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A REVOLUÇÃO DO BRINCAR SEM PLÁSTICO EM 12 PASSOS – como libertar as crianças da infância plastificada

brincar sem plástico

A revolução do brincar sem plástico é em primeiro lugar um convite ao brincar livre em contato com a natureza, além de uma proposta de reflexão sobre atitudes éticas de consumo dos brinquedos plásticos. Trata-se de um alerta para as famílias e as instituições educacionais a respeito dos impactos do consumo de brinquedos plásticos na saúde das crianças e do planeta.

Já parou para pensar que quase tudo ao nosso redor é composto por plástico e o quão presente ele está na vida das crianças? Muitos utensílios infantis de uso diário são feitos desse material: mamadeiras, chupetas, copos, pratos e principalmente brinquedos. O plástico está tão impregnado em nossas vidas que fica difícil imaginá-la sem ele. É urgente trazer para discussão o seu consumo ético.

A produção e o consumo desenfreado do plástico, bem como a poluição causada por ele, tornou-se um problema global e um dos maiores desafios ambientais para a humanidade. Os números são alarmantes. A população mundial produz algo em torno de 300 milhões de toneladas de plástico por ano, poluindo o solo, a água, e o ar.

brincar sem plasticoSegundo o estudo “Solucionar a Poluição Plástica – Transparência e Responsabilização” realizado em 2019 pela Ong  (WWF),  o Brasil é o 4º país do mundo que mais gera lixo plástico, sendo que apenas 1,28% é reciclado.  Além disso, 77,5% dos municípios brasileiros não realizam a coleta seletiva, ou seja, grande parte dos resíduos são perdidos, indo parar em lixões, aterros, bueiros, rios, lagos, mares e oceanos.

O Brasil está em 16º lugar num ranking de países que mais descartam resíduos plásticos no oceano. De acordo com a  ONU Meio Ambiente, o mar poderá ter mais plástico do que peixes até 2050, se continuar este consumo crescente.

Ao analisar o mercado de brinquedos no Brasil, diretamente ligado à cultura da infância, constata-se um faturamento anual na ordem de R$ 10,5 bilhões. Um mercado que despeja regularmente novidades nas prateleiras das grandes redes varejistas. Somente em 2016, contou com mais de 9.000 modelos de brinquedos, atraindo a atenção do público infantil, instigando o desejo por novos brinquedos, alimentando assim a insatisfação das crianças e seu comportamento consumista.

Sabe-se que 90% dos brinquedos fabricados no mundo são feitos de plástico e que nem todo tipo de plástico é adequado para a produção de brinquedos. Algumas substâncias utilizadas na fabricação desses produtos são potencialmente tóxicas, cancerígenas e causadoras de distúrbios hormonais nas crianças.

Brinquedos de plástico

 

 

Estima-se uma produção de 1,38 milhão de toneladas de brinquedos de plástico  no período entre 2018 e 2030. Mais de um terço desse total corresponde a embalagens dos brinquedos que são descartadas de imediato, e  por conta da mistura de tipos de plásticos e a adição de pigmentos e brilho, torna a reciclagem praticamente impossível  e o problema ainda maior.

E mais, ao considerarmos o tempo de decomposição do plástico, cerca de 500 anos, conclui-se  que todos os brinquedos de plástico fabricados até hoje continuam existindo no planeta, seja na forma de outros produtos por meio da reciclagem, ou acumulados em aterros sanitários. Sabe-se ainda que ao fragmentar-se em microplásticos, esses resíduos contaminam a água, os alimentos, e ameaçam a vida de vários seres viventes.

Outro agravante são aqueles brinquedos de origem duvidosa, de fácil aquisição e baixo custo, brinquedos contrabandeados, sem certificação do INMETRO. Há brinquedos de baixíssima qualidade que quebram facilmente e logo são descartados indo parar no lixo em curto tempo.

 

A REVOLUÇÃO DO BRINCAR SEM PLÁSTICO

Neste mês de julho está acontecendo uma campanha global denominada “Julho sem plástico”.  A campanha tem por objetivo diminuir o uso e o descarte de plástico no planeta. Esse movimento começou em 2011 com a Ong australiana Plastic Free Foundation pedindo para as pessoas, durante o mês de julho, evitarem o uso de plásticos descartáveis, de uso único ou de curto prazo. O sucesso da iniciativa ganhou adeptos por todo o mundo.

Pegando carona neste movimento, Educando Tudo Muda propõe a reflexão sobre a presença do plástico no brincar da criança, o desafio do brincar sem plástico, e sugere algumas ações para diminuir a quantidade de brinquedos plásticos visando a redução da sua produção e consumo.

 

Por que aderir ao movimento brincar sem plástico?

Além de todas as consequências do consumo desenfreado de produtos plásticos pela sociedade contemporânea, já mencionados neste artigo, é preciso entender a relação das crianças com os brinquedos. Vamos começar falando sobre o que é um bom brinquedo. 

 

Brinquedo precisa ser de plástico? É preciso brinquedo para brincar? Com quantos brinquedos se faz uma infância feliz?

 

Quanto menos estruturado e cheio de detalhes for o brinquedo, mais ele exigirá da criança e permitirá o uso da imaginação e criatividade. Quanto mais simples ele for, maior a liberdade da criança em transforma-lo em outras coisas de acordo com o enredo das suas brincadeiras.

Sob o ponto de vista da imaginação e criatividade infantil, os brinquedos industrializados feitos de materiais sintéticos, criam uma situação de passividade na criança, provocam atrofia psíquica, um certo “empreguiçamento” e empobrecimento da vida interior. Uma vez que esses brinquedos são desenvolvidos com funcionalidades específicas, entregam nas mãos da criança um produto rígido, limitando a atuação infantil, e na maioria das vezes fazendo dela mera expectadora ou executora.

Em termos de estímulos sensoriais, o plástico é um material extremamente limitado e pobre para o desenvolvimento infantil – sem cheiro; é frio e liso ao tato; é leve, possui tamanho desproporcional ao peso; de cor forte e antinatural.

Na concepção do artista plástico e teólogo Gandhy Piorski, autor do livro Brinquedos do Chão, “o plástico é um imitador de realidades que induz a criança a falsas sensações distanciando-a dos processos de aprendizagens do mundo vivo”.

 

COMO LIBERTAR AS CRIANÇAS DA INFÂNCIA PLASTIFICADA

A indústria de brinquedos despeja no mercado todos os anos o oposto ao que acontece no processo do brincar infantil. Susan Linn, psicóloga norte-americana, autora do livro  ‘Crianças do consumo: a infância roubada’, afirma que uma boa brincadeira é 90% a criança e 10% brinquedo. Os brinquedos industrializados, os brinquedos prontos, oferecidos no mercado hoje, fazem exatamente o inverso: sobrepõem-se a potência da criança e ao seu protagonismo.

Indo ainda mais fundo nesta questão, a escritora britânica Jay Griffiths, em seu livro “Kith – the riddle of the Childscape”, afirma que “as crianças que brincam apenas com brinquedos industrializados têm um oco interior que não pode ser suprimido pelo seu próprio brincar e por sua imaginação, criando uma relação de dependência da indústria do entretenimento para sua satisfação constante.”

Pesquisa inédita encomendada em 2019 pelo Programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, e conduzida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Química Verde, Sustentabilidade e Educação (GPQV), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), apresenta importantes dados que alertam sobre os brinquedos de plástico e seu impacto na saúde das crianças e do meio ambiente – “Infância Plastificada: O impacto da publicidade infantil de brinquedos plásticos na saúde de crianças e no ambiente”

Segundo dados da pesquisa, o Brasil é o 7º maior mercado de brinquedos no mundo, o que representa apenas 2,7%  da demanda global. Entretanto o Brasil tem o maior potencial de crescimento de vendas, uma vez que 20 milhões de crianças brasileiras ainda não têm acesso a brinquedos.

Diante da ganância da indústria e do comércio em relação ao potencial do mercado brasileiro, cabe a nós exigirmos a produção de produtos alinhados a responsabilidade com as questões ambientais e de sustentabilidade planetária por meio do desenvolvimento do design de brinquedos ecológicos, fabricados a partir do reaproveitamento de materiais e novas composições, como plastificantes de fontes renováveis, derivados de produtos vegetais, e biodegradáveis.

 

NATUREZA, O MAIOR E MELHOR PARQUE DE DIVERSÕES E BRINQUEDOS

 

Os ambientes naturais, ricos em áreas verdes, são fonte de um brincar criativo. Sabemos o quanto o brincar é fundamental para o desenvolvimento infantil e a saúde da criança. Entretanto é preciso ressaltar que a potência da atividade lúdica se encontra na própria criança e não apenas nos brinquedos.

É necessário oferecer a criança tempo e espaços que favoreçam o brincar. E não existe lugar mais positivo para isso do que a natureza, o melhor brinquedo. Nela encontramos os estímulos mais ricos e completos para o desenvolvimento integral da criança.

Brincar em espaços naturais coloca a criança diante do potencial lúdico da natureza e expõe os pequenos à riqueza e diversidade dos elementos naturais, descortinando infinitas possibilidades de brincadeiras e invenção dos próprios brinquedos com o que a natureza oferece – gravetos, sementes, folhas, etc.  Brincando com a natureza a criança explora um campo fértil para o exercício da criatividade. As materialidades telúricas são provocadoras, nutrem a imaginação criadora e a vida anímica da criança.

Um passeio na mata, uma caminhada no parque, praça ou jardim, num lugar bonito com pássaros, árvores, plantas, flores, terra úmida e insetos, aguça a curiosidade infantil.

Cheiros novos, sons de pássaros, do vento, das folhas secas. Formas diferentes de folhas, cores variadas de flores. Observar formigas, lagartas, minhocas, musgos, líquens, diversos seres vivos fascinantes para a natureza curiosa e exploratória da criança.

Andar na lama, na chuva. Acompanhar borboletas, subir em árvores, correr entre elas ou se esconder, colher frutos, pegar pedras. Construir brinquedos e composições artísticas com objetos da natureza, dar asas à imaginação. Tudo isso são possibilidades encantadoras dos brinquedos oferecidos pela terra. De forma que ao término da brincadeira, em uma autêntica logística reversa, tudo pode retornar para a natureza decompondo se, e gerando mais vida.

Podemos fazer escolhas simples em prol da saúde da criança, mas para isso é necessário atitudes firmes frente aos apelos de consumo da publicidade das empresas fabricantes de brinquedos. Se estivermos convictos dos efeitos negativos deste excesso de plástico na vida da criança e das consequências para o meio ambiente, tenho certeza que será mais fácil dizer “não” para o próximo brinquedo de plástico.

A saúde da criança e do meio ambiente dependem da nossa reconexão com a natureza em todos os âmbitos da vida e da ética do cuidado a todos os seres viventes.

 

COMO MUDAR HÁBITOS?

A mudança começa com pequenas atitudes e cada um de nós pode fazer a diferença.  A conscientização sobre nossos atos e hábitos é o primeiro passo. Comece analisando a quantidade de brinquedos de plástico que você tem em casa. Essa análise também é válida para as escolas, principalmente as escolas de Educação Infantil.

Algumas atitudes podem contribuir para as mudanças que queremos ver no mundo:  o incentivo ao brincar livre na natureza, a aquisição de brinquedos feitos de outros materiais, a redução do consumismo de brinquedos plásticos, o aumento da vida útil dos brinquedos de plástico que as crianças já possuem por meio do  incentivo a práticas de trocas, empréstimos  e doação de brinquedos, a adoção de  brinquedos coletivos,  entre outras sugestões.

 

A REVOLUÇÃO DO BRINCAR SEM PLÁSTICO EM 12 PASSOS

1.Promova o brincar livre na natureza – no quintal de casa, jardim, praças ou parques públicos

2.Incentive as crianças na criação de seus próprios brinquedos, como faziam nossos antepassados, utilizando elementos naturais: gravetos, sementes, folhas, pedras. Vale também papelões, rolhas, tecidos, revistas e jornais, reutilize esses materiais

3.Opte por outros materiais ao adquirir brinquedos novos para as crianças, como os brinquedos artesanais, educativos,  – brinquedos de madeira de reflorestamento, de feltros, bonecas de pano, etc

4.Reduza os brinquedos plásticos deixando disponíveis apenas aqueles com os quais a criança brinca com maior frequência, os seus favoritos

5.Dê um novo destino aos brinquedos mais velhos ou aqueles com os quais a criança não brinca mais, doando-os para instituições. Isso prolongará a vida útil do brinquedo, evitando o descarte

6.Faça os brinquedos circularem entre as crianças organizando feiras de trocas

7.Incentive o empréstimo de brinquedos entre amigos da escola, vizinhança e familiares

8.Adote a prática do brinquedo coletivo entre irmãos e primos, valorizando o acesso em detrimento da posse

9.Leve os brinquedos quebrados aos hospitais de brinquedos para serem recuperados

10.Descarte adequadamente os brinquedos que não têm mais conserto e/ou cobre dos fabricantes a logística reversa

11.Comunique sua família e amigos sobre a sua decisão de reduzir o uso de brinquedos de plástico para obter apoio.

12.Compartilhe fotos, vídeos e dicas de brinquedos feitos de outros materiais em suas redes sociais usando #brincarsemplastico para atrair mais adeptos.

 

Este é sem dúvida um grande desafio para as famílias e para as escolas. Sabemos que não eliminaremos o plástico de nossas vidas totalmente, mas podemos refletir sobre seu uso, nossas escolhas e o consumo de maneira ética.

Precisamos nos unir por um mundo com menos lixo, por infâncias desplastificadas  e crianças com mais saúde. Adote o #brincarsemplastico em sua casa e em sua escola.

CONVITE ESPECIAL: Cadastre-se para receber nossa newsletter e baixar gratuitamente o e-book  ‘Brincando com os 4 elementos da natureza’. Conheça as demais publicações ‘A Turma da Floresta uma brincadeira puxa outra’ e ‘Livro do Educador brincando com a natureza’.  Acompanhe o Educando Tudo Muda pelo Instagram @educandotudomuda

Abraço afetuoso e saúde

Ana Lúcia Machado

Educação ambiental – quando e como começar

Educação ambiental, quando e como começar

Precisamos refletir à cerca do impacto que nós, seres humanos, causamos neste organismo vivo que é a Terra, repensado nossa maneira de ser e estar no mundo.

Estamos diante do esgotamento do planeta devido a exploração de seus recursos naturais por meio de demandas cada vez maiores de bens de consumo, excesso de produção de resíduos, poluição do ar, dos rios, mares e envenenamento do solo.

educação ambientalVivemos uma crise civilizacional generalizada e sem precedentes. O que acontecerá à Terra se continuarmos consumindo e explorando seus recursos? Essa não é a pergunta correta. Devemos sim perguntar: o que acontecerá ao ser humano?

Essa resposta já foi dada em 1854 pelo cacique Noah Sealth da tribo Duwanaish quando dirigiu-se ao então presidente dos EUA Franklin Pierce que insistia em querer comprar as terras de seu povo indígena, dizendo:

 

“O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um dos fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.”

 

O chefe Sealth num documento legendário disse mais:

“Esta terra é sagrada para nós. Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo…”

 

Na ‘Conferência Mundial sobre a Educação para o Desenvolvimento Sustentável’ que aconteceu online em maio, a UNESCO, depois de ter analisado os currículos de educação de 50 países, apelou a todos os participantes que coloquem a Educação Ambiental no centro dos currículos escolares até 2025, uma vez que os atuais currículos não abordam a mudança climática, e apenas 19% deles tratam sobre biodiversidade.

O estudo da UNESCO, Aprender pelo nosso planeta, mostrou que a educação tradicional não tem preparado os alunos para  atuarem em um mundo onde as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade se apresentam como uma das maiores ameaças à vida humana.

A diretora geral da Unesco, Aidrey Azoulay  afirmou que  “A educação deve preparar os alunos para compreenderem a atual crise ambiental […]. Para salvar o planeta, devemos transformar a nossa forma de viver, produzir, consumir e interagir com a natureza.”

Educação ambiental, quando e como começar

educação ambientalA verdadeira educação ambiental se dá por meio do experienciar. Acontece quando oportunizamos às crianças interações diretas com a natureza.

Falar sobre a preservação do meio ambiente entre quatro paredes, dentro da sala de aula, não despertará o interesse das crianças pelo mundo natural.

Nas palavras do poeta e romancista indiano Rabindranath Tagore, em seu livro Meditações, ele diz:

 

“roubamos da criança esta terra, que é dela, para lhe ensinar geografia; roubamos sua linguagem, para lhe ensinar gramática. Ela tem fome do épico, e não lhe damos mais que crônicas de acontecimentos e datas…Todos nós sabemos que as crianças amam a terra; seu corpo e sua mente estão, como as flores, sedentos de luz, de sol, de ar. Elas jamais se sentem inclinadas a deixar de ouvir os constantes convites que o universo faz a seus sentidos para que se estabeleça uma comunicação direta entre eles.”

 

A este sentimento das crianças de afinidade inata com a natureza, chamamos biolifia.

A infância é o período mais importante para o trabalho educativo de base.  A educação ambiental deve iniciar nesta etapa da vida por meio de experiências vivas e reais em ambientes ricos em áreas verdes. Daí advém a atitude ética do cuidado com o meio ambiente.

educação ambientalO cuidado está na essência do humano. Ele é a base possibilitadora da existência humana enquanto humana, como afirma Leonardo Boff. Se negligenciarmos essa base, caminharemos para nossa própria extinção. Precisamos resgatar essa essência. Boff atribui a falta de cuidado à desconexão com o TODO, ao desconhecimento de que todas as coisas estão ligadas umas às outras.

No final da década de 70, um professor da Universidade Estadual de Iowa, Thomas Tanner, investigou a vida de ambientalistas na tentativa de identificar o que os havia atraído para o ativismo ambiental, e descobriu que a influência mais significativa foi a experiência vivida na natureza, em zonas rurais ou lugares de natureza selvagem.

Em 2006, Nancy Wells e Kristi S. Lekies, pesquisadoras da Universidade de Cornell, desenvolveram estudos para investigar a influência da infância na formação de ambientalistas. Cerca de duas mil pessoas com idades entre 18 e 90 anos foram entrevistadas com o intuito de averiguar a possível relação entre o grau de exposição da criança à natureza e o nível de consciência ambiental na idade adulta.

A preocupação dos adultos pelo meio ambiente e o comportamento que isto gera, tem relação direta com a participação em atividades na natureza selvagem nos primeiros anos de vida. O estudou sugeriu ainda que o brincar livre na natureza é muito mais efetivo do que atividades comandadas por adultos.

Uma década depois, a pesquisadora Catherine Broom da Universidade de British Columbia concluiu em seus estudos que, quanto mais uma criança cresce em contato com áreas verdes, maior a sua chance de apreciar e cuidar do meio ambiente na fase adulta. Oitenta e sete por cento das pessoas participantes da pesquisa que tiveram oportunidades de brincar ao ar livre em contato com o mundo vivo, durante a infância, ainda mantinham o afeto pela natureza quando adultos, e oitenta e quatro por cento desses jovens disseram que cuidar do meio ambiente é uma prioridade para eles.

Diante de tudo isso, se quisermos garantir uma nova geração de cuidadores do meio ambiente, precisaremos resgatar os vínculos das crianças com a natureza e investir na formação de um reservatório de experiências vivas e reais nos primeiros anos de vida, estimulando a apreciação e o respeito pela natureza e por todos os seres vivos.

Apreço pela naturezaA literatura infantil também tem se ocupado com a questão do meio ambiente. Os livros podem despertar o apreço pela natureza. Uma boa história de aventura em ambientes naturais pode influenciar de maneira positiva as crianças e incentivar o interesse pelo mundo vivo.

O clássico  O menino do dedo verde de Maurice Druon, publicado originalmente em 1957, considerada uma obra inovadora por ser a primeira a tratar de ecologia, é um bom exemplo de uma história inspiradora que desperta o olhar para a natureza. Druon apresenta um menino que rompe os muros da escola para conhecer o mundo na prática, aprender com a vida real – a melhor escola.

Já o livro ‘O quintal da minha casa’, recém lançado pela Editora Companhia das Letrinhas, fala sobre seres vivos e imaginários que habitam nosso quintal – muitas plantas e bichos. Nele tem céu estrelado, sol, chuva e muitas pessoas diferentes. Acontece que andaram mexendo no nosso quintal e tudo passou a desandar- o que deveria ser preservado, começou a ser destruído. Essa obra convida a refletir sobre o meio ambiente e como estamos cuidando de nosso planeta

Pouco podemos esperar de um adulto que não teve contato com a natureza na infância em termos de consciência de preservação ambiental. Atitude pró-ambiental na fase adulta resultará de crianças que criaram vínculos de afeto com a natureza pois cuidamos daquilo que amamos, e amamos aquilo que conhecemos.

‘Dê às crianças a chance de amar a Terra antes de pedir que elas a salvem’, é o que diz sabiamente David Sobel, professor norte americano da Universidade de New England.

Abraço carinhoso e saúde

Ana Lúcia Machado

BRINQUEDOS DE PLÁSTICO – IMPACTO NA SAÚDE INFANTIL E NO MEIO AMBIENTE

brinquedo de plástico

Pesquisa inédita apresenta dados alarmantes sobre brinquedos de plástico e seu  impacto  na saúde infantil e no meio ambiente.

O plástico é uma das invenções revolucionárias do século XX. Em 1907, o belga Leo Baekeland criou o primeiro plástico totalmente sintético, dando início a Era dos plásticos feitos à base de petróleo, carvão e gás natural. De lá para cá, as empresas petroquímicas criaram inúmeros tipos de plásticos – poliéster, PVC, náilon, poliuretano, teflon, silicone, para as mais variadas utilidades e o resultado é que hoje se produz 265 milhões de toneladas de plástico por ano.

Brinquedo de plásticoJá parou para pensar que quase tudo ao nosso redor é composto por plástico e o quão presente ele está na vida das crianças? Muitos utensílios infantis de uso diário são feitos desse material: mamadeiras, chupetas, copos, pratos e principalmente brinquedos.

Pesquisa inédita encomendada pelo Programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, e conduzida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Química Verde, Sustentabilidade e Educação (GPQV), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), apresenta dados alarmantes que alertam sobre os brinquedos de plástico e seu impacto na saúde das crianças e do meio ambiente:

“Infância Plastificada: O impacto da publicidade infantil de brinquedos plásticos na saúde de crianças e no ambiente”

BRINQUEDOS DE PLÁSTICO – DANOS A SAÚDE INFANTIL E AO MEIO AMBIENTE

O mercado de brinquedos no Brasil tem movimentado anualmente cerca de R$ 10,5 bilhões, despejando regularmente novidades nas prateleiras das grandes redes varejistas, atraindo as crianças e levando-as a desejar com frequência um novo brinquedo.

Atualmente, 90% dos brinquedos fabricados no mundo são feitos de plástico. Entretanto nem todo tipo de plástico é adequado para a produção de brinquedos. Algumas  substâncias são tóxicas para as crianças, como o ftalato , substância química que amolece o plástico PVC  –  o mais usado na fabricação dos brinquedos.

Um estudo apresentado na pesquisa analisou a composição de alguns brinquedos de plástico de baixo custo e identificou nas amostras alguns metais, tais como o cádmio, chumbo, cromo e até mesmo vestígios de tório – elemento radioativo.  Essas substâncias contaminam o ar e podem ser inaladas, absorvidas pela pele e também ingeridas pela criança ao levar o brinquedo à boca, colocando em risco sua saúde, podendo  causar  asma, alergia, câncer,  problemas hormonais, reprodutivos, de desenvolvimento.

O PLÁSTICO LIBERA SUBSTÂNCIAS TÓXICAS QUE SÃO ABSORVIDAS PELO ORGANISMO

A contaminação tóxica por brinquedos de plástico também pode acontecer  acidentalmente por aspiração. Casos de objetos aspirados por crianças de 0 a 4 anos, levantados em uma pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em Otorrinolaringologia, mostraram que 91 % das ocorrências foram aspirações de pequenos artefatos de plástico.

 

BRINQUEDOS DE PLÁSTICO – NÚMEROS ALARMANTES

Brinquedos de plásticoEstima-se que aproximadamente 1,38 milhão de toneladas de brinquedos de plástico serão produzidos até 2030 e que 582 mil toneladas de embalagens de brinquedos serão  descartadas. Estes produtos, por conta da mistura de tipos de plásticos e a adição de outros materiais, como pigmentos e brilho, torna a reciclagem praticamente impossível.

Desta forma, o oceano é o destino dado a esse descarte na maioria das vezes, colocando o Brasil em 16º lugar num ranking de países que mais descartam resíduos plásticos no oceano.

Considerando que alguns plásticos podem demorar até 500 anos para decompor-se, talvez todos os brinquedos de plástico fabricados até hoje estejam ainda por aqui. Sabe-se também que ao fragmentar-se em microplásticos, esses resíduos contaminam a água, os alimentos, e também outros organismos vivos.

Na Alemanha, pesquisadores do Instituto Robert Koch  e do Ministério do Meio Ambiente, investigaram  a quantidade de subprodutos plásticos no organismo de 2.500 crianças e adolescentes de 3 a 17 anos, e identificaram em 97% das amostras de sangue e urina partículas de matérias plásticas.

De acordo com o estudo, essas partículas estão aparecendo cada vez mais no corpo humano. Entre elas, a mais preocupante é a do ácido perfluorooctanóico (PFOA), substância perigosa para o sistema reprodutivo e tóxica para o fígado, usada em panelas antiaderentes e em roupas impermeáveis.

A pesquisa traz também um dado da associação ambientalista Word Wilde Fund for Nature (WWF) que afirma que já estamos ingerindo aproximadamente 5 gramas de plástico por semana ao beber água e cerveja engarrafada, ao comer frutos do mar, e ao temperar a comida com sal.

 

A VULNERABILIDADE DAS CRIANÇAS

O consumo desenfreado do plástico é sem dúvida um dos grandes desafios da atualidade. Tudo isso nos leva a pensar na urgência do consumo consciente e da economia circular. Faz refletir sobre a vulnerabilidade das crianças e a nossa responsabilidade enquanto pais e educadores, afinal somos nós que apresentamos o mundo a elas e que podemos influenciar a formação de hábitos e valores de consumo sustentáveis.

Na maioria das vezes, nós adultos, nos sentimos impotentes frente à avidez das empresas fabricantes de brinquedos aliada às estratégias persuasivas dos especialistas da propaganda e do marketing.  A publicidade tem um alvo bem específico: o lado emocional do ser humano. Os  apelos das campanhas publicitárias atingem diretamente nossos corações. Se até nós somos fortemente seduzidos e sentimos dificuldades de colocar freio nos impulsos consumistas, imagine como uma criança, em sua vulnerabilidade, é impactada.

A exposição precoce das crianças à comunicação mercadológica via programas televisivos e internet é extremamente nociva à saúde mental dos pequenos, além de deseducadora. A criança não tem a capacidade crítica para distinguir conteúdos de apelos publicitários, tornando-se presa fácil do mercado de consumo. A mediação de adultos responsáveis pela criança é fundamental durante a etapa de desenvolvimento físico, cognitivo, psíquico, emocional e social infantil.

PARA PENSAR

Algumas perguntas são importantes para a busca de soluções dos problemas socioambientais que enfrentamos:

Com quantos brinquedos se faz uma infância feliz? É preciso brinquedo para brincar? Brinquedo precisa ser de plastico? O que é um bom brinquedo? 

Sob o ponto de vista da imaginação e criatividade infantil, os brinquedos industrializados feitos de materiais sintéticos criam uma situação de passividade na criança, provocam uma atrofia psíquica, um certo “empreguiçamento”  e empobrecimento da vida interior. Uma  vez que esses brinquedos são desenvolvidos para  funcionalidades específicas, entregam a ela um produto pronto, rígido, limitando a atuação da criança e na maioria das vezes fazendo dela mera  expectadora ou executora.

Em termos de estímulos sensoriais, o plástico é um material extremamente limitado e pobre para o desenvolvimento infantil  – sem cheiro; é frio e liso ao tato; é leve, possui tamanho desproporcional ao peso de cor forte e antinatural. O plástico é um imitador de realidades, como diz Gandhy Piorski em seu livro Brinquedos do chão, induzindo a criança a falsas sensações e distanciando-a dos processos de aprendizagens do mundo vivo.

UMA ESCOLHA SAUDÁVEL – BRINCANDO COM A NATUREZA

Sabemos o quanto o brincar é importante para uma infância saudável. Entretanto é preciso ressaltar que a potência da atividade lúdica se encontra na própria criança e não nos brinquedos. Precisamos apenas oportunizar a ela um ambiente que favoreça  a brincadeira. E não existe ambiente mais positivo para isso do que a natureza. Nela encontramos os estímulos mais ricos e completos para o desenvolvimento integral da criança.

Brincar em espaços  naturais coloca a criança diante do potencial lúdico da natureza e expõe os pequenos à riqueza e diversidade dos elementos naturais, descortinando  infinitas possibilidades de brincadeiras e invenção dos próprios brinquedos com o que a natureza oferece – gravetos, sementes, folhas, etc.  Brincando com a natureza a criança explora um campo fértil para o exercício da imaginação nutrindo sua vida anímica.

Podemos fazer escolhas simples em prol da saúde da criança, mas para isso é necessário atitudes firmes frente aos apelos de consumo da publicidade das empresas fabricantes de brinquedos. Se estivermos convictos dos efeitos negativos deste excesso de plástico na vida da criança e das consequências para o meio ambiente, tenho certeza que será mais fácil dizer não para o próximo brinquedo de plástico.

A saúde da criança e do meio ambiente dependem da nossa reconexão com a natureza em todos os âmbitos da vida e da ética do cuidado a todos os seres viventes.

Confira a pesquisa  “Infância Plastificada: O impacto da publicidade infantil de brinquedos plásticos na saúde de crianças e no ambiente”.

 

Abraço caloroso e saúde

Ana Lúcia Machado

A EDUCAÇÃO ECOLÓGICA COMEÇA COM A EDUCAÇÃO DOS SENTIDOS – CRIANÇA E NATUREZA

A educação ecológica começa com a educação dos sentidos

A educação ecológica começa com a educação dos sentidos  no decorrer da infância.

Estamos diante de uma geração de analfabetos ecológicos – crianças cada vez mais afastadas do mundo natural, que desconhecem a procedência dos alimentos que levam à boca. Acham que o leite vem da embalagem Tetra Pack. Não sabem que o bifinho é a carne do boi abatido de forma violenta. Não sabem nem identificar as frutas e legumes comuns da culinária do dia a dia.

A educação ecológica começa com a educação dos sentidos

Esta é uma geração que passa a maior parte do dia confinada em ambientes fechados, distantes da luz do sol, do contato com a natureza e que conhece o reino mineral, vegetal e animal por meio das telas de cristal líquido.

O documentário Muito além do peso de 2012, disponível na plataforma  *Videocamp,  aborda o tema da obesidade infantil  e aponta a ignorância das crianças em relação aos alimentos produzidos pela terra.  O fime mostra como as crianças confundem mamão com abacate, beringela com rabanete, e não são capazes de identificar uma abobrinha, um pimentão, uma beterraba, etc.

Entretanto ao apresentar à elas as embalagens de “alimentos” ultraprocessados, reconhecem de imediato as marcas e logo dizem o nome desses produtos, chegando ao absurdo de identificarem a batata apenas pelo pacote de salgadinho frito.

No livro Desemparedamento da infância, uma professora da Educação Infantil da cidade de Novo Hamburgo (RS), relata uma história alarmante. Ela e sua turma, por falta de área verde na escola, passaram  a frequentar um espaço arborizado da igreja vizinha à instituição educacional. Assim que começaram a desfrutar do amplo gramado repleto de árvores frutíferas, era a época final do ciclo das frutas e haviam muitas caídas de maduras pelo chão. As crianças ao verem as laranjas espalhadas pelo gramado, ficaram indignadas e perguntaram: -Quem jogou as laranjas no chão? Elas não fizeram relação entre a laranjeira e as laranjas caídas no gramado.

Será que não chegamos ao ápice da desconexão com a vida?

A educação ecológica começa com a educação dos sentidosVivemos como nunca antes um distanciamento entre homem e natureza, e consequente ruptura com processos de vida. Até 2050, segundo dados da ONU, 66% da população mundial se concentrará em centros urbanos. No Brasil este percentual já está na ordem de 84%. Um dos resultados desse êxodo rural é que vivemos como se não fizéssemos parte da natureza e como se dela não dependesse nossa sobrevivência.

 

 

LEIA TAMBÉM:

BRINCANDO COM OS QUATRO ELEMENTOS DA NATUREZA

BRINCAR NA NATUREZA – PROJETO PLAYOUTSIDE

 

EDUCAÇÃO DOS SENTIDOS VERSUS EDUCAÇÃO ECOLÓGICA

A natureza é o espaço de pertencimento da criança, de suas raízes com a Terra.  A partir da relação com o mundo natural,  um mundo que exala aromas, floresce, frutifica e emite sons nativos, por meio do próprio corpo e sentidos, a criança apreende os princípios que regem a vida na Terra – seus ciclos de nascimento e morte,  fluxos, processos dinâmicos, e aprende brincando, na linguagem da infância.

Como podemos reaproximar a infância ao mundo natural? 

Estimular todos os sentidos da criança com formas primordiais, substancias vivas, e materiais orgânicos é fundamental para restabelecer esta conexão.

A educação ecológica começa com a educação dos sentidos

Essa reaproximação pode iniciar pela boca, por meio de uma alimentação saudável. Comece substituindo as idas ao supermercado com as crianças nos fins de semana pelas compras em feiras livres. Sim aquelas  onde os feirantes anunciam aos berros os preços promocionais das baciadas de chuchus, mandioquinhas, pimentões e que gentis oferecem  generosas fatias de melancia, abacaxi, melão, para degustação. Ali as crianças aprenderão de forma divertida, com a simpatia dos feirantes, os nomes das frutas e legumes e experimentarão alimentos que em casa recusam dizendo não gostar sem nunca ter provado.

Depois troque o pedido de comida por aplicativo no sábado à noite pela ocupação da cozinha por toda a família. A cozinha é lugar de encantamento, de memórias afetivas e de riqueza de estímulos sensoriais – as formas e texturas, as cores dos alimentos, os aromas e sabores.

Convide as crianças para ajudar a preparar as refeições. Elas poderão descascar, lavar, misturar, amassar  e sentir o delicioso aroma dos temperos enquanto a comida está no fogo. Dá mais trabalho? Leva mais tempo? Sim, com certeza, mas o resultado torna compensador todo o esforço.

ONDE A VIDA PULSA E ACONTECE AO VIVO

Proporcionar e incentivar o brincar livre das crianças em áreas verdes é  também fundamental para a relação da criança com a natureza. É algo simples, acessível, custa pouco, gera alegria  e um profundo sentimento de ligação  e interdependência entre os seres viventes. Brincar na natureza em contato com os elementos é em essência criar raízes com a Terra.

Experimente levá-las ao parque e fazer uma caminhada atentos ao assobio do vento, ao canto dos pássaros. Aos poucos isso gera uma quietude que permite até ouvir a própria respiração, o ar que entra e sai dos pulmões. Que outros sons é possível escutar? Talvez o barulho dos passos das crianças ao pisar em folhas secas. Permita também que elas fiquem descalças para sentir a energia natural da terra. Que sensação tudo isso traz?

Caminhe de olhos bem abertos deixando que cada investigação das crianças, cada minúcia do percurso se transforme em assombro, em suspiros de encantamento.

Rubem Alves  disse que “o ato de ver não é coisa natural, precisa ser aprendido”. O olhar precisa ser apurado para permitir que a alma infantil registre as imagens grandiosas da vida que pulsa. Para que elas possam ir além dos limites dos matizes dos lápis do estojo escolar.

Saiba que toda criança é um pequeno cientista. O contato com a natureza propicia a observação de formigas, lagartas, minhocas, musgos, líquens – diversos seres vivos fascinantes para a essência curiosa e exploratória das crianças. Dê à elas a oportunidade de colher pelo caminho folhas, flores, sementes, galhos, pedras, e com esses achados inventar brinquedos e brincadeiras divertidas.

A educação ecológica começa com a educação dos sentidosDevemos ser zelosos quanto ao mundo que apresentamos às crianças. Raffi Cavoukian, ativista da infância, fundador do Centre for Child Honouring, fala que “nenhuma tela de computador vai dar a criança uma brisa suave de verão nem o aroma da primavera, e nenhum toque que realmente emocione virá de representações artificiais do mundo.

Como experimentar a sensação refrescante de uma árvore depois de horas ao sol se não de maneira real, sentido na pele a alternância do quente para o frio?  Como apreciar  o cheiro de terra molhada se não andarmos sobre ela após a chuva? Como conhecer o aroma do eucalipto se não partirmos um galho com as mãos? Experienciar  no mundo real é primordial para uma aprendizagem positiva e verdadeira.

Daí  advém a atitude ética do cuidado com o meio ambiente. A criança em contato com o mundo natural é o potencial cuidador e preservador  da natureza porque em seu corpo haverá registros dessa interação.

A primeira infância é o período mais importante para o trabalho educativo de base.  A verdadeira educação ecológica tem início nesta etapa da vida. Dá-se por meio de experiências vivas e reais em ambientes ricos em áreas verdes.

A educação ecológica está diretamente ligada à educação dos sentidos. Acontece à luz do sol, ao contemplar do arco-íris depois de uma forte chuva de verão, no comer das frutas colhidas no pé, no alcançar o galho mais alto de uma árvore, sentindo a aspereza do seu tronco, e a lisura das suas folhas, no chapinar das poças d’água, no sentir a força do vento ao colocar no alto a pipa colorida.

A educação ecológica começa com a educação dos sentidos

Projeto Playoutside – alegria de brincar na natureza

Pouco podemos esperar de um adulto que não teve contato com a natureza na infância em termos de consciência de preservação ambiental, pois só cuidamos e amamos aquilo que conhecemos, com o qual temos algum vínculo de afeto.

Devemos nos conscientizar de que tanto a família quanto a escola desempenham um papel fundamental no  estabelecimento e incentivo da conexão das novas gerações  com a natureza.

 

 

 

Vivenciar o mundo natural de maneira lúdica e artística, é o caminho para a educação ecológica  e da formação de uma nova geração de guardiões da natureza. Todo empenho no sentido da preservação ambiental será em vão caso não se restabeleça a relação da infância com a natureza e se cultive uma existência harmônica entre todas as espécies viventes.

 

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Abraço caloroso

Ana Lúcia Machado

*É possível baixar o arquivo do filme bastando se cadastrar na plataforma e organizar sua sessão.

 

 

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CRIANÇA E NATUREZA NA VISÃO DE RICHARD LOUV

CRIANÇA E NATUREZA –  UM MOVIMENTO PELA SUSTENTAÇÃO DA VIDA

Criança e natureza são indissociáveis na visão de Richard Louv. Na minha visão também.

Você sabe quem é Richard Louv?  Trata-se de  um jornalista norte  americano, especialista em Advocacy pela infância. Fundador da Children Nature Network, é  considerado uma das maiores autoridades mundiais no tema criança e natureza.

criança e natureza

 

É também autor de vários livros – dois traduzidos para o português: O Principio da Natureza’, de 2014 e  ‘A Última Criança na Natureza, publicado em 2016 em parceria com o Instituto Alana,  dentro do programa Criança e Natureza. 

Estatísticas revelam que atualmente mais de 80% da população brasileira vive em cidades e que as crianças que moram nos grandes centros urbanos passam 90% do seu tempo em locais fechados, dentro de casa,  em frente da televisão, jogando vídeo games, ou nas escolas dentro de salas de aula. Quando saem com os pais vão ao shopping, restaurante ou cinema.

Doenças que passaram a ser comuns entre as crianças nos dias de hoje, tais como  transtorno de hiperatividade, déficit de atenção, depressão, pressão alta e diabetes, estão diretamente ligadas com a falta de natureza.

 

 

Em “A última criança na natureza”, o jornalista aponta inúmeros estudos sobre os benefícos do contato com a natureza. Apresenta provas constatáveis e conta histórias pessoais interessantes, mostrando como a relação com o mundo natural estimula o desenvolvimento integral da criança, melhora a saúde e gera bem estar, entre muitas outras benesses.

Ele cunhou o termo ‘transtorno de déficit de natureza’ para ALERTAR sobre o estilo de vida contemporâneo que está levando as crianças a crescer distantes do meio ambiente e de seus  processos de vida, gerando vários problemas físicos e mentais.

No livro ‘O Principio da Natureza’, Louv afirma que “quanto mais tempo do nosso dia passarmos na companhia de tecnologia, mais tempo precisaremos passar na companhia da natureza”.

Se quisermos promover a saúde e bem estar da nossa espécie precisaremos equilibrar a balança entre o tempo que passamos em ambientes fechados, conectados à internet e assistindo à televisão, e o tempo que dedicamos à atividades ao ar livre, em contato direto com a natureza.

Ele também sugere que, para cada R$1 gasto pelo sistema educacional, nas escolas de um país, em projetos ligados à tecnologia, como por exemplo acesso à internet, seja gasto no mínimo  o mesmo valor em projetos voltados a reconexão das crianças à natureza.

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CRIANÇA E NATUREZA –  COMO EQUILIBRAR ESTA BALANÇA

Entrevistado por Alexandre Mansur,  da revista Época, Richard Louv  diz:

“Nas próximas décadas, os desafios ambientais exigirão mudanças fundamentais em nossas vidas e nas instituições. Precisaremos de líderes que entendam como o mundo natural funciona e como os humanos são parte da natureza.”

 

 

Acompanhe os trechos principais da entrevista que fala sobre como promover a relação criança e natureza, cidades amigáveis para a infância, políticas públicas e como integrar  natureza e escolas.

Por que as crianças precisam de contato com a natureza?
Richard Louv – O professor de Harvard Edward O. Wilson tem uma teoria chamada biofilia. Ele sugere que os seres humanos têm atração inata pela natureza. E que precisamos de experiências na natureza para nossa saúde mental e física. A pesquisa, a experiência e o bom-senso sugerem que nossa atração e necessidade de ambientes naturais e envolvimento com outras espécies são fundamentais para nossa saúde, nossa sobrevivência e nosso espírito. Essa conexão é parte de nossa humanidade.

Quando o senhor fala de contato com a natureza está se referindo a parques ou jardins urbanos ou a áreas naturais selvagens como as de parques nacionais?
Louv – Idealmente, o que chamamos de natureza deveria ser uma incubadora de biodiversidade. Devia servir para restabelecer a saúde e o bem-estar dos humanos. Devia ser um santuário para a vida selvagem e plantas nativas. Mas qualquer espaço verde oferece benefícios para o bem-estar físico e mental das crianças. A conexão com a natureza deve ser ocorrência diária. Se projetarmos as cidades para funcionar em harmonia com a natureza e a biodiversidade, essa conexão será um padrão comum. Uma novidade interessante agora é a popularidade crescente da natureza nas pré-escolas. É lá que as crianças aprendem sobre vida selvagem, enquanto aprendem a ler. Nas próximas décadas, os desafios ambientais exigirão mudanças fundamentais em nossas vidas e nas instituições. Precisaremos de líderes que entendam como o mundo natural funciona e como os humanos são parte da natureza.

A maioria da população vive em cidades. No Brasil, isso significa metrópoles com pouca conexão com a natureza. Quais são as consequências para as crianças que crescem cercadas por cimento e asfalto com pouco ou nenhum contato com a natureza?
Louv – À medida que as crianças passam menos tempo em áreas naturais, seus sentidos ficam limitados, no sentido fisiológico e psicológico. Acrescente a isso uma infância exageradamente organizada e a desvalorização das brincadeiras espontâneas. Isso tem enormes consequências para as capacidades de a criança se autorregular. Isso reduz a riqueza das experiências humanas e contribui para uma condição que chamo de “transtorno de déficit de natureza”. Criei esse termo como uma expressão forte para descrever  o que muitos de nós acreditam que sejam os custos da alienação da natureza. Entre esses prejuízos estão um menor uso dos sentidos, dificuldades de atenção, índices elevados de doenças mentais, maior taxa de miopia, obesidade adulta e infantil, deficiência de vitamina D e outros problemas. A ciência estabeleceu correlação entre experiências no mundo natural e melhoras em todas essas condições. É óbvio que o transtorno de déficit de natureza não é um diagnóstico médico. Mas podemos considerá-lo como uma doença da sociedade. Hoje, crianças e adultos que trabalham e estudam num mundo cada vez mais dominado pelo ambiente digital gastam grande energia bloqueando muitos dos sentidos humanos, inclusive alguns que nem sabemos que temos. Fazem isso para concentrar de forma estreita o foco na tela diante dos olhos. Essa é a definição exata de estar menos vivo. Qual pai quer que seus filhos estejam menos vivos? Quem dentre nós quer estar menos vivo? A questão aqui não é ser contra a tecnologia, que nos oferece muitos benefícios, mas encontrar um equilíbrio. Precisamos oferecer a nós e nossas crianças uma vida rica e um futuro rico em natureza.

Estamos ensinando nossas crianças a valorizar a natureza?
Louv –  Nos Estados Unidos – e, pelo que sei, no Brasil –, o mundo natural foi desvalorizado na mídia e na educação, com exceção de alguma ênfase em espécies carismáticas. Mas estamos vendo algum progresso. Um número crescente de homeschoolers [crianças que estudam em casa] e escolas primárias e secundárias independentes estão incorporando experiências naturais no ensino. Não é só ler sobre natureza, mas usar os hábitats naturais como ambiente para várias atividades. Algumas escolas de vanguarda também estão fazendo isso. Estou otimista que isso continue a se expandir à medida que educadores e pais aprendam mais sobre a relação entre a natureza e o desenvolvimento infantil. Num cenário ideal, novas escolas serão projetadas com a natureza em mente. E as escolas antigas serão reformadas com espaços de recreação que incorporam a natureza no projeto central. Outra abordagem é usar as reservas naturais para trabalhos escolares ou a inclusão de fazendas e sítios como parte dessas novas instalações escolares. Precisamos incorporar a educação da natureza, e o conhecimento dos efeitos positivos, no treinamento de todo professor. Precisamos dar crédito aos muitos professores que insistiram em expor seus alunos à natureza, apesar da tendência na direção oposta rumo a um mergulho na tecnologia e na desvalorização das atividades ao ar livre. Os professores e escolas não podem fazer isso sozinhos. Os pais, políticos e toda a comunidade precisam participar. Esse tema precisa ser incluído nas faculdades de pedagogia.

O contato com a natureza é instrumento pedagógico?
Louv – Fala-se muito de tecnologia nas escolas. Mas a grande vanguarda em educação não são tablets nem computadores, mas pomares, hortas e jardins. Pesquisas sugerem que o contato com a natureza é elemento fundamental para nossa habilidade de pensar e criar. Precisamos da natureza como antídoto para alguns dos efeitos negativos da tecnologia. A maior capacidade multitarefa é viver simultaneamente no mundo digital e no físico. Quanto mais hi-tech nossa vida fica, de mais natureza precisamos. Na educação, para cada dólar investido em tecnologia virtual, precisamos investir o mesmo no mundo real – especialmente criando mais ambientes de aprendizagem em áreas naturais. Se fizermos isso, as crianças ficarão bem. Recentemente, visitei uma escola com ensino baseado na natureza numa região pobre. A escola tem conseguido mais avanço acadêmico do que qualquer outra no local.

Os próprios pais e professores também perderam suas conexões com o mundo natural. O que podemos fazer?
Louv – Muitos adultos estão dando mau exemplo. Eles ficam cada vez mais dentro de espaços fechados. Passam mais tempo com os eletrônicos e, como seus filhos, sofrem problemas de saúde relacionados a isso. O aumento da obesidade para adultos e jovens é um sintoma. A maioria das crianças e jovens simplesmente não sabe o que está perdendo. Nunca é cedo demais – ou tarde demais – para ensinar crianças e adultos a apreciar e se conectar com atividades ao ar livre. Pessoalmente, acho que passar tempo ao ar livre é vital para todas as idades. Certamente é verdade que líderes em conservação tiveram experiências na natureza que mudaram suas vidas durante a infância. Logo, as crianças de hoje que tiverem essas experiências positivas na natureza vão dar uma grande contribuição à sociedade como cuidadores da Terra. Se a hipótese de biofilia de E.O. Wilson estiver correta, nós, como espécie, estamos geneticamente programados para termos afinidade com o resto da natureza. Se isso for verdade, então nunca será tarde e você nunca estará velho demais para destravar essa conexão.

Se as pessoas têm tantos bons sentimentos associados à natureza, por que tantos aceitam o desmatamento para a expansão urbana?
Louv- Uma razão é a competição econômica baseada na falsa premissa de que a natureza e a vida humana são coisas separadas. No entanto, muitas pessoas estão percebendo que criar mais natureza nas imediações é um bom investimento. Os benefícios de áreas naturais nas proximidades pode ser sentido pelos sistemas de saúde. Também têm efeitos positivos no sistema de educação, para a qualidade de vida, para o valor das propriedades e nos índices de criminalidade.

O senhor acredita que a exposição à natureza pode reduzir o uso de Ritalina para tratamento de síndrome de déficit de atenção?
Louv – Várias pesquisas relacionam a experiência na natureza com a redução dos sintomas de síndrome de déficit de atenção. Alguns dos trabalhos mais importantes nessa área foram feitos no Laboratório de Pesquisa de Humanos e Ambiente da Universidade de Illinois por Andrea Faber Taylor, Ming Kuo e William Sullivan. Em uma série de estudos, eles descobriram que espaços ao ar livre estimulam brincadeiras criativas, melhoram o acesso da criança à interação positiva com adultos e reduzem os sintomas de síndromes relativas a déficit de atenção. Quanto mais verde for o ambiente, maior o benefício. Em compensação, atividades internas ou atividades ao ar livre em áreas pavimentadas prejudicam as crianças. Os pesquisadores descobriram que contato com áreas verdes durante a infância – mesmo que olhando uma paisagem verde pela janela – reduz especificamente os sintomas de déficit de atenção. Como eles escreveram na revista científica Environment and Behavior, atividades ao ar livre em geral ajudam, mas “atividades em ambientes naturais têm maiores chances de melhorar o foco e a concentração de crianças com síndrome de déficit de atenção”. O estudo mais recente de Taylor e Kuo mostra que o grau de atenção de crianças sem medicação diagnosticadas com a síndrome era mais alto depois de uma caminhada de 20 minutos num parque com cenário natural do que depois de um passeio numa área urbana. Outros estudos na Suécia e nos Estados Unidos reforçam essas descobertas. Alguns pediatras americanos mapearam as áreas naturais, mesmo parques urbanos, na região onde atendem. Assim, eles passaram a receitar doses de natureza para os pacientes. Eles indicam os lugares aonde as pessoas podem levar as crianças para ter esse contato.

 Se os humanos são parte da natureza, não podemos dizer que os ambientes urbanos cinzentos criados pelos humanos também são, de certa forma, parte da natureza?
Louv – Sim. As cidades são parte da natureza. Mas qualquer área natural, inclusive as florestas e as instalações urbanas, pode perder o equilíbrio. Pode se autodestruir por doenças ou excesso de uso. Em 2008, pela primeira vez na história, mais de metade da população mundial vivia em cidades. A urbanização continua. A tendência significa que os humanos perderão sua conexão diária com o mundo natural. Ou significará o início de um novo tipo de cidade. Se enxergarmos apenas um futuro apocalíptico, é o que teremos. Mas precisamos imaginar uma sociedade onde nossas vidas fiquem imersas na natureza, assim como hoje estão mergulhadas em tecnologia. No ano passado, a Liga Nacional de Cidades e a Rede Criança & Natureza criaram uma iniciativa de três anos para ajudar 19 mil prefeitos americanos a deixar suas cidades melhores para as crianças e a natureza. Vemos a emergência de projetos biofílicos em nossas casas e ambientes de trabalho.

PARTICIPE: PLAYOUTSIDE – ALEGRIA DE BRINCAR NA NATUREZA 

Criança e natureza

Projeto Playoutside – Alegria de Brincar na Natureza

A mensagem deste ativista pela infância é contundente: coloquem as crianças em contato com a natureza. Toquem elementos vivos que exalam aromas. Pisem com os pés descalços na terra. Respirem fundo e voltem a sentir o mundo natural do qual somos parte.

Seu entusiasmo é contagiante. Ficou com vontade de ler o livro? Acesse o link AQUI:

Quer conhecer outras publicações que falam sobre criança e natureza?

LEIA :  TOP 10 DA EDUCAÇÃO AO AR LIVRE

Se desejar, acesse a entrevista completa aqui.

Vamos juntas (os) verdejar a vida!☀️

 

Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado

 

NOSSA TERRA EDUCADORA

Nossa terra educadora

A história do ser humano sobre a Terra está marcada por um distanciamento progressivo entre homem e natureza, e consequentemente pela ruptura com processos de vida. Apesar de haver em nós uma memória celular da ligação com a Terra, vivemos como se dela não dependesse nossa sobrevivência, como se não fizéssemos parte da natureza.

Hoje a maioria da população brasileira vive em centros urbanos, onde as crianças passam a maior parte do tempo em ambientes fechados, seja dentro de casa – em frente das telas, absorvidas pelo mundo digital, dentro de salas de aulas ou ainda em programas familiares aos fins de semana em shoppings, restaurantes e cinemas.

Os novos hábitos transformaram o ritmo e a rotina das crianças, criando estilos de vida mais individuais, sedentários, desfavorecendo o convívio social, atividades físicas, o exercício imaginativo, e a autonomia da criança.

QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DA DESCONEXÃO COM A NATUREZA PARA A CRIANÇA?

Nossa terra educadora

Parque da Neblinas

A falta de contato com o mundo natural empobrece o repertório da infância, reduz estímulos sensoriais e experiências, o que mais tarde influenciará na capacidade de auto regulação do indivíduo, na aprendizagem, criatividade, e habilidade em lidar com os desafios.

Felizmente um movimento de retorno à natureza tem se espalhado pelo mundo. Muitas iniciativas estão surgindo com o objetivo de expandir a consciência e promover mudanças neste cenário, estimulando o contato com o mundo natural e mais tempo ao ar livre.

 

 

LEIA TAMBÉM: 36 motivos para conectar as crianças à natureza

Uma dessas iniciativas é o programa de Educação Ambiental ‘Meu ambiente’, realizado desde 2010 pelo Instituto Ecofuturo, por meio de uma parceria com a prefeitura de Mogi das Cruzes, e que busca apresentar a natureza como educadora.

O programa atende alunos e educadores da rede pública do entorno do Parque das Neblinas – reserva ambiental da Suzano, gerida pelo Ecofuturo. A partir deste ano esse programa passou a atender mais dois municípios – Bertioga e Suzano, ampliando o número de escolas participantes.

 

Nossa terra educadora

Programa Meu Ambiente

COMO FUNCIONA O PROGRAMA?

Educando Tudo Muda conversou com a bióloga Cleia Ribeiro, uma das responsáveis pelo ‘Meu Ambiente’, que nos contou que o foco é o trabalho com o professor que passa por uma formação por meio de 3 visitas ao parque ao longo do ano.

Na 1ª visita busca-se sensibilizar o olhar do educador e inspirá-lo. Quando na 2ª visita o professor chega com seus alunos, muitas questões já foram trabalhadas e despertadas, o que torna a visita da criança mais enriquecedora. E para finalizar, na 3ª visita, é o momento de cada professor compartilhar o trabalho desenvolvido no decorrer do ano com seus alunos, a partir desse novo olhar e promover uma grande reflexão, tanto para o desempenho do professor, como do próprio Instituto.

O programa pretende com isso ampliar a visão de todos os participantes para o entorno, para o mundo natural que cerca cada um, seja na escola, em casa, na rua, no bairro, e trazer a natureza para mais perto, buscando despertar uma consciência de pertencimento.

Nossa terra educadoraO Instituto Ecofuturo acaba de lançar o livro ‘Educando na Natureza’ com o intuito de refletir sobre o contato das pessoas com o meio, o potencial educador dos espaços naturais e os aprendizados gerados por essa conexão.

A criança em contato com a natureza torna-se o potencial cuidador e preservador do meio ambiente. Essa aproximação imprime registros no próprio corpo da criança, tais como o frescor à sombra de uma árvore, a sensação da brisa suave do verão, o encanto das cores das flores na primavera, do colher uma fruta no pé. A verdadeira educação ambiental se dá por meio do experienciar.

A publicação ‘Educando na Natureza’ está disponível para downloud gratuito no site do Instituto. Para baixar acesse AQUI.

Nós, pais e educadores, somos os maiores responsáveis por investir na formação de um reservatório de experiências vivas e reais para a vida da criança, por apresentar à ela um mundo bom, belo e verdadeiro e assim garantir a formação de uma nova geração de guardiões da natureza.

abraço caloroso

Ana Lúcia Machado

Crédito imagem em destaque: © Depositphotos.com / PanaceaDoll Filmes e documentários ajudam as pessoas a entenderem melhor os problemas do meio ambiente.