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DE QUE É FEITA A INFÂNCIA?

De que é feita a infância

De que é feita a infância?

De peito de mãe, de colo de pai

De abraço de tia e brincadeiras de tio

De sorriso e carinho de amigos, vizinhos

De histórias e comidinhas de avós

De que é feita a infância

De que é feita a infância?

De manhãs ensolaradas no parque, no tanque de areia

De sombra embaixo de árvores

De caminho de formigas, borboletas e joaninhas em folhas

De flores e canto de passarinhos

De que é feita a infância

De bolinhos e pingos de chuva

Até temporal em tarde de verão na varanda

De pés descalços na grama, na lama, na areia

De castelos na praia e banho de mar

De que é feita a infância?

De banho quentinho

De oração ao pé da cama

Contos de fadas, canção de ninar

De beijo de boa noite

De que é feita a infância

De quintal com um pouco de terra

De balanço, bolhas de sabão

De sorvete, bola, bicicleta

E pequenas travessuras

De que é feita a infância?

De cabana no meio da sala, embaixo da mesa

De pular corda, amarelinha

Esconde-esconde, pega-pega

Corre cotia, batata quente

De que é feita a infância

De rituais de celebração

Aniversário, São João, Natal

De irmãos, primos  e amigos

De sonhos, imaginação e descobertas

A infância é feita de calor, amor, presença

Brincadeiras, histórias, canções

Natureza, encantamento, fantasia

Experimentos, hipóteses e muitas perguntas

Alimente a infância de seus alunos, filhos, sobrinhos, netos, vizinhos…

O que acontece na infância, não fica na infância, carregamos por toda a vida. Desta forma, investir no começo da vida é garantir adultos saudáveis, íntegros.  A criança é a esperança de um mundo melhor.

Sou ativista pela infância. Implicante desde sempre com a sociedade moderna e seus efeitos nocivos sobre a criança. Regulava o tempo de exposição à televisão das minhas irmãs caçulas quando pequenas, pois naquela época, 30 anos atrás, já entendia a necessidade de preservar a infância, de protegê-la do despertar precoce da sexualidade, das imagens de violência, do consumismo incentivado pela publicidade, etc… Remar contra a maré é uma tarefa árdua, mas necessária. Devemos garantir à criança o brincar livre, o contato com a natureza, a presença de cuidadores amorosos.

Acredito que um país sério se faz priorizando o começo da vida e a educação. Vamos a luta!

abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado

O MUNDO DA CRIANÇA É REDONDO

Afinal, o mundo da criança é redondo mesmo? Houve um tempo em que se acreditava que a terra era quadrada. Era o que afirmava a Ciência por volta de 1.500 d.C. Os grandes navegadores evitavam singrar mar adentro. Diziam que poderiam chegar ao fim do mundo e despencar num abismo. Foi Nicolau Copérnico quem descobriu que a terra é redonda. Porém, todo trabalho de Copérnico poderia ter sido poupado, se tivessem perguntado a alguma criança da época qual a sua forma. Qualquer criança teria dito que o mundo é redondo.

o mundo da criança é redondo

Foto: Território do Brincar

O círculo é sem dúvida a forma básica mais aplicada em toda a natureza: a Lua, o Sol, os planetas, as estrelas.  As células, átomos, elétrons. As formas das plantas, animais, estruturas geológicas. O óvulo, o útero. Todos representados pela forma circular.

Por caracterizar o TODO, o círculo é o símbolo divino. Sempre foi representado em todas as épocas como o símbolo da totalidade original do Universo, da unidade e plenitude. Remete ao infinito, a proteção, segurança, apoio, amizade, amor, cuidado, inclusão. É uma forma convidativa, maternal, acolhedora.

A Terra gira em torno do Sol ao longo do ano, assim como dá uma pequena volta em torno do seu próprio eixo no decorrer de 24 horas. Junto com a Terra giramos em torno dos afazeres cotidianos. Junto com a Terra, a criança também gira em suas inúmeras brincadeiras circulares.

O mundo da criança é redondo

A criança ao nascer é colocada no peito materno e tem nele o alimento que garante seu crescimento e desenvolvimento saudável. Podemos observar durante a amamentação, a mãozinha do bebê repousada sobre o peito arredondado da mãe e seus olhinhos fixos nos olhos maternos. É através desse olhar que inicia-se a comunicação e estabelece-se o vínculo amoroso.

É no colo da mãe, do pai, que o bebê encontra calor, aconchego.  É no abraço de seus cuidadores que a criança busca consolo, apoio, proteção. Tanto o colo, como o abraço tem formas circulares.

Logo, a primeira e maior referência do mundo da criança desde seu nascimento está fundamentada nesta forma orgânica circular. Ela é uma forma viva, natural, e saudável para a criança.

Um dos primeiros brinquedos oferecido à criança é a bola. Mais tarde ela brincará alegremente de girar seu corpo, brincará de roda, como reflexo de uma memória celular do movimento circular primordial.

O mundo da criança é redondo

No tanque de areia é quase instintivo que a criança faça bolinhos de areia. Temos ainda as fascinantes bolhas de sabão que encantam todas elas,  que brincam até a exaustão.

Há também a desafiadora bicicleta, sinônimo de autonomia e liberdade, o pião, as brincadeiras com bolinhas de gude, os carrinhos e tantos outros brinquedos e brincadeiras infantis.

Quando eu era criança

Por volta dos meus seis, sete anos, adorava brincar com os bambolês coloridos. Chegava da escola e corria pegar o meu. Passava horas girando-o na cintura, pescoço, braços. Desafiava outras crianças a rodá-lo mais tempo que eu sem deixar cair.  Adorava também brincar de caracol. Com giz, desenhávamos no chão uma grande espiral, dividindo-a em partes.  A brincadeira consistia em pular as casas com uma perna só, ida e volta, e assim marcar uma das casas com a inicial do nome, impedindo o próximo jogador colocar o pé na casa marcada. A criançada se divertia muito com essas brincadeiras.

 

Um alerta importante

Infelizmente hoje as crianças estão nos quadrados. Da TV à tela do smartphone, as crianças perderam o ritmo natural e orgânico do mundo redondo que as conceberam.  Isso tem acarretado desordens psíquicas, transtornos, dificuldade de socialização, obesidade infantil, aumento da miopia, etc…

Hoje já são oito milhões de pessoas viciadas em internet no país, segundo o Grupo de Dependência Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria do  Hospital das Clínicas de São Paulo. De acordo com o Dr. Cristiano Nabuco, psicólogo e coordenador do Grupo, a situação é preocupante.  Ele tem atendido casos de crianças viciadas em smartphones, videogames e tablets, incapazes de se relacionar sem ser virtualmente, de manter a concentração e até mesmo dar sequência a um raciocínio lógico.  Ele relata casos de crianças com um pouco mais de 2 anos de idade que não comem, nem vão para a cama se não tiverem o aparelho ao lado.

A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria é que crianças menores de 3 anos não tenham acesso e nem sejam expostas passivamente aos aparelhos tecnológicos. Às crianças maiores, a orientação é de limitar o uso ao máximo uma hora por dia. Recomenda-se ainda que crianças de 0 à 10 anos não tenham TV no quarto.

Por que  pais e educadores devem ficar atentos ao acesso tecnológico precoce e intenso?

O Dr. Cristiano Nabuco explica que “nosso cérebro sofre um processo de amadurecimento que só é finalizado após a maioridade, aos 21 anos. A região do córtex pré-frontal é a última área a ser finalizada, e o córtex é responsável pelo nosso raciocínio lógico e também pelo controle dos impulsos, nosso freio comportamental”. E mais: “existem operações mentais que precisam naturalmente serem feitas e o grau de estimulação de um tablet desrespeita essa ‘ecologia’, essa natureza de desencadeamento da lógica”.

Já se sabe por meio de estudos que quanto mais a criança ficar exposta a tecnologia, piores serão suas funções cognitivas, como a memória e desenvolvimento da atenção. Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Educação da Unicamp com meninos e meninas de 8 à 12 anos, que ficam de quatro a seis horas diante das telas de computadores, tablets, celulares e videogames,  aponta que crianças que usam aparelhos eletrônicos sem controle e não brincam, podem ter atraso no desenvolvimento. O resultado mostra que as crianças que se enquadram neste perfil acabam não brincando e nem tendo uma rotina, o que afeta o ritmo de construção do desenvolvimento cognitivo.

REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA

undo da criança é redondo

Temos sido tão impactados por esta revolução tecnológica, que perdemos valores importantes. Precisamos urgentemente reaprendê-los para resgatar a saúde da nossa sociedade e principalmente de nossas crianças. Comecemos então por resgatar o calor e a alegria do mundo redondo infantil. Comecemos por estimular o brincar livre na natureza.

O mundo da criança é redondo!

TUDO O QUE É REDONDO LEMBRA O CARINHO – Gaston Bachelard

 

Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado

A ESPERA LONGA E SEGURA DAS GRANDES CELEBRAÇÕES

Lavoura Arcaica - Tempo from Gláucio Dutra on Vimeo.

Há épocas do ano em que ficamos mais reflexivos, principalmente quando nos encontramos próximos a datas de grandes celebrações.

A semana passada li de Mario Sergio Cortella, o livro “Por que fazemos o que fazemos?” Várias questões me chamaram a atenção nessa leitura.  Uma delas diz respeito a uma importante característica do ser humano: somos seres de insatisfação.

Cortella cita em seu livro o filósofo alemão Martin Heidegger, que  denomina essa característica humana de sensação do oco, angústia.  E para deixar bem claro o significado dessa angústia, que neste caso não é algo negativo, o autor traz o exemplo de um antigo joguinho infantil feito de plástico, um quebra cabeças, onde era preciso movimentar as pecinhas para formar uma palavra, frase, sequência numérica , ou até mesmo uma imagem. Para movimentar o jogo e ordenar as peças, de modo a formar uma sequência lógica, era essencial um espaço vazio, senão não havia movimento. Com esse exemplo simples, conclui-se que a lacuna interior no ser humano, sua sensação de vazio, é o que cria possibilidades, e liberdade ao ser humano.

Grandes celebrações

Cortella escreve:

“O que é ser humano? É a capacidade de ter essa lacuna. Uma vez preenchida, estamos desumanizados.” UAU! Forte, não é mesmo? E mais adiante ele acrescenta: “Nesse sentido, um nível de insatisfação é extremamente benéfico para nós, porque ele impede o nosso automatismo.”

Essa característica humana foi ao longo do tempo sendo totalmente deturpada, e com isso criou-se a indústria do entretenimento, a sociedade de consumo, e as mais diversas distrações, assim como leis, moda, fantasias, tecnologias, medicamentos, etc… Tudo pensando em oferecer satisfação imediata ao ser humano, preencher a sensação de vazio existente. Cortella nos ajuda a refletir sobre a maneira que somos desumanizados, e mais, a maneira que o sistema usa para tirar nossa liberdade e nos escravizar, tornando nos robôs.

Nossa sociedade está submetida a um sistema que tem por objetivo roubar o que temos de mais importante: a vida, a consciência e o tempo. Nossa cultura nos distrai a todo momento das coisas que realmente importam, vai criando tantas necessidades supérfluas, que vamos nos afastando cada vez mais do que é essencial para o ser humano. Deixamos de lado o verdadeiro sentido da vida. Perdemos com isso a sensação de vazio, pois somos estimulados constantemente a encher de coisas nossas lacunas.

Somos pressionados e comprimidos do Carnaval até o Natal, ano após ano. Nem bem rasgamos a fantasia e os ovos de Páscoa já estão esbarrando em nossas cabeças nos corredores dos supermercados, fragmentando o nosso ser. Não nos permitem um tempo de preparação para os eventos da vida, para as épocas do ano, para as mudanças de estação. Somos atropelados com apelos de consumo, de modismo, de novidades. Criamos um museu de grandes novidades, como canta Cazuza. Estamos sempre correndo, comprando, fazendo, consumindo.

Grandes celebrações

Esta aceleração do tempo, a antecipação constante dos eventos, nos rouba a consciência, a percepção, a capacidade de reflexão e o tempo natural de maturação de todas as coisas. Recentemente escrevi aqui no blog sobre a ausência de vivências de processos http://www.educandotudomuda.com.br/do-fast-food-ao-viagra-onde-ficam-os-processos/. Hoje tudo nos chega pronto: alimento, roupa, diversão, até mesmo o prazer chega em cápsulas, prontinho prá ser consumido. Com o imediatismo de tudo, não sabemos mais o tempo que as coisas levam até o estado de prontidão. Acima de tudo não sabemos mais esperar as respostas de um mundo verdadeiro e com isso nos iludimos achando que estamos nos apropriando de algo, quando na verdade o que nos chega não possui mais sua essência natural, é uma imitação, algo falso. Como diz o ditado, levamos gato por lebre, isto é, alimento por batata chip, prazer por êxtase, paz por tranquilizantes.

A época que antecede o Natal, chamada de Advento, que significa chegada, é uma época riquíssima de vivências de processos. É um período mágico para as crianças e nos dias de hoje, onde tudo está tão acelerado e as grandes celebrações tão carentes de atenção e rituais, parar para preparar e saborear este período com as crianças, seja na escola ou em casa, é um verdadeiro tesouro que podemos oferecer à elas.

Como sugestão, fica aqui uma dica sobre a montagem do presépio. Você pode fazê-lo em etapas, não tudo de uma vez. Comece quatro semanas antes do Natal, se for possível. Primeiro monte o cenário de fundo e traga pedras para enriquecer este espaço. Na segunda semana será a vez dos vegetais. Escolha com as crianças ramos no jardim ou parque, colha folhas verdinhas para enfeitar o cenário. E que tal enquanto for trabalhando com elas, ir cantando algumas canções natalinas? Na terceira semana chegará a vez dos animais: o burrinho, o boi, e a ovelhinha. Ah, é interessante que todas as vezes que chamar as crianças para a montagem do presépio, você acenda primeiramente uma vela. Por fim, na quarta e última semana, vocês introduzirão os personagens, Maria, José e os pastores. E na noite de Natal, sem que as crianças percebam, coloque na manjedoura o menino Jesus.

Esta é uma proposta de ricas vivências e reforço de vínculos de amor com as crianças. Uma oportunidade de crescimento em família. Uma forma de saborear a espera longa e segura das grandes celebrações!

Desejo à todos um Feliz Natal, e deixo como presente o texto abaixo:

abraço caloroso

Ana Lúcia Machado

O tempo é o maior tesouro de que o homem pode dispor.

Embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento.

Sem medida que o conheça, o tempo é contudo

nosso bem de maior grandeza, não tem começo, não tem fim.

Rico não é o homem que coleciona

e se pesa num amontoado de moedas

nem aquele devasso que estende mãos e braços em terras largas.

Rico só é o homem que aprendeu piedoso

e humilde a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura,

não se rebelando contra o seu curso, brindando antes com sabedoria,

para receber dele os favores e não sua ira.

O equilíbrio da vida

está essencialmente nesse bem supremo,

E quem souber com acerto

a quantidade de vagar ou de espera

que se deve pôr nas coisas, não corre nunca o risco

ao buscar por elas e defrontar-se com o que não é.

Pois só a justa medida do tempo

dá a justa natureza das coisas.”

Raduan Nassar

Lavoura Arcaica

 

 

 

 

 

 

MEU GUARDA CHUVA E A MULHER DE LÓ

Meu guarda chuva e a mulher de Ló

A correria da vida moderna acaba muitas vezes gerando ótimas histórias. Quero  contar  uma dessas, a  história do Meu guarda chuva e a mulher de Ló.

Quem vive em grandes centros urbanos, principalmente numa cidade como São Paulo, sabe o nível de stress a que estamos expostos todos os dias. É o trânsito caótico, a violência das ruas, o desrespeito, a falta de gentileza, e muito mais. Além da sensação de estarmos sempre correndo e atrasados.

Foi assim que cheguei a uma reunião esta semana: apressada, com a respiração curta e sentindo me sobrecarregada, segurando bolsa, pasta, casaco e meu guarda-chuva, pois a iminência de chuva era grande.

Ao sair da reunião, já atrasada para outro compromisso, precisava antes ir ao toalete. Sabia que o caminho seria longo e demorado. Já na rua, próximo ao local onde estacionei o carro, percebi que estava faltando alguma coisa em minha mão. Era meu guarda-chuva, que havia esquecido no banheiro. Ah! Meu guarda-chuva! – foi o lamento naquela hora. E no mesmo momento veio a lembrança de quando o ganhei e  quem me deu aquele lindo guarda-chuva.

Numa fração de segundos, meu corpo quis fazer um movimento de giro para voltar ao prédio e resgatar o guarda-chuva. Porém reagi rapidamente contrariando aquele gesto instintivo. Meu olhar convicto e meus passos firmes, avançaram em direção ao carro. Prossegui certa de que aquilo era o melhor a fazer, pois se eu voltasse, não chegaria a tempo para o compromisso seguinte que estava diretamente relacionado a um novo projeto de vida.

Enquanto dirigia o carro rumo ao futuro, fui refletindo sobre o significado e valor daquela atitude tão resoluta. Por um instante eu não me reconheci. A mulher que sempre fui, com certeza retornaria para pegar seu pertence, não se desapegaria tão facilmente daquela história, pois os objetos tem história. A mulher que sempre fui não assumiria a perda, não correria o risco de ser censurada mais tarde por não ter tomado a atitude correta. Mas ali estava uma outra mulher, uma reinvenção de mim mesma. Uma mulher mais confiante, decidida, e focada.

 

Lembrei nesta hora da passagem bíblica sobre a mulher de Ló. Ló era sobrinho do grande pai Abraão, e teve que deixar às pressas a cidade onde morava, Sodoma, que havia sido condenada à destruição. Ele, sua mulher e suas filhas tiveram que deixar a casa onde viviam. Provavelmente tiveram que abandonar amigos queridos, deixar para trás uma vida estável e de conforto, para começar uma nova história em outro lugar, numa cidade desconhecida. Sem levar nada do que lhes pertencia, e sem olhar para trás, saíram correndo apressados rumo ao futuro. Porém, a mulher de Ló hesitante, querendo talvez olhar mais uma vez para sua casa, para as flores do seu belo jardim, virou se para um derradeiro olhar. E todos nós sabemos o que aconteceu a ela. No instante que olhou para trás, a mulher de Ló foi transformada em estátua de sal.

Como é difícil em fase de transição, confiarmos no que está por vir sem hesitação! Como é difícil desapegarmos do que é conhecido, familiar, sairmos da zona de conforto e seguirmos rumo ao incerto, em direção ao nosso vir a ser! Como é difícil confiar que seremos capazes de enfrentar novos desafios.

Todo o processo de mudança necessita de tempo para se consolidar.  Ele é composto de três fases, como explica Willian Bridges, renomado consultor americano, especialista em gerenciamento de transição:

 

-Fase de encerramento de um ciclo: onde abandonamos antigos hábitos, modo de pensar e de agir. Deixamos para trás o que não nos serve mais. É uma fase de incerteza, pois não sabemos o que vem pela frente.

“Concentre-se no que está buscando, não no que está deixando para trás.” – Alan Cohen

 

-Fase neutra: é o período das maiores dúvidas, pois a impressão é de que nada está acontecendo. O novo parece não se configurar diante dos nossos olhos. Olhamos para o horizonte e não enxergamos nada.

“Não se descobre novas terras sem consentir perder de vista a praia durante muito tempo.” – André Gide

 

-Fase de reinício: é quando ultrapassamos o período de transição dentro de nós mesmos e começamos a vislumbrar as primeiras mudanças fora de nós, no ambiente externo.

“Apenas aqueles que se arriscam a ir muito longe possivelmente conseguirão descobrir quão longe se pode ir.”- T.S.Eliot

 

Em momentos de transição quatro coisas são fundamentais:

CLAREZA DE PROPÓSITO

“Uma visão sem uma tarefa, é apenas um sonho. Uma tarefa sem uma visão, é somente um trabalho árduo. Mas, uma visão com uma tarefa, pode mudar o mundo.” – Declaração de Mount Abu Projeto Cooperação Global para um Mundo Melhor” – Universidade Brahma Kumaris-1988/1990.

 

AUTO-CONFIANÇA

“Os seus diamantes não estão em montanhas longínquas, nem em mares distantes; estão no seu próprio quintal, desde que você se disponha a extraí-los.” – Russell H. Conwell

 

FOCO

“Algumas pessoas acham que foco significa dizer SIM para a coisa em que você irá se focar. Mas não é nada disso. Significa dizer NÃO às centenas de outras boas ideias que existem. Você precisa selecionar cuidadosamente.”- Steve Jobs

 

CORAGEM

“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”- João Guimarães Rosa

 

Esses quatro requisitos estão ligados entre si e precisam caminhar juntos ao longo de todo o processo de transição até a consolidação das mudanças. Um propósito bem definido elimina as dúvidas, promove a autoconfiança e ajusta o foco. E uma vez confiantes e focados, a coragem vem como co-piloto nos apoiando em todo o trajeto rumo ao futuro. Assim tornar-se-á mais fácil renunciar aos “guarda-chuvas” que insistem em nos paralisar pelo caminho como aconteceu com a mulher de Ló. Vamos em frente!

Se você gostou da história do Meu guarda chuva e a mulher de Ló, compartilhe com amigos e deixe seu comentário abaixo.

Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado

DO FAST FOOD AO VIAGRA, ONDE FICAM OS PROCESSOS?

NOVOS PARADIGMAS PARA A EDUCAÇÃO

Sou neta e filha de mineira, porém minha mãe veio para São Paulo bem pequena e daqui não saiu mais. Minha avó, Alice, como boa mineira, cozinhava comidinhas deliciosas. Lembro que acompanhava seus movimentos na cozinha, e me encantava com o trabalho das suas mãos hábeis e ágeis. Ninguém fazia croquetes de carne como ela. Nunca mais provei igual. Adorava seus bolinhos de arroz, era fã das suas panquecas de carne, mas os doces eram sua especialidade: arroz doce, doce de abóbora, e o famoso doce de leite.

Na cozinha da Vovó

Nas minhas lembranças de infância, guardo viva a imagem dela preparando esta delícia. Vovó colocava na panela o leite condensado, a manteiga, o cocô ralado, e o açúcar. Com a colher de pau mexia, mexia um tempão! Quando finalmente a mistura ficava mais encorpada, ela retirava do fogo e despejava aquela massa sob a pia de mármore esticando-a. Hum! Aquele cheirinho gostoso que se espalhava pela cozinha, aguçava as papilas gustativas e lá corria eu para raspar a panela e lamber a colher de pau.

Depois de horas, quando a massa já havia esfriado, vinha o momento que eu mais gostava. Vovó virava uma artista, e com uma faca enorme, cortava o doce em losangos, em tamanhos iguaizinhos! Depois colocava num pote de vidro transparente e guardava no armário da cozinha. Porém rapidamente aquele pote esvaziava-se. Os netos todos, vovô, minha tia, davam conta rapidamente de acabar com tudo.

do fast food ao viagra

 

Ah que saudade da cozinha da vovó!

Hoje em dia entregamos a feitura de quase tudo para as máquinas, desde a comida, até a roupa, incluindo brinquedo e muitos outros artigos. As gerações mais novas não imaginam como as coisas são realmente feitas, e com isso hoje ninguém mais vivencia os processos da feitura das coisas.

 

 

Quando completei 15 anos…

Minha mãe fez uma festa para mim. Ela que sempre foi uma mulher de muitos talentos, também costurava e foi quem confeccionou meu vestido. Pesquisamos vários modelos em uma revista de moda. Depois de escolhido um lindo modelo e definida a cor, saímos para comprar o tecido, e os aviamentos. Mamãe copiou o molde no papel, recortou-o, e cortou o tecido com base no molde. Alinhavou umas partes, outras alfinetou, e assim fiz a primeira prova do vestido. Foram várias provas e algumas alfinetadas também, até que ficou pronto o vestido mais lindo do mundo!

Enquanto mamãe foi costurando, eu fui sonhando com o vestido finalizado e com o dia da festa. Cada etapa do processo de confecção do vestido foi aos poucos me preparando para o grande dia. Todo este tempo de espera que durou várias semanas, teve grande importância para o amadurecimento dos meus sentimentos e emoções. Vibrei e saboreei todo este processo tanto quanto o dia da festa, que foi inesquecível.

Entretanto, hoje nos distanciamos dos processos em todas as dimensões da vida. Tudo vem pronto. Na alimentação não descascamos mais nada, desembrulhamos tudo, apenas temos o trabalho de tirar das embalagens e das caixinhas aquilo que consumimos. No vestuário, com a proliferação das roupas produzidas em escala, em países como a China, basta olhar as centenas de vitrines dos shoppings center, em seguida apontar a roupa para a atendente de uma loja de departamento, sacar o cartão de crédito e horas depois ir para a festa de roupa nova.

A sociedade atual “beneficiada” cada vez mais pelos avanços tecnológicos, esqueceu-se de algo tão salutar para o desenvolvimento humano: a importância dos processos. O pensamento e o sentimento estão contidos nos processos do fazer. O pensamento entra em ação, o sentimento desperta, e tudo se encaixa num trabalho conjunto que vai aos poucos sofrendo pequenas transformações. Numa sequência de etapas, acontece a preparação até chegar a  prontidão. Os processos possuem um sentido educativo e terapêutico também. Neles há um mistério, uma magia e encantamento.

O processo é tão importante quanto o resultado final. No decorrer dele vamos ganhando confiança, nos tornando mais seguros, com a superação de medos e angústias. Amadurecemos ideias e sentimentos. É durante o processo que experimentamos, acrescentamos, lapidamos, cortamos arestas e mudanças vão acontecendo.

É importante que a criança vivencie os processos para perceber que nada chega pronto. E COMO FAZER ISSO? Podemos inseri-la na rotina das tarefas do dia a dia, permitindo a participação no preparo das coisas. A cozinha é um ambiente rico de vivências de processos, com o preparo das refeições, lanches. É importante chamar a criança para fazer junto, delegar pequenas coisas que ela possa fazer sozinha, como misturar os ingredientes de um bolo, peneirar farinha, etc…

O cuidado com o jardim é outra atividade cheia de sentido para a criança, que ficará  alegre ao plantar e acompanhar o germinar de uma semente, regá-la, e observar seu crescimento.

crianças-cuidando-do-jardim

Algumas brincadeiras também podem propiciar a vivência de processos, como atividade com argila. Após o manuseio da massa e de dar a forma desejada a ela, é preciso esperar que  seque e em alguns casos é necessário levar ao forno, para só então poder pintá-la.

Porém, desaprendemos a esperar o tempo de amadurecimento das coisas, nossa sociedade imediatista, na ânsia da realização instantânea dos seus desejos, suprimiu até mesmo a fase de sedução entre os amantes, onde a visão despertava o desejo, que tomava conta do sentimento e sequências estimuladoras de hormônios eram desencadeadas, até que, tanto o corpo feminino dava sinais que estava pronto para o enlace amoroso, como o corpo masculino também aos poucos percorrendo seu caminho, culminava na prontidão. Hoje basta uma pílula para garantir subitamente o prazer.

Do fast food ao Viagra, os processos foram deixados para trás, bem como a beleza das paisagens do trajeto até o destino final. Paisagens que alegravam e nutriam a alma, não existem mais. Economizamos no tempo da viagem, com certeza, todavia empobrecemos o percurso. Vale a pena refletir sobre o que ganhamos e perdemos com isso.

Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado

BRINCANDO COM OS QUATRO ELEMENTOS DA NATUREZA

Brincando com os quatro elementos da natureza

 

 

Brincando com os quatro elementos da naturezaEstá disponível um lindo e-book escrito especialmente para os leitores do Educando Tudo Muda, intitulado Brincando com os  Quatro Elementos da Natureza.

Para ter acesso, basta apenas se cadastrar AQUI no site. Neste e-book destaco a importância do contato com a natureza desde os primeiros meses de vida da criança.

Quando oferecemos à criança a oportunidade de contato com os reinos da natureza, mineral, vegetal e animal, fortalecemos a verdade de que fazemos parte de um todo e pertencemos a um sistema, pois somos também natureza.

O contato com os quatro elementos, terra, água, ar e fogo, são absorvidos como forças que estão formando a criança, são vivências que serão impressas no organismo, na memória celular e que darão formas permanentes à criança; expondo a criança a fenômenos físicos materiais que expressam uma verdade espiritual, carregam em si um fundamento cósmico, permitindo que a criança penetre em processos vivos que estão em constante transformação.

Através do contato com as formas e movimentos vivos dos elementos naturais, que possuem texturas, cores, sons, aromas próprios e diferenciados, fortalecemos e nutrimos todo o organismo em formação da criança. A expressão da ideia criadora está intrínseca em cada elemento e é assimilada naturalmente pela criança ao brincar com a areia, a água, ao sentar na grama, pegar uma folha, uma flor. Cada pedra, cada concha, tem em si uma força criadora sendo expressa. Este é o mundo verdadeiro que devemos apresentar à criança.

Brincando com os quatro elementos da natureza

As brincadeiras com água viram festa rapidamente, que resultam sempre em relaxamento. Desde a vida intrauterina, o meio líquido é fundamental para o desenvolvimento humano. Nosso corpo é composto de 80% a 85% de água. A intimidade com este elemento é muito grande.

Um tanque de areia é para a criança tão importante quanto o pão. Brincar com a terra possibilita a compreensão do enraizamento, da interioridade das coisas. É a representação da vida social, através das brincadeiras de fazer comidinhas com folhas, sementes, etc.

 

O elemento ar coloca o corpo e a alma infantil em movimento. Qual criança que nunca sentiu o desejo de voar? Por isso as capas, as asas de borboletas são sucesso entre a criançada. Assim como empinar pipa, correr segurando um cata-vento, etc. Mas quem consegue colocar uma criança para dormir depois das brincadeiras com ar?

 

Brincando com os quatro elementos da natureza

E finalmente as brincadeiras com o fogo, que desafiam, mas também provocam fascínio e temor. Como nas noites de inverno, fazer uma fogueira, jogar gravetos nas chamas, observar seus estalos. Tudo isso atrai demasiadamente a atenção das crianças.

A qualidade do brincar da criança com a natureza torna-se infinitamente cheia de significado e superior, pois,  a força destes organismos vivos penetram na organização corpórea da criança e contribuem para seu desenvolvimento saudável,  auxiliando nas defesas naturais do organismo.

As formas e movimentos primordiais vivenciados através do brincar com os elementos, refletem o  profundo equilíbrio do Cosmo, que é assimilado com admiração e veneração pela criança. A esta criança não será preciso anos mais tarde despertar a consciência ecológica, ensinar o respeito à natureza, pois ela já amará a natureza como parte de si mesma.

Os primeiros sete anos de vida da criança é o período mais importante para o trabalho educativo de base. A criança se encontra totalmente confiante e aberta a assimilar o espírito do ambiente que a cerca. Há na criança uma força plástica interna em trabalho constante que é influenciada por tudo que a envolve. Todas as reações que ela apresenta a tudo que vem do meio exterior, são reações orgânicas e que vão aos poucos dando forma ao seu próprio corpo e qualidade ao organismo que está se desenvolvendo.

Como um grande órgão sensorial, a criança vive também para fora do seu corpo, ela percebe e vivencia o ambiente como uma extensão de si mesma. É por este motivo que ela tem empatia com tudo o que se encontra no ambiente, sejam seres humanos, uma pequenina formiga, as plantinhas, pedras, brinquedos, etc…Para a criança tudo tem vida e é extensão dela mesma. Alimentar os sentidos da criança com formas e substancias primitivas, com materiais naturais e vivos, que florescem, frutificam, deixando-a brincar livre em espaço amplo, aberto, ensolarado, é garantia de alegria, amor e saúde.

CONHEÇA O LANÇAMENTO DO LIVRO A TURMA DA FLORESTA – UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA

A escritora Lya Luft em seu livro Mar de dentro, fala claramente a este respeito ao refletir sobre suas lembranças de menina:

“Uma criança contemplando uma mancha na parede, um inseto no capim ou a revelação de uma rosa, não está apenas olhando: ela está sendo tudo isso em que se concentra. Ela é o besouro, a figura na parede, ela é a flor, o vento, o silêncio. Uma criança é a sua dimensão na qual o tempo, os contornos, texturas, aromas e sons são realidade e magia sem distinção.”

Nossa tarefa como educadores, sejamos pais ou professores, é a de proporcionar o maior número de vivências que fortaleçam as forças vitais. Como tudo em volta da criança é vivenciado por ela, devemos prestar atenção a três coisas muito importantes:

 

– qualidade nas impressões sensoriais

– possibilidade de espaço e movimento

– ambiente que inspire o brincar

 

Sob a infância pairam nuvens de encantamento, simplicidade e contentamento. As lembranças felizes da infância estão relacionadas com o calor humano e com a natureza. A criança necessita de comunhão com  a natureza para se desenvolver de maneira saudável.

Convido você a se aventurar com seus filhos e/ou alunos, explorando as possibilidades de brincadeiras com os quatro elementos da natureza. Cadastre-se no site, baixe gratuitamente o e-book Brincando com os quatro elementos da Natureza e bom divertimento. A natureza está a nossa disposição e agradece o contato e carinho.

Para terminar, deixo um belo poema para reflexão:

O menino rico

Nunca tive brinquedos.

Brinco com as conchas do mar

E com a areia da praia;

Brinco com as canoas dos coqueiros

Derrubados pelo vento;

Faço barquinhos de papel!

E minha frota navega

Nas águas da enxurrada;

Brinco com as borboletas nos dias de sol.

E nas noites de lua cheia

Visto-me com os raios de luar.

Na primavera teço coroas de flores perfumadas.

As nuvens do céu são navios, são bichos, são cidades.

Sou o menino mais rico do mundo,

Porque brinco com o Universo,

Porque brinco com o infinito.

(Maria Alceu N. S. Ilnzinger)

Abraço carinhoso,

Ana Lúcia Machado

Sua família é uma ilha?

Você alguma vez já pensou nesta pergunta? Sua família é uma ilha? É uma excelente reflexão para os pais novos. Ao longo deste artigo você vai entender a razão.

Tenho feito um trabalho de intermediadora de diálogos após sessões de exibição do filme “O começo da vida”. Tem sido uma tarefa enriquecedora e gratificante.

Para quem não conhece, este filme foi lançado em maio deste ano. É um documentário sobre a importância dos primeiros anos de vida. Filmado em 9 países, mostra famílias de diversas culturas, etnias e classes sociais, com depoimentos de crianças, mães, pais, além de entrevistas com inúmeros especialistas em desenvolvimento infantil. O filme foi produzido pela cineasta brasileira, Estela Renner. O trabalho de produção durou 3 anos. Foram 400 horas de filmagem. A diretora e sua equipe rodaram  4 continentes. O filme é belíssimo. Já assisti diversas vezes e toda vez que assisto novamente me emociono, tal a sua força , sensibilidade e delicadeza.

Sua família é uma ilha?

É uma proposta de reflexão sobre a relevância dos primeiros 6 anos de vida das crianças e o impacto deste período na formação e desenvolvimento dos potenciais que cada indivíduo poderá ser capaz de cultivar ao longo da existência. Ele nos desperta para os cuidados com a primeira infância, e reforça que as crianças são o futuro da humanidade.

Há uma passagem maravilhosa no livro “Grande Sertão Veredas“ de Guimarães Rosa que fala assim: “Uma criança nasceu. O mundo tornou a começar.” O milagre do recomeço do mundo acontece a cada novo nascimento. O mundo recomeça todas as vezes que, vencendo tantas forças contrárias, a vida sobrevive. A primeira força que a criança tem que fazer é lutar para passar pelo canal de nascimento. Esta é a 1ª jornada do herói.

Após o nascimento, a criança passa pela 2ª gestação, a gestação extra uterina e social.  Ao nascer a criança é entregue às mãos humanas, num verdadeiro útero social formado pela família, pela escola e por toda a comunidade.  A criança se forma através de relações de amor com os pais, irmãos, avós, professores, amigos, com outras crianças, com a natureza, etc… A infância é o chão sobre o qual cada ser humano constrói a sua vida. É um período curto, mas que tem uma potência enorme, que nos enriquece e perdura por toda a vida.

Sua família é uma ilha?

Uma  entrevista que me impactou bastante no filme, foi  com a médica Dra. Vera Cordeiro, fundadora da Associação Saúde Criança. Ela diz que a criança chega com tanta energia, com tanta criatividade, que a mãe só não dá conta. É necessário pai, avós, vizinhos… é necessário toda a comunidade para que a criança se desenvolva e  ela cita um provérbio africano – “É necessário uma vila para educar uma criança.”

Isto me levou a refletir sobre como é árdua a jornada de educação dos filhos e como precisamos de suporte para enfrentar tantos desafios que se impõe diante de nós ao longo dos anos de formação deles.

É muito importante quando podemos contar com a presença dos avós, tios, amigos, vizinhos. É fundamental criarmos uma rede de apoio. É reconfortante saber que temos a quem recorrer em momentos difíceis. Fica mais fácil quando temos contato com outras famílias com crianças e que podemos promover encontros e interações entre elas.

Sua família é uma ilha?

As escolas que meus filhos frequentaram tiveram papel relevante sob este aspecto ao estimular o convívio entre as famílias por meio de organização de passeios, encontros fora da escola. Vivenciamos uma grande integração entre nós, o que contribuiu para o estabelecimento de vínculos mais fortes que perduram até hoje.

As dificuldades da vida nos grandes centros urbanos de certa maneira nos levaram ao isolamento. A violência crescente gerou muita insegurança e fez com que erguêssemos muros e perdêssemos o sentido comunitário. Mas para se desenvolver, a criança precisa de círculos de amizade onde possa se expandir gradualmente. Principalmente os jovens, que a partir dos 14 anos vão se separando dos pais e conhecendo o mundo. Nesse momento a rede social criada e cultivada durantes anos, poderá funcionar como uma ponte segura na transição da adolescência. Na verdade os filhos não pertencem aos pais, eles pertencem à família toda, a comunidade local e a humanidade inteira. Por isso que refletir sobre a pergunta – Sua família é uma ilha? – é extremamente importante.

Sua família é uma ilha?

Sinto profunda gratidão por toda a rede social que me ajudou na educação dos meus filhos. Sou grata aos meus pais, irmãos, sogros, amigos, pessoas sensacionais que foram verdadeiras âncoras e que  doaram tempo e muito amor à eles.

Vale a pena nutrir esses relacionamentos! Vale a pena assistir o filme!

abraço carinhoso

Ana Lúcia