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DIA DAS CRIANÇAS – UM JEITO DIFERENTE DE COMEMORAÇÃO

dia das crianças

O Dia das Crianças originalmente foi instituído com o intuito de discutir os problemas da infância. Criado em 1924, logo após o Congresso Sul-Americano da Criança, um grande evento no Rio de Janeiro que reuniu estudiosos da infância e políticos de vários países para debater temas relacionados à educação, alimentação e desenvolvimento infantil.

Este dia permaneceu inexpressivo, até que, a partir da década de 50 uma campanha de marketing criada por duas grandes empresas fabricantes de produtos infantis, chamou a atenção para essa data dando força à comemoração desse dia com o objetivo de alavancar suas vendas.

dia das criançasDesde então, com a aproximação do Dia das Crianças, este é o período em que cresce, nos meios de comunicação, a publicidade dirigida ao púbico infantil pelas empresas fabricantes de brinquedos e de outros produtos infantis. As crianças são alvo de estratégias mercadológicas e fortes campanhas publicitárias persuasivas, exigindo cada vez mais dos responsáveis diretos da criança, cuidados em relação à exposição excessiva às telas.

Elas são bombardeadas pelos apelos mercadológicos em canais por assinatura, TV aberta, vídeos no Youtube, etc. Como ainda não possuem o senso crítico estruturado, são presas fáceis desses apelos e do consumismo. Saem pedindo insistentemente aos pais os produtos anunciados.

Dados fornecidos pelo Programa Criança e Consumo do Instituto Alana, apontaram um aumento de 331% no quesito publicidade infantil durante o mês de outubro do ano passado, entre os canais infantis Cartoon Network, Discovery Kids e Gloob.

O mercado brasileiro de brinquedos chega a movimentar cerca de R$ 10,5 bilhões anuais, despejando regularmente novidades nas prateleiras das grandes redes varejistas, atraindo as crianças e despertando o desejo por novos brinquedos.

Dia das criançasSabemos que 90% desses brinquedos são feitos de plásticos e que  impactam diretamente a saúde da criança e do planeta, pois as substâncias de determinados tipos de plásticos são tóxicas para as crianças. Além disso, é sabido que a decomposição de certos materiais pode demorar até 500 anos. Isto se torna um problema ambiental muito grave, uma vez que o oceano é o destino quando estes materiais são descartados.

Outro aspecto importante que precisamos levar em conta é que quando a criança brinca apenas com brinquedos industrializados, inibimos sua imaginação e sua capacidade de transformar em brinquedos, elementos do cotidiano que estão à sua volta.

O brinquedo pronto que damos de presente a elas, quebra o ciclo natural do brincar – formado pelas etapas do desejar, planejar, executar e desfrutar -, indo direto para a fase final do processo. Isto coloca a criança numa perspectiva de passividade, empobrece a brincadeira, não estimula a imaginação,  a criação livre, e o trabalho de construção dos brinquedos por elas mesmas.

A ruptura desse ciclo leva a criança a perder rapidamente o interesse pelo brinquedo que lhe é dado. É possível observar uma redução nas interações com esses objetos, menor envolvimento e pouca concentração, pois a criança não se sente ativa no processo de criação dos brinquedos e brincadeiras.

 

MENOS BRINQUEDOS MAIS IMAGINAÇÃO

É o que constatou um estudo de 2017 da Universidade de Toledo (Ohio – EUA) intitulado “A influência do número de brinquedos no ambiente infantil”.  Pesquisadores concluíram que ao disponibilizar menos brinquedos a uma criança, sua imaginação torna-se mais ativa e consequentemente a brincadeira fica mais criativa.

O estudo revelou que quando as crianças têm menos brinquedos no ambiente, brincam por períodos mais longos, e exploram diferentes maneiras de usá-los nas brincadeiras. Menos brinquedos eleva a qualidade do brincar das crianças e pode ajudar a criança a se concentrar melhor na brincadeira com mais criatividade.

 

REPENSANDO O SIGNIFICADO DO DIA DAS CRIANÇAS

Dia das criançasComo sair do lugar comum e dar um novo sentido a esta data? De que forma podemos comemorar o Dia das Crianças sem ceder aos apelos mercadológicos?

Que tal olhar seu entorno e perceber a quantidade de materiais do cotidiano que podem virar brinquedos nas mãos das crianças – caixas de papelão, rolhas, caixinhas de fósforos, lenços, etc.

Que tal observar a natureza num passeio ao parque neste Dia das Crianças e descobrir o lúdico ao alcance das mãos – gravetos, sementes, folhas, pedrinhas, etc, que magicamente podem se transformar em alegres brincadeiras?

Já pensou como seria divertido organizar uma caça aos tesouros da natureza e depois  propor às crianças a criação de um brinquedo ou brincadeira com esses achados?

LEIA TAMBÉM: Livro do Educador brincando com a natureza

Dia das criançasVamos conectar a criança ao mundo vivo e olhar para a vocação  lúdica da natureza. Vamos refletir sobre o que é um bom brinquedo, uma brincadeira potente, sobre a importância do brincar livre, o brincar em família, e possibilidades de viver o Dia das Crianças  de um jeito diferente  valorizando o que realmente importa para a saúde física e emocional das crianças.

Infância rica em vivências sensoriais e lúdicas não precisa de brinquedos industrializados e sim de experiências por meio do brincar livre em contato com o mundo natural.

Feliz Dia das Crianças!

Abraços

Ana Lúcia Machado

A EDUCAÇÃO ECOLÓGICA COMEÇA COM A EDUCAÇÃO DOS SENTIDOS – CRIANÇA E NATUREZA

A educação ecológica começa com a educação dos sentidos

A educação ecológica começa com a educação dos sentidos  no decorrer da infância.

Estamos diante de uma geração de analfabetos ecológicos – crianças cada vez mais afastadas do mundo natural, que desconhecem a procedência dos alimentos que levam à boca. Acham que o leite vem da embalagem Tetra Pack. Não sabem que o bifinho é a carne do boi abatido de forma violenta. Não sabem nem identificar as frutas e legumes comuns da culinária do dia a dia.

A educação ecológica começa com a educação dos sentidos

Esta é uma geração que passa a maior parte do dia confinada em ambientes fechados, distantes da luz do sol, do contato com a natureza e que conhece o reino mineral, vegetal e animal por meio das telas de cristal líquido.

O documentário Muito além do peso de 2012, disponível na plataforma  *Videocamp,  aborda o tema da obesidade infantil  e aponta a ignorância das crianças em relação aos alimentos produzidos pela terra.  O fime mostra como as crianças confundem mamão com abacate, beringela com rabanete, e não são capazes de identificar uma abobrinha, um pimentão, uma beterraba, etc.

Entretanto ao apresentar à elas as embalagens de “alimentos” ultraprocessados, reconhecem de imediato as marcas e logo dizem o nome desses produtos, chegando ao absurdo de identificarem a batata apenas pelo pacote de salgadinho frito.

No livro Desemparedamento da infância, uma professora da Educação Infantil da cidade de Novo Hamburgo (RS), relata uma história alarmante. Ela e sua turma, por falta de área verde na escola, passaram  a frequentar um espaço arborizado da igreja vizinha à instituição educacional. Assim que começaram a desfrutar do amplo gramado repleto de árvores frutíferas, era a época final do ciclo das frutas e haviam muitas caídas de maduras pelo chão. As crianças ao verem as laranjas espalhadas pelo gramado, ficaram indignadas e perguntaram: -Quem jogou as laranjas no chão? Elas não fizeram relação entre a laranjeira e as laranjas caídas no gramado.

Será que não chegamos ao ápice da desconexão com a vida?

A educação ecológica começa com a educação dos sentidosVivemos como nunca antes um distanciamento entre homem e natureza, e consequente ruptura com processos de vida. Até 2050, segundo dados da ONU, 66% da população mundial se concentrará em centros urbanos. No Brasil este percentual já está na ordem de 84%. Um dos resultados desse êxodo rural é que vivemos como se não fizéssemos parte da natureza e como se dela não dependesse nossa sobrevivência.

 

 

LEIA TAMBÉM:

BRINCANDO COM OS QUATRO ELEMENTOS DA NATUREZA

BRINCAR NA NATUREZA – PROJETO PLAYOUTSIDE

 

EDUCAÇÃO DOS SENTIDOS VERSUS EDUCAÇÃO ECOLÓGICA

A natureza é o espaço de pertencimento da criança, de suas raízes com a Terra.  A partir da relação com o mundo natural,  um mundo que exala aromas, floresce, frutifica e emite sons nativos, por meio do próprio corpo e sentidos, a criança apreende os princípios que regem a vida na Terra – seus ciclos de nascimento e morte,  fluxos, processos dinâmicos, e aprende brincando, na linguagem da infância.

Como podemos reaproximar a infância ao mundo natural? 

Estimular todos os sentidos da criança com formas primordiais, substancias vivas, e materiais orgânicos é fundamental para restabelecer esta conexão.

A educação ecológica começa com a educação dos sentidos

Essa reaproximação pode iniciar pela boca, por meio de uma alimentação saudável. Comece substituindo as idas ao supermercado com as crianças nos fins de semana pelas compras em feiras livres. Sim aquelas  onde os feirantes anunciam aos berros os preços promocionais das baciadas de chuchus, mandioquinhas, pimentões e que gentis oferecem  generosas fatias de melancia, abacaxi, melão, para degustação. Ali as crianças aprenderão de forma divertida, com a simpatia dos feirantes, os nomes das frutas e legumes e experimentarão alimentos que em casa recusam dizendo não gostar sem nunca ter provado.

Depois troque o pedido de comida por aplicativo no sábado à noite pela ocupação da cozinha por toda a família. A cozinha é lugar de encantamento, de memórias afetivas e de riqueza de estímulos sensoriais – as formas e texturas, as cores dos alimentos, os aromas e sabores.

Convide as crianças para ajudar a preparar as refeições. Elas poderão descascar, lavar, misturar, amassar  e sentir o delicioso aroma dos temperos enquanto a comida está no fogo. Dá mais trabalho? Leva mais tempo? Sim, com certeza, mas o resultado torna compensador todo o esforço.

ONDE A VIDA PULSA E ACONTECE AO VIVO

Proporcionar e incentivar o brincar livre das crianças em áreas verdes é  também fundamental para a relação da criança com a natureza. É algo simples, acessível, custa pouco, gera alegria  e um profundo sentimento de ligação  e interdependência entre os seres viventes. Brincar na natureza em contato com os elementos é em essência criar raízes com a Terra.

Experimente levá-las ao parque e fazer uma caminhada atentos ao assobio do vento, ao canto dos pássaros. Aos poucos isso gera uma quietude que permite até ouvir a própria respiração, o ar que entra e sai dos pulmões. Que outros sons é possível escutar? Talvez o barulho dos passos das crianças ao pisar em folhas secas. Permita também que elas fiquem descalças para sentir a energia natural da terra. Que sensação tudo isso traz?

Caminhe de olhos bem abertos deixando que cada investigação das crianças, cada minúcia do percurso se transforme em assombro, em suspiros de encantamento.

Rubem Alves  disse que “o ato de ver não é coisa natural, precisa ser aprendido”. O olhar precisa ser apurado para permitir que a alma infantil registre as imagens grandiosas da vida que pulsa. Para que elas possam ir além dos limites dos matizes dos lápis do estojo escolar.

Saiba que toda criança é um pequeno cientista. O contato com a natureza propicia a observação de formigas, lagartas, minhocas, musgos, líquens – diversos seres vivos fascinantes para a essência curiosa e exploratória das crianças. Dê à elas a oportunidade de colher pelo caminho folhas, flores, sementes, galhos, pedras, e com esses achados inventar brinquedos e brincadeiras divertidas.

A educação ecológica começa com a educação dos sentidosDevemos ser zelosos quanto ao mundo que apresentamos às crianças. Raffi Cavoukian, ativista da infância, fundador do Centre for Child Honouring, fala que “nenhuma tela de computador vai dar a criança uma brisa suave de verão nem o aroma da primavera, e nenhum toque que realmente emocione virá de representações artificiais do mundo.

Como experimentar a sensação refrescante de uma árvore depois de horas ao sol se não de maneira real, sentido na pele a alternância do quente para o frio?  Como apreciar  o cheiro de terra molhada se não andarmos sobre ela após a chuva? Como conhecer o aroma do eucalipto se não partirmos um galho com as mãos? Experienciar  no mundo real é primordial para uma aprendizagem positiva e verdadeira.

Daí  advém a atitude ética do cuidado com o meio ambiente. A criança em contato com o mundo natural é o potencial cuidador e preservador  da natureza porque em seu corpo haverá registros dessa interação.

A primeira infância é o período mais importante para o trabalho educativo de base.  A verdadeira educação ecológica tem início nesta etapa da vida. Dá-se por meio de experiências vivas e reais em ambientes ricos em áreas verdes.

A educação ecológica está diretamente ligada à educação dos sentidos. Acontece à luz do sol, ao contemplar do arco-íris depois de uma forte chuva de verão, no comer das frutas colhidas no pé, no alcançar o galho mais alto de uma árvore, sentindo a aspereza do seu tronco, e a lisura das suas folhas, no chapinar das poças d’água, no sentir a força do vento ao colocar no alto a pipa colorida.

A educação ecológica começa com a educação dos sentidos

Projeto Playoutside – alegria de brincar na natureza

Pouco podemos esperar de um adulto que não teve contato com a natureza na infância em termos de consciência de preservação ambiental, pois só cuidamos e amamos aquilo que conhecemos, com o qual temos algum vínculo de afeto.

Devemos nos conscientizar de que tanto a família quanto a escola desempenham um papel fundamental no  estabelecimento e incentivo da conexão das novas gerações  com a natureza.

 

 

 

Vivenciar o mundo natural de maneira lúdica e artística, é o caminho para a educação ecológica  e da formação de uma nova geração de guardiões da natureza. Todo empenho no sentido da preservação ambiental será em vão caso não se restabeleça a relação da infância com a natureza e se cultive uma existência harmônica entre todas as espécies viventes.

 

Gostou deste artigo? Compartilhe entre os amigos. Você estará colaborando para que esta semente se espalhe e fortalecerá este trabalho em prol da  valorização da infância. 

Quer  ser o primeiro a receber as novidades do Educando Tudo Muda e ainda ganhar um lindo ebook de presente?

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Abraço caloroso

Ana Lúcia Machado

*É possível baixar o arquivo do filme bastando se cadastrar na plataforma e organizar sua sessão.

 

 

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EDUCANDO TUDO MUDA ESTÁ EM FESTA – 3º aniversário

A Turma da Floresta - uma brincadeira puxa outra

Educando Tudo Muda está em festa

Está completando 3 anos. Desde a primavera de 2016 desenvolvo este trabalho pela conscientização de educadores e pais sobre os grandes temas da infância com o intuito de promover mudanças nas dinâmicas familiares visando o desenvolvimento integral da criança e mudanças no âmbito da Educação Infantil defendendo o direito de brincar da criança e sua relação com a natureza.

Para comemorar esta data acabo de lançar o livro A TURMA DA FLORESTA – UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA. O livro conta a história de um grupo de crianças que se reúne num parque do bairro para brincar. No decorrer da tarde inventam muitas brincadeiras com o que a própria natureza oferece. João é o primeiro a chegar no parque numa tarde fria de outono. Enquanto espera a Turma da Floresta, caminha pela mata até que tropeça num graveto. O menino apanha o graveto do chão e assim tem início uma tarde cheia de aventuras e brincadeiras.

Educando Tudo Muda

 

A história foi inspirada nas crianças participantes dos encontros do ‘Playoutside – Alegria de Brincar na Natureza’, evento que acontece periodicamente em parques da cidade de São Paulo visando incentivar as famílias a ocupar os espaços públicos e interagir com seus filhos em contato com a natureza.

Acesse  AQUI para participar do próximo encontro.

 

 

A Turma da Floresta chega num momento em que estamos buscando soluções para reverter o afastamento das crianças do mundo natural e pensando em cidades mais amigáveis à elas. Vem para contribuir com o movimento de reconexão e incentivar as explorações e descobertas na natureza pelas crianças.

Meu desejo é que essa história alcance as crianças de todos os cantos do Brasil e que inspire a reaproximação da infância à natureza.

 

A TURMA DA FLORESTA PELO BRASIL

A Turma da Floresta tem viajado para diferentes lugares todos os dias. Já chegou na Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, várias cidades do interior de São Paulo e muitos bairros da capital.

QUER SER DA NOSSA TURMA?

O livro está à venda no site Educando Tudo Muda com promoção de frete gratuito* para qualquer localidade do Brasil.

Para comprar clique AQUI.

Educando Tudo MudaVocê também encontra o livro na Livraria Antroposófica – Rua da Fraternidade, 180  em Santo Amaro, na capital paulista.

No dia 28 de setembro – 14h, acontecerá o lançamento na Livraria PanaPaná, especializada em literatura infantil. Estarei lá contando a história dessa turma e brincando com as crianças –  Rua Leandro Dupret, 396 Vila Clementino.

E dia 1º de outubro – 14h, vou participar do programa “Era uma vez”, da Rádio Mega Brasil Online, apresentado por Celina Bodenmüller e Fabiana Prando, para falar sobre a Turma da Floresta.

Para ouvir e ver, basta acessar o canal:

Mega Brasil Comunicação

 

Não fazemos nada sozinhos, não é mesmo?Todo fazer humano é resultado do trabalho de muitas mãos.

Educando Tudo MudaNeste caso, tive a parceria do Daniel Salvetti, que fez as ilustrações. Daniel foi aluno  desde sempre em escolas de pedagogia Waldorf, fez graduação em Ciências Econômicas e Mestrado em Desenvolvimento Internacional e Emergências Humanitárias. É sua estréia como ilustrador.

“Sempre tive paixão por artes e um encantamento por livros infantis, principalmente aqueles que falam algo verdadeiro de forma lúdica, sincera e bonita”.

O projeto gráfico tem assinatura da Debora Barbieri do Coletivo BabaYaga. A Debora é Graduada em comunicação social,Pós-graduada em design gráfico e Mestranda em Literatura e Crítica Literária na área de Literatura Infantil.

 

 

Educando Tudo Muda já percorreu muita estrada nestes 3 anos de existência, e muita coisa nova está por vir. Neste momento estou preparando um curso online sobre o tema Criança e Natureza que será lançado até dezembro.  O curso visa formar facilitadores da conexão das crianças com a natureza.

Você trabalha com crianças, tem filhos, sobrinhos, netos? Sente a necessidade de promover a reaproximação da criança à natureza? Se sim, quero te convidar para participar de uma pesquisa para identificar as dificuldades e necessidades dos educadores, pais, e todas as pessoas que tenham uma ligação afetiva com a infância, no tocante a este tema. A pesquisa ajudará na criação do curso.

Participe, colabore no desenvolvimento do curso e ajude nossas crianças! Compartilhe e convide outros educadores, pais, avós, tios para participar também. Clique em PESQUISA, abaixo, para responder o questionário. Conto com seu apoio.

PESQUISA

 

Curtiu as novidades? Compartilhe entre os amigos. Você estará colaborando para que esta semente se espalhe e fortalecerá este trabalho em prol da  valorização da infância, e a conexão da criança com a natureza. 

Quer receber em primeira mão os novos artigos, guias e novidades aqui do Educando Tudo Muda, e ainda ganhar um ebook de presente?

Entre para minha lista de contatos!

Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado

*Frete gratuito apenas em território nacional. Para compras fora do Brasil, envie o endereço de entrega para ana@educandotudomuda.com.br e aguarde retorno com as instruções de compra.

A TURMA DA FLORESTA – UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA, literatura infanto juvenil

A Turma da Floresta - uma brincadeira puxa outra

A TURMA DA FLORESTA – UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA  acaba de ser lançado.

O livro conta a história de um grupo de crianças que se reúne num parque do bairro para brincar. No decorrer da tarde essa turminha inventa muitas brincadeiras com o que a própria natureza oferece.

A Turma da Floresta - uma brincadeira puxa outra

João é a primeira criança a chegar no parque numa tarde fria de outono. Enquanto espera a Turma da Floresta, caminha pelo parque até que tropeça num graveto. O menino apanha o graveto do chão e assim tem início uma tarde cheia de aventuras e brincadeiras.

A história foi inspirada nas crianças participantes dos encontros do ‘Playoutside – Alegria de Brincar na Natureza’, que acontece periodicamente em parques públicos da cidade de São Paulo.

 

A TURMA DA FLORESTA – POR QUE ESCREVI ESTE LIVRO?

Desde 2016 faço coro com algumas vozes que clamam no deserto, como o programa Criança e Natureza,  alertando a sociedade sobre a importância do começo da vida, desenvolvendo um trabalho de despertar a consciência sobre a complexidade dos tempos atuais e seus efeitos sobre a infância.

Essa era da complexidade tem afetado de maneira assustadora nossas crianças. O mundo que temos apresentado à elas é um mundo estranho, e em sua essência, artificial. A alma da criança anseia por um mundo verdadeiro. E neste quesito temos sido incompetentes, admitamos.

Acredito na potência do começo da vida. Aposto na mudança e invisto em projetos como o Playoutside – Alegria de Brincar na Natureza, que tem o intuito de criar uma comunidade de famílias que brincam com seus filhos em contato com o mundo natural, num movimento pró infância e natureza pela sustentação da vida.

É por isso que estou lançando o livro A Turma da Floresta- uma brincadeira puxa outra. Para mostrar que transgredir a ordem mundial é preciso, que levar as crianças para a rua é fundamental, e reinserir as crianças à paisagem natural é uma questão de sobrevivência da espécie humana.

A TURMA DA FLORESTA – UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA.

O livro começa dizendo: “Num tempo em que quase nenhuma criança mais podia brincar na rua, havia uma turminha no bairro conhecida como a Turma da Floresta…”

Que tempo é esse? É o nosso tempo. É hoje. E se hoje não ousarmos agir diferente, se não ousarmos acreditar e inventar um outro jeito de ser e estar no mundo, sucumbiremos atrás dos muros da pseudo segurança, dos alarmes, das paredes e portões. Continuaremos a isolar nossos filhos, ilusoriamente,  em salas protegidas –  de estar, de TV, de aula, e principalmente nas salas dos consultórios psicológicos-, para tratar toda a espécie de transtornos e distúrbios.

 

Este livro chega num momento em que estamos buscando soluções para reverter o afastamento das crianças do mundo natural e pensando em cidades mais amigáveis à elas. Vem para atender as ânsias da infância, alimentar a imaginação infantil e incentivar as explorações e descobertas na natureza.

A Turma da Floresta é uma história para todas as idades – para nutrir a alma humana e  despertar a consciência de pais e educadores sobre a necessidade da criança  passar algum tempo em contato com a natureza diariamente, em interação direta com a vida.

É uma história escrita para acordar os homens e adormecer as crianças (Carlos Drummond de Andrade em Canção amiga, Novos Poemas, 1948).Quem tem ouvidos para ouvir ouça esta canção, leia essa história.

A TURMA DA FLORESTA  JÁ ESTÁ À VENDA AQUI NO EDUCANDO TUDO MUDA COM PREÇO ESPECIAL DE LANÇAMENTO E FRETE GRATUITO* NESTE PERÍODO

Garanta já o seu exemplar com desconto e frete gratuito AQUI.

Esta publicação tem ilustrações de Daniel Salvetti e  projeto gráfico assinado  por Debora Barbieri.

As primeiras 50 pessoas que comprarem o livro serão minhas convidadas especiais para uma roda de leitura online mediada por mim, em data a ser marcada posteriormente.

A TURMA DA FLORESTA – UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA.QUER SER DA NOSSA TURMA?

Acompanhe as brincadeiras da Turma da Floresta pelo parque e descubra o mundo fantástico da imaginação infantil. Sinta-se chamado a conectar-se com a natureza e fazer parte desta turma também.

Curtiu este conteúdo? Ele é resultado de um trabalho diário pela valorização da infância, e a conexão da criança com a natureza. Compartilhe este artigo. Você estará colaborando para que esta semente se espalhe e estará fortalecendo este trabalho. Conto com seu apoio.

Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado

 

*Frete gratuito apenas em território nacional. Para compras fora do Brasil, envie o endereço de entrega para ana@educandotudomuda.com.br e aguarde retorno com as instruções de compra.

8 MANEIRAS DE ENSINAR MEDITAÇÃO PARA CRIANÇAS

meditação para crianças

Meditação para crianças – Como podemos ensinar?

Já discutimos aqui que a infância pede calma. Entretanto nos dias de hoje as agendas das crianças estão lotadas de compromissos, prejudicando o que há de mais importante para os primeiros anos de vida – o tempo do brincar.

 

 meditação para crianças

Criança quer ser criança, mas isso não tem sido nada fácil na atualidade. As crianças enfrentam hoje vários tipos de estresses. Além do estresse causado pelo excesso de atividades, existe ainda o cansaço devido as cobranças por resultados na escola, questões como bullying, excesso do mundo tecnológico, o que vem acarretando dificuldades de atenção, concentração, e a desconexão da criança consigo mesma, uma vez que o excesso de estímulos gera distração.

 

BENEFÍCIOS DA MEDITAÇÃO PARA CRIANÇAS 

Como a meditação pode ajudar a criança?

Mas afinal o que é meditação? Meditar é colocar toda a atenção em um único ponto. Oras, não é isso que a criança faz ao brincar?

Quando brinca a criança concentra toda a sua atenção na brincadeira, se entrega de corpo e alma. Conectada com seu mundo interior, ela inventa enredos de brincares repetidos, se enchendo de vitalidade.

meditação para crianças

Acervo Território do Brincar

Ao brincar a criança se esvazia de suas inquietações e ansiedades. Brincando, resolve conflitos interiores, elabora e dilui suas angústias. E assim ela aquieta o coração, a respiração se acalma, e consequentemente, de um jeito natural, lúdico e  prazeroso, ela medita. Simples assim.

Então, como podemos ensinar meditação para crianças?

Mostraremos 8 maneiras de ensinar meditação para crianças, a número 5 é minha favorita:

 

  1. Deitar-se sobre o gramado e olhar a movimentação das nuvens no céu, que arrastadas pelas oscilações dos ventos, assumem formas variadas, criando diferentes desenhos – um pássaro que se transforma em navio, que instantes depois vira uma tromba de elefante. E nesta alternância de direções dos ventos, muitos desenhos vão se configurando no céu. Concentrada a criança busca identificar as mais diversas formas das nuvens.
  1. Observar e acompanhar uma fileira de formigas carregadeiras. O olhar cuidadoso segue o fio escuro no chão, na parede. O longo caminho traçado, numa fiel peregrinação das formigas, por vezes parece não ter fim. Instante bem desfrutado com vocação de eternidade.

 meditação para crianças

3.Com pés apoiados na terra, de olhos fixo no céu, segurando firme o carretel de linha nas mãos para que a pipa alcance lonjuras. O colorido da pipa enfeita o céu azul. Entre nuvens de algodão voa a pipa. Passam-se minutos, horas,  nesta brincadeira com o vento, e a criança contemplando a imensidão do espaço.

 

4.Jogar pedrinhas na água – poça d’água, lagoa, ou riacho. Ouvidos ligados no efeito sonoro da pedra ao tocar a superfície da água. O observar atento dos círculos concêntricos que vão aos poucos se formando. Fenômenos naturais que ressoam no íntimo do ser, fazendo perceber que a mesma natureza que está fora, pulsa dentro.

 

meditação para crianças

5.Com as mãos seguras nas cordas do balanço, na alternância do olhar para o alto e o olhar para o chão, a respiração acompanha o ritmo do balanço que vai e vem – o inspirar seguido do expirar, e o corpo aos poucos se desfaz da rigidez das tensões e relaxa, percebendo a sutileza da brisa que acaricia a pele.

6.Contemplar a paisagem natural pela janela de um veículo – carro, ônibus, trem, etc. Pela janela “passa boi, passa boiada, passa galho de ingazeira debruçada no riacho”*. Durante o percurso da viagem vê-se árvores, campos, águas. Pode-se admirar belas paisagens que descortinam verdadeiros espetáculos da natureza.

 

meditação para crianças

7.Contemplar o fogo, a dança das labaredas de uma fogueira, de uma vela. As chamas crescem alto e se espalham, as faíscas brilham e fascinam. No silêncio da alma, ouvindo o estalar dos gravetos e a própria respiração, a criança permanece um bom tempo desfrutando este cenário encantador.

8.De mãos unidas e posicionadas na altura do peito, em atitude de reverência ao sagrado que habita a criança, e de olhos fechados, a oração de gratidão vai preenchendo o espaço interior com brandura.

 

NATUREZA – IDEAL PARA ENSINAR MEDITAÇÃO PARA CRIANÇAS

Quando os olhos de uma criança se enchem de natureza, os batimentos cardíacos e a respiração se harmonizam, e a calma interior se instala. A natureza é o ambiente perfeito para uma infância sem pressa.

meditação para crianças

 

PROMOÇÃO DE LANÇAMENTO DO LIVRO ‘A TURMA DA FLORESTA-UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA

 

Pois bem, brincando as crianças meditam, conquistam equilíbrio, foco e concentração. Imaginou que fosse tão fácil assim ensinar meditação para crianças?

Experimente as 8 maneiras de ensinar meditação para crianças, e se tiver outras sugestões testadas e aprovadas de meditação infantil, compartilhe com a gente.

Juntos lutamos pela desaceleração da infância, pela desaceleração da sociedade. Não deixe de baixar gratuitamente o e-book Brincando com os quatro elementos da natureza.

Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado

*Trecho da canção ‘Trem de ferro’, de Tom Jobim.

INFÂNCIA PEDE CALMA. VAMOS DESACELERAR?

Vamos desacelerar?  A infância pede calma. O tempo da criança pede desaceleração. As crianças estão a todo o momento fazendo um convite para sairmos de nosso mundo duro e árido, sem tempo para a vida. Elas nos convidam a cada instante para bailarmos em suas cirandas de leveza, simplicidade e alegria.

de calma. Vamos desacelerar?

Imagem do acervo do Educador Roque Antônio Juaquim da Carretel Consultoria

Quem tem o privilégio de conviver com elas, sabe do que estou falando. Elas nos chamam para participar de suas brincadeiras e risadas. Convidam a cantar a vida, a contar histórias – nossas próprias histórias, que nos reaproximam de nossa criança interior.

Com seus apelos despretensiosos e insistentes, elas nos chamam a celebrar a vida. E muitas vezes somos surdos aos apelos. Quase sempre mostramos uma rigidez impenetrável. Amortecidos, acabamos por fazer movimento contrário: trazemos a criança ao mundo endurecido das horas que voam em afazeres infindáveis.

 

de calma. Vamos desacelerar?Assim, interrompemos suas cantigas de roda, inibimos suas perguntas curiosas. Segurando suas mãozinhas, as puxamos para o mundo adulto onde não existe tempo para o ócio, para um olhar demorado para as coisas corriqueiras que nos cercam no dia-a-dia – para observar a peregrinação das formigas carregadeiras, para apanhar uma flor no caminho, admirar um passarinho que pousa e tantas outras belezuras da vida, para descobrir a própria sombra projetada no chão em uma manhã ensolarada no quintal, ou jogar uma pedrinha na poça d’água do caminho.

Quantas vezes dizemos à elas:  -Anda logo, estou com pressa! Lembro uma ocasião em que depois de mais um dia longo e cansativo de trabalho, chamei meu filho que estava esparramado no chão da sala brincando, para escovar os dentes para dormir, depois de já ter chamado para o banho e para o jantar também. Ele parou a brincadeira, levantou os olhinhos, olhou bem para mim e disse: -Mãe, você só me chama para fazer as coisas! Uau! Aquelas palavras me disseram tantas coisas sobre a maneira que eu estava vivendo meus dias.

As crianças são presentes do céu, que nos cutucam, despertam e encantam. Precisamos respeitar o tempo da criança e desacelerar, estar junto, olhar na mesma direção e da mesma altura que elas, olhar nos olhos, escutar – permitir-nos entrar num tempo onde a calma e o vagar abrem espaço para a imaginação, onde o silêncio fantasia e o encontro acontece magicamente.

É Gandhy Piorski,  teólogo brasileiro, pesquisador da antropologia do imaginário e autor do livro Brinquedos do chão, quem nos diz que “imaginação querer espaço, folga, lugares de contemplação, devaneios, solidão, convívio, lugares desafiadores. Todas as coisas que tiram esse direito das crianças são excessos”.

 

A INFÂNCIA PEDE CALMA 

de calma. Vamos desacelerar?

A infância é curta demais para querer acelerar qualquer coisa. Que tal caminhar no tempo da criança? Mas que tempo é esse?

É um tempo que corre devagar, se esparrama feito água, flui lentamente. Infância é  tempo de encantamento, de descobertas, de explorar o mundo e principalmente fazer perguntas, levantar hipóteses.

Pressa não combina com a criança, a infância pede calma. As crianças não sentem a urgência que nos move a todo momento fazendo com que estejamos sempre preocupados com o que está por vir. Criança vive o presente, que demanda um tempo maior para ser desfrutado, para as vivências serem  introjetadas.

Pare e reflita um pouco na complexidade das agendas infantis hoje em dia.  Muitas crianças mantêm a agenda cheia, como de um executivo. Elas são levadas de um compromisso a outro, de segunda-feira à sábado. Suas agendas estão lotadas de cursos extracurriculares –  do balé para o inglês, mandarin, da yoga para o Kumon, e também  natação, judô, música, até mesmo aula de meditação. Criança medita no balanço do parque, no tanque de areia, fazendo bolinhos, enchendo e esvaziando potinhos d’água.

 

AGENDA LOTADA  CRIANÇA ESTRESSADA

de calma. Vamos desacelerar?O que pretendemos com tudo isso? Formar uma  super geração competitiva? Prepará-los  para o sucesso? A superestimulação promovida pelos adultos tem  levado as crianças ao esgotamento. Estímulo demais, concentração de menos. Estamos adoecendo nossas crianças.

Esquecemos que elas desde cedo tem no próprio ambiente familiar e no mundo natural, estímulos suficientes para seu desenvolvimento. Os estímulos externos criados artificialmente pelos adultos com o intuito de acelerar o desenvolvimento, prejudicam o que a criança tem de mais precioso que é sua motivação interna, alimentada pela curiosidade inata.

O não fazer nada para a criança é muito importante, é o momento que ela faz de conta, inventa brincadeiras, cria seus brinquedos. O tempo livre, o “ócio”, nada mais é que a oportunidade da criança entrar em contato consigo mesma, estimular o pensamento, a fantasia e a concentração. O tempo em que a criança está à toa, num aparente “tédio”, é o tempo em que ela está conectada com ela mesma, num processo de autoregulação.

CONTRA O TEMPO DA PRESSA

Contra o tempo da pressa o remédio é um olhar contemplativo, demorado e lento. Contra o tempo da pressa recomenda-se o ócio, o vazio.

O filósofo e escritor sul-coreano radicado na Alemanha, Byung-Chul Han, em seu mais recente ensaio (2016) Aroma do tempo,  afirma que “a demora contemplativa concede tempo, dá amplidão ao ser, o que é algo mais do que estar ativo. Quando recupera a capacidade contemplativa, a vida ganha tempo e espaço, duração e amplidão”

Precisamos nos refinar na arte da demora. Precisamos devolver ao tempo a sua condição de instante, rompendo com o percurso horizontal e transformando-o numa profundidade vertical – é o que adverti o filósofo.

Quando nasceu minha filha, seis anos após a primeira gravidez, eu resolvi desacelerar. Foi uma experiência de maternidade muito mais consciente. Fui uma mãe mais presente e pude viver e respeitar o tempo da infância. Certa vez voltando da escola, minha filha me convidou para uma brincadeira que ela gostava muito. Ela cantarolava a melodia de uma canção e me perguntava: – Mãe, que música é essa? E eu tinha que continuar, e cantar a letra. Passávamos um tempo largo brincando assim, numa cantoria gostosa.

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CRIANÇA QUER SER CRIANÇA

Para examinar atentamente o mundo da criança na atualidade, recomendo a leitura do livro Sob pressão do jornalista escocês Carl Honoré, conhecido como um dos arautos do Slow movement, que prega a desaceleração da sociedade, autor também da publicação Devagar.

Em Sob pressão, além de uma análise sobre o gerenciamento do tempo da criança pelos adultos, o autor traz outros temas importantes que precisam ser discutidos por pais e educadores, tais como a medicalização infantil, a infância monitorada, os excessos de cuidados, etc. Temas que estão todos interligados.

Honoré foi quem cunhou o termo “Educação de helicóptero”  e “Pais helicópteros” – quando os pais estão sempre pairando acima da cabeça dos filhos, se derramando em superproteção e pretensa supereducação.

Destaco um trecho do livro que reitera o que foi dito até aqui – A infância pede calma.

de calma. Vamos desacelerar?

“As crianças se desenvolvem quando têm o tempo e o espaço para respirar, para ficar à toa e se aborrecer algumas vezes, para relaxar, assumir riscos e cometer erros, sonhar e ter prazer com suas próprias coisas, e até mesmo para fracassar. Se quisermos restaurar a alegria não só da infância, mas também dos pais, chegou a hora dos adultos se retirarem um pouco e permitirem que as crianças sejam elas mesmas.”

 

Por aqui temos movimentos como o SlowKids, Slow Parenting, que lutam pela desaceleração da infância. Vale a pena conhecer.

É o que defendemos em Educando Tudo Muda também. Então, vamos desacelerar para promover o desenvolvimento saudável de nossas crianças? A infância pede calma, pede alma, um pouco mais de paciência, como diz a canção de Lenine. Vamos abrir espaços de ócio nas agendas das crianças. Lembrem-se: “a primeira infância é a que fica e fica para a vida toda” – Dr. João Figueiró

Já viu o infográfico sobre estresse infantil que Educando Tudo Muda preparou para seus leitores?

Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado

Crédito foto: a imagem em destaque é do acervo do educador Roquinho, um dos membros da Carretel Consultoria

Crédito música: Lenine e Dudu Falcão

 

PROCESSOS DE VIDA E A INFÂNCIA

Processos de vida

A história do homem sobre a terra é uma história de ruptura com processos de vida. A sociedade atual “beneficiada” cada vez mais pelos avanços tecnológicos, e sempre em  busca de resultados imediatos, deixou de lado algo tão salutar para o desenvolvimento humano: a vivência de processos o tempo de preparação e amadurecimento das coisas.

Hoje em dia entregamos a feitura de quase tudo para as máquinas, desde a comida até a roupa, incluindo brinquedo e muitos outros artigos. As gerações mais novas não imaginam como as coisas são realmente feitas, e com isso hoje ninguém mais vivencia os processos de feitura das coisas.

Tudo vem pronto – onde estão os processos de vida?

Processos de vidaNa alimentação apenas temos o trabalho de tirar das embalagens e das caixinhas aquilo que consumimos. A indústria alimentícia eliminou a alquimia encantadora da cozinha criando os enlatados, os instantâneos  – o fast food.  Acabou com o processo de preparo das refeições, as transformações químicas dos alimentos, e os aromas dos temperos.

No vestuário, com a proliferação das roupas produzidas em escala, a indústria têxtil em parceria com a indústria da moda, baniram os famosos ateliês de costura e com o ofício dos alfaiates. Os armarinhos, lojas especializadas em aviamentos, quase não existem mais.

A indústria do entretenimento embalou o lúdico num lindo pacote de viagens, brincadeiras, jogos e brinquedos, garantindo diversão imediata para todas as idades. Seu exemplo máximo é a Disney. Com seus simuladores, é capaz de reproduzir as mais incríveis sensações de quase tudo, nos transportando a diversas paisagens do mundo: Índia, África, muralhas da China, pinguins na Antárctica, etc. Com direito a sentir até o cheiro da maresia ao simular um sobrevoo no mar, a brisa gelada, vapor de cachoeira e muito mais.

processos de vida

A imagem pronta dos filmes e desenhos animados nas pequenas, médias e grandes telas, inibiu a imaginação, expressão da individualidade, que se inicia num processo de criação das imagens internas, responsável pela criatividade humana.

No livro Desemparedamento da infância*, uma professora da Educação Infantil de uma escola na cidade de Novo Hamburgo (RS), relata uma história interessante. Sua escola, com um espaço verde muito pequeno, fez parceria com a igreja vizinha para que as crianças pudessem desfrutar seu amplo gramado com laranjeiras e outras árvores frutíferas. As crianças passaram a frequentar esse espaço para ler e ouvir histórias, para fazer piqueniques, e brincar livremente. Como na ocasião era o período final do ciclo das frutas, haviam muitas caídas de madura pelo chão. A professora conta que as crianças ao verem as laranjas espalhadas pelo gramado, ficaram indignadas e perguntaram:

-Quem jogou as laranjas no chão?

As crianças não fizeram relação entre o pé de laranja e a fruta caída no chão.

Será que chegamos ao ápice da desconexão com a vida?

Todas as coisas na natureza são processos de vida. A natureza é uma grande mestra em processos vivos. O que caracteriza processos?

-desencadeamento de etapas que vão se sucedendo aos poucos

-formações, crescimento, transformações

-ações e reações

-movimento, dinamismo

-tempo de amadurecimento

 

A vivência de processos torna visível o que parece invisível.

 

Qual o grande aprendizado da vivência de processos?

Podemos dizer que a paciência, saber esperar, faz parte desse aprendizado. A vivência de processos de vida tem um sentido educativo e terapêutico. Ideias importantes podem ser absorvidas durante seu decorrer, tais como o sentido de totalidade, de ligação entre as coisas, de pertencimento e participação. É durante o tempo de preparação de tarefas que experimentamos, acrescentamos, lapidamos, cortamos arestas e mudanças vão acontecendo.

Processo é vida. De que maneira podemos resgatar a vivência de processos de vida na infância?

processos de vida

A cozinha é um ambiente abundante de processos de vida. É um lugar de encantamento, de memórias afetivas e de riqueza de estímulos sensoriais – as formas e as cores dos alimentos, os aromas e sabores, as texturas.

Precisamos reinserir as crianças à cozinha nas escolas e em casa. Dá mais trabalho? Leva mais tempo? Sim, com certeza, mas o resultado torna compensador o esforço.

Uma amostra dos efeitos dessas vivências está no livro Céu da Boca, organizado por Edith M. Elek, que reúne dezoito relatos de lembranças de refeições da infância, e mostra quão significativas são as memórias das crianças em torno da mesa. Entre os autores participantes dessa volta gastronômica ao tempo ,  estão o escritor Moacyr Scliar, a escritora Ruth Rocha, a psicanalista Maria Rita Kehl, o jornalista Ignácio de Loyola Brandão, etc. Trata-se de uma aventura por sabores, rituais de famílias, hábitos alimentares e muitas receitinhas gostosas.

Lembro com carinho da cozinha da minha avó. Como boa mineira, ela cozinhava comidinhas deliciosas. Observava com atenção seus movimentos na cozinha, e o trabalho das suas mãos hábeis e ágeis. Adorava seus croquetes de carne e panquecas. Até um simples arroz, feito por ela, tinha sabor especial.

Mas o que jamais vou esquecer é quando vovó preparava o famoso doce de leite. Ela colocava na panela o leite condensado, a manteiga, o cocô ralado, e o açúcar. Misturava os ingredientes e mexia com a colher de pau durante um tempão. Quando finalmente a massa ficava mais encorpada, ela retirava do fogo e despejava sob a pia de mármore esticando-a. Humm! Aquele cheirinho gostoso tomava conta de toda a cozinha.

Depois de muito tempo, quando a massa havia esfriado, vinha um momento mágico para mim. Vovó virava uma artista. Com uma faca enorme, ela cortava o doce em losangos, em tamanhos iguaizinhos. Eu ficava admirada com sua precisão. Em seguida ela colocava os losangos num pote de vidro transparente e guardava no armário da cozinha. Rapidamente aquele pote se esvaziava – os netos, vovô, minha tia, davam conta de acabar com tudo bem depressa.

Processos de vida

Nos dias de hoje, como podemos reconectar a infância a processos vivos em todas as dimensões de vida? 

É o que queremos discutir aqui no Educando Tudo Muda nos próximos artigos. Participe.

Crianças, já para a cozinha, para os quintais, jardins e parques, onde a vida pulsa e acontece ao vivo, de forma tridimensional.

 

Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado

*Esse livro está disponível para downloud neste link https://criancaenatureza.org.br/wp-content/uploads/2018/05/Desemparedamento_infancia.pdf