos estudos, como um dever de casa, indicação de leituras, etc. E por que não estabelecer com a escola o envio de atividades online? Assim a criança não perderá o ritmo de estudos.

-Dê às crianças a responsabilidade de algumas tarefas domésticas, tais como arrumar a cama, colocar e tirar a mesa das refeições, regar um vaso, alimentar um animal de estimação, e é claro organizar os brinquedos após as brincadeiras.

-Disponibilize a cada dia materiais diversificados para que elas possam entreter-se: massinha de modelar,  papel, lápis de colorir, fita adesiva, revistas velhas e cola. Não dê à elas tudo de uma vez, senão você criará o caos. Um dia você proporá  pintar,  noutro dia desenhar, etc.

crianças em casa– Separe caixas de papelão, caixa de ovos, rolhas, retalhos. Ofereça cola, barbante, pregador de roupa e deixe-as brincar de forma criativa, inventando seus próprios brinquedos.

-Para as crianças menores, crie um cantinho do brincar, decorando de maneira criativa o espaço com lenços, bolas, um cesto com alguns utensílios de cozinha, para que ela explore e brinque.

-Tire do armário, aos poucos, aqueles quebra-cabeças antigos e desafie as crianças a montarem. Separe um local adequado para que ele possa ficar exposto durante alguns dias sem causar incômodos até a finalização da montagem.

-Tire também do armário jogos de tabuleiro. Este é um passatempo divertido e dinâmico que pode envolver não só as crianças mas a família toda.

-Estabeleça o momento da leitura oferecendo livros variados para que as crianças possam ter opção de escolha. Em seus momentos de pausa aproxime-se da criança e faça alguma pergunta sobre  a história. Se for uma criança pequena, não letrada, brinque com as ilustrações. Peça para ela localizar nas imagens alguns objetos específicos. Ao retirar-se, deixe como sugestão outros objetos para ela procurar.

-Entre uma pausa e outra chame as crianças para olhar para fora. Observe o céu, as nuvens, ouça os pássaros. Não se desconecte-se da natureza mesmo estando dentro de casa.

-Permita momentos de ócio, de não fazer nada. O não fazer nada para a criança é muito importante. É deste espaço vazio  que nascem as brincadeiras mais incríveis e significativas para a criança. O tédio que a criança sente nada mais é  que a oportunidade de entrar em contato consigo mesma,  estimular o pensamento, a fantasia, a concentração e até mesmo elaborar tudo o que está acontecendo neste momento.

-Vá para a cozinha com seus filhos nos dias em que sobrar disposição. Crianças curtem  fazer biscoitinhos, bolos, etc.

-Que tal uma sessão de fotos à noite? Nunca fotografamos tanto, não é mesmo? Paradoxalmente, nunca demos tanta desimportância à esses registros fotográficos. Vamos valorizar com as crianças as lembranças das festas de aniversários, das férias, etc. Garanto que esses momentos reservarão boas risadas e muita alegria!

Ah, não se esqueça, termine o dia com uma ligação para o vovô e a vovó. Eles vão adorar matar a saudade vendo as crianças pelo smartphone.

Não poderia deixar de recomendar o momento especial da história na hora de ir para a cama, seguido de palavras de gratidão ao dia vivido assim tão juntinhos!crianças em casa

Última dica: fique atento ao site Tempojunto que acaba de criar o Guia Covid-19 com muitas dicas sobre o que fazer com as crianças em casa. Eles estão atualizando a cada dia o guia incluindo novas sugestões.

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Se tiver alguma dica sobre o que fazer com as crianças em casa, deixe nos comentários. Ajude a ampliar a lista de sugestões.

Abraços

Ana Lúcia Machado