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SÍNDROME DE DOWN – HISTÓRIAS DE QUEM CONQUISTOU SEU LUGAR AO SOL

Síndrome de Down

 

21 de março, Dia Internacional da Síndrome de Down. Como se sabe, esta síndrome é caracterizada pela quantidade maior de material  cromossômico – três cromossomos 21  –  21/3  – daí a razão da data escolhida.

AVANÇOS E DESAFIOS DA SÍNDROME DE DOWN

Há 30 anos, crianças com Síndrome de Down, autistas, paralisia cerebral, etc,  eram enclausuradas em casa ou institucionalizadas. Em artigo já publicado aqui no Educando Tudo Muda, sabemos que as mudanças sociais ocorridas nas últimas décadas  promoveram maior qualidade de vida para essas crianças.

Leia também: SÍNDROME DE DOWN – O QUE MUDOU NAS ÚLTIMAS DÉCADAS

Elas não frequentavam escolas, pois não havia leis que garantissem a matrícula de crianças com deficiência.  A acessibilidade e mobilidade urbana era  precária, não existiam rampas que facilitassem a locomoção.

Os pais de filhos com Síndrome de Down foram os precursores na luta pela inclusão. Hoje elas estão nas ruas, nos parques públicos, nas escolas. As vemos crescer, estudar, namorar, cursar universidades, trabalhar e casar.

Hoje a Síndrome de Down não é mais vista como uma questão de saúde, mais sim como uma condição da existência, assim como um indivíduo tem olhos castanhos, é loiro, etc.

Equipes multiprofissionais de estimulação precoce trabalham essas crianças  desde o nascimento. As famílias por sua vez estão atentas na construção da autoconfiança e estímulo da socialização de seus filhos. Há um trabalho intenso visando autonomia e independência desse indivíduo em cada etapa do seu desenvolvimento.

Cada bebê que chega ao mundo é único e capaz de desenvolver seus talentos. Não devemos aceitar rótulos que coloquem o ser humano em caixinhas, e diagnósticos que abafem seu  potencial, aprisione sua essência.

Apesar dos avanços e conquistas sociais, temos uma longa caminhada. O sistema educacional  é um dos grandes desafios. Fala-se em educação inclusiva há 20 anos, entretanto ela ainda está engatinhando no Brasil. O que se vê até o momento é muito despreparo das instituições educacionais. Há muita dificuldade quanto ao reconhecimento e acolhimento da singularidade da criança. É preciso buscar amadurecimento em relação à convivência com as diferenças  e  a valorização do aprendizado por meio da diversidade.

Outra grande barreira é quanto ao mercado de trabalho, pelo desconhecimento por parte das empresas do valor que esses jovens profissionais que conseguem transpor todas as barreiras,  podem agregar.

 

HISTÓRIAS DE SUPERAÇÃO

Aqui temos o exemplo de pessoas que apoiadas por seus familiares superaram dificuldades e conquistaram seu lugar ao Sol. Conheça algumas trajetórias de sucesso:

 

Síndrome de Down

Débora Seabra de Moura, 34 anos, professora

Débora é professora assistente numa escola tradicional de Natal (RN), e atua na educação há 12 anos. Sempre estudou em escolas da rede regular de ensino e enfrentou muitas batalhas. Hoje palestra pelo Brasil e outros países falando sobre o preconceito em sala de aula.

É autora do livro “Débora Conta Histórias” (Alfaguara Brasil), de fábulas infantis que tratam de forma sutil a tolerância, o respeito e a amizade.

Em 2015, ganhou o Prêmio Darcy Ribeiro de Educação, em Brasília. Foi considerada exemplo no desenvolvimento de ações educativas no Brasil.

 

Síndrome de Down

Fernanda Honorato, 36 anos, jornalista

Fernanda é repórter do “Programa Especial” na TV Brasil. Primeira repórter com Síndrome de Down do país. Foi reconhecida na categoria Trabalho Social durante a 22ª edição do Prêmio Claudia em 2017.

Fernanda fez sua primeira sessão de fisioterapia aos 23 dias de vida.  Conquistou sua independência e hoje também ministra palestras sobre inclusão por todo o país. Ela dá um conselho aos pais: “Sempre digo às mães de crianças com Síndrome de Down para não desistirem dos sonhos e acreditarem no potencial dos filhos”.

 

 

 

Síndrome de DownBreno Viola, 37 anos, judoca

Breno é a primeira pessoa com Síndrome de Down faixa preta de 3º Dan. Participou de dois Mundiais em sua categoria, feito que fizeram dele uma referência internacional quando o assunto é inserção de pessoas com Síndrome de Down. Foi campeão em Clacton, Inglaterra. Ele conta que desde pequeno acompanhava o treinamento de seu pai e seu irmão e isso o motivou a querer fazer parte da seleção.

O atleta foi convidado para participar do Instituto de Projetos e Ações Sociais Dr. João Pallotino, do Rio, como inspiração e exemplo para aqueles que precisam de uma força na luta do dia a dia. A entidade é responsável por ações que buscam o desenvolvimento social de crianças, jovens e adultos.

Em todas as declarações de Breno, ele ressalta a importância do apoio de sua família para a superação de todos os obstáculos e a conquista de tantas medalhas.

Temos muito a comemorar e muito a fazer ainda em prol da inclusão social, pois cada ser humano tem o direito á condições que favoreçam o desenvolvimento de suas potencialidades.

Um mundo sustentável é aquele em que todos os cidadãos encontram-se inseridos na sociedade de forma digna.

Afinal, o Sol brilha para todos!

Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado

SÍNDROME DE DOWN – O QUE MUDOU NAS ÚLTIMAS DÉCADAS

Dia 21 de março, comemorou-se o Dia Internacional da síndrome de Down.  Esta data serve também para se refletir  sobre o que mudou nas últimas décadas. Como se sabe, esta síndrome é caracterizada pela quantidade maior de material  cromossômico –  três cromossomos 21, 21/3, daí a razão da data escolhida.

As datas comemorativas são importantes para a conscientização coletiva e contribuem gradualmente para avanços significativos em defesa da  causa das minorias. Uma quantidade enorme de informações e notícias circularam pelas redes sociais, tele jornais e mídia em geral neste dia.

Lembrei que em 2007 li de Cristóvão Tezza, escritor catarinense, seu romance O Filho Eterno, uma obra autobiográfica que relata as vicissitudes  enfrentadas  pelo escritor  desde que recebeu a notícia que seu filho recém nascido tinha síndrome de Down, no início dos anos 80.

O ano passado  a obra  de Cristóvão Tezza estreou na telona, sob direção de Paulo Machline. Esta história nos faz refletir sobre o quanto mudou nos últimos 35 anos a compreensão sobre a síndrome de Down, e a qualidade de vida dessas pessoas.

Síndrome de Down

 

Hoje a síndrome de Down não é mais vista como uma questão de saúde, mais sim como uma condição da existência, assim como um indivíduo tem olhos castanhos, é loiro, etc.

Uma rápida retrospectiva  constatará a evolução até mesmo na nomenclatura adotada internacionalmente que aboliu o termo mongolismo em 1961, substituindo -o por Trissomia do cromossomo 21 e síndrome de Down. Nomenclaturas são importantes, pois muitas carregam em si preconceitos e vão levantando muros só de serem pronunciadas, ao passo que o contrário também é verdadeiro. Daí o cuidado com a escolha, visando contribuir para derrubar preconceitos.

Pais de crianças com dificuldades em geral, não sentem mais constrangimentos em exibir seus filhos, tampouco essas crianças são enclausuradas em  casa. Hoje as vemos  crescer, estudar, namorar, cursar universidades, trabalhar  e casar. Elas aprendem a enfrentar as dificuldades da vida, como a vida é.

Equipes multiprofissionais  de estimulação precoce trabalham essas crianças  desde o nascimento. As famílias por sua vez estão atentas na construção da  autoconfiança e estímulo da socialização de seus filhos. Há um trabalho intenso visando a autonomia e independência desse indivíduo em cada etapa do seu desenvolvimento.

Apesar dos avanços, das conquistas sociais, temos uma longa caminhada. O sistema  educacional ainda é nosso grande desafio. Na hora em que as famílias saem a procura de uma escola para seus filhos, dá-se início a uma exaustiva maratona.  Nas visitas às escolas e entrevistas, tudo parece correr bem até que se diga que a criança tem síndrome de Down, como conta a publicitária Ana Castelo Branco, na edição deste mês da revista Pais e Filhos:

“Em três escolas a história foi exatamente a mesma. Eu ia conhecer o lugar, conversava, tirava dúvidas e perguntava sobre as vagas. Tem? Não tem? Sempre tinha. Tinha. Até eu fazer a revelação: meu filho tem síndrome de down. A partir daí, o roteiro se repetia. Começava com um ‘Veja bem’ e terminava mais tarde com uma ligação dizendo que havia acontecido um engano e que não havia mais vagas para o Mateus.”

Crianças com síndrome de Down tem capacidade de estudar em escolas regulares e mais tarde também são capazes de trabalhar. Fala-se em educação inclusiva há 20 anos , tanto para escolas públicas como privadas. Entretanto o que se vê é ainda muito despreparo das instituições e seus profissionais. Vemos uma dificuldade no reconhecimento e acolhimento da singularidade da criança. Temos que buscar amadurecimento em relação à convivência com as diferenças  e  a valorização do aprendizado por meio da diversidade.

Atualmente encontramos grandes histórias de superação e vitórias que nos servem de exemplo,  como a do ator espanhol Pablo Pineda, do vídeo acima, primeiro europeu com síndrome de Down a se formar em uma universidade e da Isabella Springmühl, uma designer de moda de sucesso da Guatemala.

O ano passado minha família foi presenteada com a chegada de mais um membro, o Gabriel, com síndrome de Down.  Desde então nos sentimos mais unidos e mais fortes. Sabemos que o pequeno Gabriel proporcionará crescimento e aprendizado para todos nós. Com isto, já me pus a caminho na busca de novos conhecimentos com o objetivo de atuar e lutar em prol da educação inclusiva, pensando não apenas em beneficiar meu querido sobrinho, mas todas as crianças. Iniciei este mês um curso de Pós Graduação na APAE de São Paulo.

Síndrome de Down

 

Precisamos  ser facilitadores na superação das dificuldades dessas crianças, e estimuladores das suas potencialidades.  Não devemos aceitar rótulos que coloquem o ser humano em caixinhas, e diagnósticos que abafem o potencial humano. Devemos acreditar que cada ser é único e que pode ser capaz de desenvolver seus talentos. Para mudar paradigmas é preciso alterar a consciência, e para isso a reflexão é essencial.

 

Há uma citação de Goethe que sustenta minha fé e prática:

 “Trate o homem como ele é, e ele permanecerá como é. Trate o homem como ele pode e deve ser, e ele se tornará o que pode e deve ser.” 

 

Que a força dessa verdade sustente e inspire pais e educadores.Que possamos refletir sobre isso, ganhar consciência e nos mobilizarmos para as mudanças necessárias.

Participe, colabore para o despertar dessa consciência compartilhando essas ideias. Deixe seu comentário e observações para enriquecermos este debate.

Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado