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PROCESSOS DE VIDA E A INFÂNCIA

Processos de vida

A história do homem sobre a terra é uma história de ruptura com processos de vida. A sociedade atual “beneficiada” cada vez mais pelos avanços tecnológicos, e sempre em  busca de resultados imediatos, deixou de lado algo tão salutar para o desenvolvimento humano: a vivência de processos o tempo de preparação e amadurecimento das coisas.

Hoje em dia entregamos a feitura de quase tudo para as máquinas, desde a comida até a roupa, incluindo brinquedo e muitos outros artigos. As gerações mais novas não imaginam como as coisas são realmente feitas, e com isso hoje ninguém mais vivencia os processos de feitura das coisas.

Tudo vem pronto – onde estão os processos de vida?

Processos de vidaNa alimentação apenas temos o trabalho de tirar das embalagens e das caixinhas aquilo que consumimos. A indústria alimentícia eliminou a alquimia encantadora da cozinha criando os enlatados, os instantâneos  – o fast food.  Acabou com o processo de preparo das refeições, as transformações químicas dos alimentos, e os aromas dos temperos.

No vestuário, com a proliferação das roupas produzidas em escala, a indústria têxtil em parceria com a indústria da moda, baniram os famosos ateliês de costura e com o ofício dos alfaiates. Os armarinhos, lojas especializadas em aviamentos, quase não existem mais.

A indústria do entretenimento embalou o lúdico num lindo pacote de viagens, brincadeiras, jogos e brinquedos, garantindo diversão imediata para todas as idades. Seu exemplo máximo é a Disney. Com seus simuladores, é capaz de reproduzir as mais incríveis sensações de quase tudo, nos transportando a diversas paisagens do mundo: Índia, África, muralhas da China, pinguins na Antárctica, etc. Com direito a sentir até o cheiro da maresia ao simular um sobrevoo no mar, a brisa gelada, vapor de cachoeira e muito mais.

processos de vida

A imagem pronta dos filmes e desenhos animados nas pequenas, médias e grandes telas, inibiu a imaginação, expressão da individualidade, que se inicia num processo de criação das imagens internas, responsável pela criatividade humana.

No livro Desemparedamento da infância*, uma professora da Educação Infantil de uma escola na cidade de Novo Hamburgo (RS), relata uma história interessante. Sua escola, com um espaço verde muito pequeno, fez parceria com a igreja vizinha para que as crianças pudessem desfrutar seu amplo gramado com laranjeiras e outras árvores frutíferas. As crianças passaram a frequentar esse espaço para ler e ouvir histórias, para fazer piqueniques, e brincar livremente. Como na ocasião era o período final do ciclo das frutas, haviam muitas caídas de madura pelo chão. A professora conta que as crianças ao verem as laranjas espalhadas pelo gramado, ficaram indignadas e perguntaram:

-Quem jogou as laranjas no chão?

As crianças não fizeram relação entre o pé de laranja e a fruta caída no chão.

Será que chegamos ao ápice da desconexão com a vida?

Todas as coisas na natureza são processos de vida. A natureza é uma grande mestra em processos vivos. O que caracteriza processos?

-desencadeamento de etapas que vão se sucedendo aos poucos

-formações, crescimento, transformações

-ações e reações

-movimento, dinamismo

-tempo de amadurecimento

 

A vivência de processos torna visível o que parece invisível.

 

Qual o grande aprendizado da vivência de processos?

Podemos dizer que a paciência, saber esperar, faz parte desse aprendizado. A vivência de processos de vida tem um sentido educativo e terapêutico. Ideias importantes podem ser absorvidas durante seu decorrer, tais como o sentido de totalidade, de ligação entre as coisas, de pertencimento e participação. É durante o tempo de preparação de tarefas que experimentamos, acrescentamos, lapidamos, cortamos arestas e mudanças vão acontecendo.

Processo é vida. De que maneira podemos resgatar a vivência de processos de vida na infância?

processos de vida

A cozinha é um ambiente abundante de processos de vida. É um lugar de encantamento, de memórias afetivas e de riqueza de estímulos sensoriais – as formas e as cores dos alimentos, os aromas e sabores, as texturas.

Precisamos reinserir as crianças à cozinha nas escolas e em casa. Dá mais trabalho? Leva mais tempo? Sim, com certeza, mas o resultado torna compensador o esforço.

Uma amostra dos efeitos dessas vivências está no livro Céu da Boca, organizado por Edith M. Elek, que reúne dezoito relatos de lembranças de refeições da infância, e mostra quão significativas são as memórias das crianças em torno da mesa. Entre os autores participantes dessa volta gastronômica ao tempo ,  estão o escritor Moacyr Scliar, a escritora Ruth Rocha, a psicanalista Maria Rita Kehl, o jornalista Ignácio de Loyola Brandão, etc. Trata-se de uma aventura por sabores, rituais de famílias, hábitos alimentares e muitas receitinhas gostosas.

Lembro com carinho da cozinha da minha avó. Como boa mineira, ela cozinhava comidinhas deliciosas. Observava com atenção seus movimentos na cozinha, e o trabalho das suas mãos hábeis e ágeis. Adorava seus croquetes de carne e panquecas. Até um simples arroz, feito por ela, tinha sabor especial.

Mas o que jamais vou esquecer é quando vovó preparava o famoso doce de leite. Ela colocava na panela o leite condensado, a manteiga, o cocô ralado, e o açúcar. Misturava os ingredientes e mexia com a colher de pau durante um tempão. Quando finalmente a massa ficava mais encorpada, ela retirava do fogo e despejava sob a pia de mármore esticando-a. Humm! Aquele cheirinho gostoso tomava conta de toda a cozinha.

Depois de muito tempo, quando a massa havia esfriado, vinha um momento mágico para mim. Vovó virava uma artista. Com uma faca enorme, ela cortava o doce em losangos, em tamanhos iguaizinhos. Eu ficava admirada com sua precisão. Em seguida ela colocava os losangos num pote de vidro transparente e guardava no armário da cozinha. Rapidamente aquele pote se esvaziava – os netos, vovô, minha tia, davam conta de acabar com tudo bem depressa.

Processos de vida

Nos dias de hoje, como podemos reconectar a infância a processos vivos em todas as dimensões de vida? 

É o que queremos discutir aqui no Educando Tudo Muda nos próximos artigos. Participe.

Crianças, já para a cozinha, para os quintais, jardins e parques, onde a vida pulsa e acontece ao vivo, de forma tridimensional.

 

Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado

*Esse livro está disponível para downloud neste link https://criancaenatureza.org.br/wp-content/uploads/2018/05/Desemparedamento_infancia.pdf

 

A ESPERA LONGA E SEGURA DAS GRANDES CELEBRAÇÕES

Lavoura Arcaica - Tempo from Gláucio Dutra on Vimeo.

Há épocas do ano em que ficamos mais reflexivos, principalmente quando nos encontramos próximos a datas de grandes celebrações.

A semana passada li de Mario Sergio Cortella, o livro “Por que fazemos o que fazemos?” Várias questões me chamaram a atenção nessa leitura.  Uma delas diz respeito a uma importante característica do ser humano: somos seres de insatisfação.

Cortella cita em seu livro o filósofo alemão Martin Heidegger, que  denomina essa característica humana de sensação do oco, angústia.  E para deixar bem claro o significado dessa angústia, que neste caso não é algo negativo, o autor traz o exemplo de um antigo joguinho infantil feito de plástico, um quebra cabeças, onde era preciso movimentar as pecinhas para formar uma palavra, frase, sequência numérica , ou até mesmo uma imagem. Para movimentar o jogo e ordenar as peças, de modo a formar uma sequência lógica, era essencial um espaço vazio, senão não havia movimento. Com esse exemplo simples, conclui-se que a lacuna interior no ser humano, sua sensação de vazio, é o que cria possibilidades, e liberdade ao ser humano.

Grandes celebrações

Cortella escreve:

“O que é ser humano? É a capacidade de ter essa lacuna. Uma vez preenchida, estamos desumanizados.” UAU! Forte, não é mesmo? E mais adiante ele acrescenta: “Nesse sentido, um nível de insatisfação é extremamente benéfico para nós, porque ele impede o nosso automatismo.”

Essa característica humana foi ao longo do tempo sendo totalmente deturpada, e com isso criou-se a indústria do entretenimento, a sociedade de consumo, e as mais diversas distrações, assim como leis, moda, fantasias, tecnologias, medicamentos, etc… Tudo pensando em oferecer satisfação imediata ao ser humano, preencher a sensação de vazio existente. Cortella nos ajuda a refletir sobre a maneira que somos desumanizados, e mais, a maneira que o sistema usa para tirar nossa liberdade e nos escravizar, tornando nos robôs.

Nossa sociedade está submetida a um sistema que tem por objetivo roubar o que temos de mais importante: a vida, a consciência e o tempo. Nossa cultura nos distrai a todo momento das coisas que realmente importam, vai criando tantas necessidades supérfluas, que vamos nos afastando cada vez mais do que é essencial para o ser humano. Deixamos de lado o verdadeiro sentido da vida. Perdemos com isso a sensação de vazio, pois somos estimulados constantemente a encher de coisas nossas lacunas.

Somos pressionados e comprimidos do Carnaval até o Natal, ano após ano. Nem bem rasgamos a fantasia e os ovos de Páscoa já estão esbarrando em nossas cabeças nos corredores dos supermercados, fragmentando o nosso ser. Não nos permitem um tempo de preparação para os eventos da vida, para as épocas do ano, para as mudanças de estação. Somos atropelados com apelos de consumo, de modismo, de novidades. Criamos um museu de grandes novidades, como canta Cazuza. Estamos sempre correndo, comprando, fazendo, consumindo.

Grandes celebrações

Esta aceleração do tempo, a antecipação constante dos eventos, nos rouba a consciência, a percepção, a capacidade de reflexão e o tempo natural de maturação de todas as coisas. Recentemente escrevi aqui no blog sobre a ausência de vivências de processos http://www.educandotudomuda.com.br/do-fast-food-ao-viagra-onde-ficam-os-processos/. Hoje tudo nos chega pronto: alimento, roupa, diversão, até mesmo o prazer chega em cápsulas, prontinho prá ser consumido. Com o imediatismo de tudo, não sabemos mais o tempo que as coisas levam até o estado de prontidão. Acima de tudo não sabemos mais esperar as respostas de um mundo verdadeiro e com isso nos iludimos achando que estamos nos apropriando de algo, quando na verdade o que nos chega não possui mais sua essência natural, é uma imitação, algo falso. Como diz o ditado, levamos gato por lebre, isto é, alimento por batata chip, prazer por êxtase, paz por tranquilizantes.

A época que antecede o Natal, chamada de Advento, que significa chegada, é uma época riquíssima de vivências de processos. É um período mágico para as crianças e nos dias de hoje, onde tudo está tão acelerado e as grandes celebrações tão carentes de atenção e rituais, parar para preparar e saborear este período com as crianças, seja na escola ou em casa, é um verdadeiro tesouro que podemos oferecer à elas.

Como sugestão, fica aqui uma dica sobre a montagem do presépio. Você pode fazê-lo em etapas, não tudo de uma vez. Comece quatro semanas antes do Natal, se for possível. Primeiro monte o cenário de fundo e traga pedras para enriquecer este espaço. Na segunda semana será a vez dos vegetais. Escolha com as crianças ramos no jardim ou parque, colha folhas verdinhas para enfeitar o cenário. E que tal enquanto for trabalhando com elas, ir cantando algumas canções natalinas? Na terceira semana chegará a vez dos animais: o burrinho, o boi, e a ovelhinha. Ah, é interessante que todas as vezes que chamar as crianças para a montagem do presépio, você acenda primeiramente uma vela. Por fim, na quarta e última semana, vocês introduzirão os personagens, Maria, José e os pastores. E na noite de Natal, sem que as crianças percebam, coloque na manjedoura o menino Jesus.

Esta é uma proposta de ricas vivências e reforço de vínculos de amor com as crianças. Uma oportunidade de crescimento em família. Uma forma de saborear a espera longa e segura das grandes celebrações!

Desejo à todos um Feliz Natal, e deixo como presente o texto abaixo:

abraço caloroso

Ana Lúcia Machado

O tempo é o maior tesouro de que o homem pode dispor.

Embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento.

Sem medida que o conheça, o tempo é contudo

nosso bem de maior grandeza, não tem começo, não tem fim.

Rico não é o homem que coleciona

e se pesa num amontoado de moedas

nem aquele devasso que estende mãos e braços em terras largas.

Rico só é o homem que aprendeu piedoso

e humilde a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura,

não se rebelando contra o seu curso, brindando antes com sabedoria,

para receber dele os favores e não sua ira.

O equilíbrio da vida

está essencialmente nesse bem supremo,

E quem souber com acerto

a quantidade de vagar ou de espera

que se deve pôr nas coisas, não corre nunca o risco

ao buscar por elas e defrontar-se com o que não é.

Pois só a justa medida do tempo

dá a justa natureza das coisas.”

Raduan Nassar

Lavoura Arcaica

 

 

 

 

 

 

DO FAST FOOD AO VIAGRA, ONDE FICAM OS PROCESSOS?

NOVOS PARADIGMAS PARA A EDUCAÇÃO

Sou neta e filha de mineira, porém minha mãe veio para São Paulo bem pequena e daqui não saiu mais. Minha avó, Alice, como boa mineira, cozinhava comidinhas deliciosas. Lembro que acompanhava seus movimentos na cozinha, e me encantava com o trabalho das suas mãos hábeis e ágeis. Ninguém fazia croquetes de carne como ela. Nunca mais provei igual. Adorava seus bolinhos de arroz, era fã das suas panquecas de carne, mas os doces eram sua especialidade: arroz doce, doce de abóbora, e o famoso doce de leite.

Na cozinha da Vovó

Nas minhas lembranças de infância, guardo viva a imagem dela preparando esta delícia. Vovó colocava na panela o leite condensado, a manteiga, o cocô ralado, e o açúcar. Com a colher de pau mexia, mexia um tempão! Quando finalmente a mistura ficava mais encorpada, ela retirava do fogo e despejava aquela massa sob a pia de mármore esticando-a. Hum! Aquele cheirinho gostoso que se espalhava pela cozinha, aguçava as papilas gustativas e lá corria eu para raspar a panela e lamber a colher de pau.

Depois de horas, quando a massa já havia esfriado, vinha o momento que eu mais gostava. Vovó virava uma artista, e com uma faca enorme, cortava o doce em losangos, em tamanhos iguaizinhos! Depois colocava num pote de vidro transparente e guardava no armário da cozinha. Porém rapidamente aquele pote esvaziava-se. Os netos todos, vovô, minha tia, davam conta rapidamente de acabar com tudo.

do fast food ao viagra

 

Ah que saudade da cozinha da vovó!

Hoje em dia entregamos a feitura de quase tudo para as máquinas, desde a comida, até a roupa, incluindo brinquedo e muitos outros artigos. As gerações mais novas não imaginam como as coisas são realmente feitas, e com isso hoje ninguém mais vivencia os processos da feitura das coisas.

 

 

Quando completei 15 anos…

Minha mãe fez uma festa para mim. Ela que sempre foi uma mulher de muitos talentos, também costurava e foi quem confeccionou meu vestido. Pesquisamos vários modelos em uma revista de moda. Depois de escolhido um lindo modelo e definida a cor, saímos para comprar o tecido, e os aviamentos. Mamãe copiou o molde no papel, recortou-o, e cortou o tecido com base no molde. Alinhavou umas partes, outras alfinetou, e assim fiz a primeira prova do vestido. Foram várias provas e algumas alfinetadas também, até que ficou pronto o vestido mais lindo do mundo!

Enquanto mamãe foi costurando, eu fui sonhando com o vestido finalizado e com o dia da festa. Cada etapa do processo de confecção do vestido foi aos poucos me preparando para o grande dia. Todo este tempo de espera que durou várias semanas, teve grande importância para o amadurecimento dos meus sentimentos e emoções. Vibrei e saboreei todo este processo tanto quanto o dia da festa, que foi inesquecível.

Entretanto, hoje nos distanciamos dos processos em todas as dimensões da vida. Tudo vem pronto. Na alimentação não descascamos mais nada, desembrulhamos tudo, apenas temos o trabalho de tirar das embalagens e das caixinhas aquilo que consumimos. No vestuário, com a proliferação das roupas produzidas em escala, em países como a China, basta olhar as centenas de vitrines dos shoppings center, em seguida apontar a roupa para a atendente de uma loja de departamento, sacar o cartão de crédito e horas depois ir para a festa de roupa nova.

A sociedade atual “beneficiada” cada vez mais pelos avanços tecnológicos, esqueceu-se de algo tão salutar para o desenvolvimento humano: a importância dos processos. O pensamento e o sentimento estão contidos nos processos do fazer. O pensamento entra em ação, o sentimento desperta, e tudo se encaixa num trabalho conjunto que vai aos poucos sofrendo pequenas transformações. Numa sequência de etapas, acontece a preparação até chegar a  prontidão. Os processos possuem um sentido educativo e terapêutico também. Neles há um mistério, uma magia e encantamento.

O processo é tão importante quanto o resultado final. No decorrer dele vamos ganhando confiança, nos tornando mais seguros, com a superação de medos e angústias. Amadurecemos ideias e sentimentos. É durante o processo que experimentamos, acrescentamos, lapidamos, cortamos arestas e mudanças vão acontecendo.

É importante que a criança vivencie os processos para perceber que nada chega pronto. E COMO FAZER ISSO? Podemos inseri-la na rotina das tarefas do dia a dia, permitindo a participação no preparo das coisas. A cozinha é um ambiente rico de vivências de processos, com o preparo das refeições, lanches. É importante chamar a criança para fazer junto, delegar pequenas coisas que ela possa fazer sozinha, como misturar os ingredientes de um bolo, peneirar farinha, etc…

O cuidado com o jardim é outra atividade cheia de sentido para a criança, que ficará  alegre ao plantar e acompanhar o germinar de uma semente, regá-la, e observar seu crescimento.

crianças-cuidando-do-jardim

Algumas brincadeiras também podem propiciar a vivência de processos, como atividade com argila. Após o manuseio da massa e de dar a forma desejada a ela, é preciso esperar que  seque e em alguns casos é necessário levar ao forno, para só então poder pintá-la.

Porém, desaprendemos a esperar o tempo de amadurecimento das coisas, nossa sociedade imediatista, na ânsia da realização instantânea dos seus desejos, suprimiu até mesmo a fase de sedução entre os amantes, onde a visão despertava o desejo, que tomava conta do sentimento e sequências estimuladoras de hormônios eram desencadeadas, até que, tanto o corpo feminino dava sinais que estava pronto para o enlace amoroso, como o corpo masculino também aos poucos percorrendo seu caminho, culminava na prontidão. Hoje basta uma pílula para garantir subitamente o prazer.

Do fast food ao Viagra, os processos foram deixados para trás, bem como a beleza das paisagens do trajeto até o destino final. Paisagens que alegravam e nutriam a alma, não existem mais. Economizamos no tempo da viagem, com certeza, todavia empobrecemos o percurso. Vale a pena refletir sobre o que ganhamos e perdemos com isso.

Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado