Brinquedo é coisa séria quando o assunto é infância. Saber avaliar o que é um bom brinquedo para a criança depende primeiramente da compreensão do significado do brincar e do seu ciclo.
Brincar é o motor que move a infância. Brincar brota da alma. É um processo de ativação da criança. E como todo processo, é vivo, se manifesta numa sucessão de etapas e se expressa em gestos e formas maleáveis, moldáveis, mutáveis, permitindo a criança criar, construir, desmanchar e transformar.
Toda brincadeira parte de um desejo da criança, das suas narrativas, subjetividade e interesses pessoais. Ela pensa em brincar de determinada forma, e a partir dessa ideia, elabora maneiras possíveis de realizar a brincadeira, buscando reunir e compor materiais para alcançar seu objetivo. Na sequência, ela mesma constrói seu brinquedo, sua brincadeira e desfruta desse brincar, fechando assim o ciclo.
Criar um brinquedo prepara a criança para o desenvolvimento de estratégias na vida adulta. A concentração exigida numa brincadeira, corresponde à mesma que será empregada em atividades profissionais no futuro.
A pediatra Ana Escobar – doutora pelo departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP explica que “brincar desenvolve o sistema neurológico, além de desenvolver também a imaginação. É a imaginação que nos dá as possibilidades e potencialidades de seguir novos caminhos na vida adulta, que começa na infância, por meio das brincadeiras e do pensamento mágico. Brincando, a criança – ou mesmo o adulto – estimulam as sinapses, comunicação entre os neurônios”.
MENOS BRINQUEDOS, MAIS IMAGINAÇÃO
Quando a criança brinca apenas com brinquedos industrializados, brinquedos prontos, inibimos seu impulso de transformar em brinquedo, elementos do cotidiano que estão à sua volta. O brinquedo pronto entregue nas mãos da criança quebra o ciclo do brincar indo direto para a etapa final do processo, desestimulando a imaginação, a criação livre, e o trabalho de construção.
Além disso, a criança perde rapidamente o interesse pelo brinquedo que lhe é dado pronto, pois com a ruptura desse ciclo, ela não se vincula ao brinquedo por não ter sido ativa no processo de criação.
Um bom brinquedo tem que ter plasticidade, de maneira que o mesmo objeto possa ser transformado pela imaginação da criança em várias coisas diferentes, de acordo com o enredo de suas brincadeiras.
Um bom brinquedo é aquele que funciona e é movido pela energia da própria criança, por sua imaginação e capacidade criadora. É a força interior da criança que coloca em movimento objetos, que reúne materiais e compõem um todo repleto de sentido, produzindo alegria. Essa mesma energia movimenta também o corpo da criança promovendo seu desenvolvimento e gerando saúde.
Num simples passeio ao parque, é possível descobrir o lúdico ao alcance das mãos – gravetos, sementes, folhas, pedrinhas, entre outras coisas, que magicamente podem se transformar em brincadeiras divertidas. Brincando com a natureza, possibilitamos às crianças atividades corporais essenciais para o seu desenvolvimento e nutrimos a sua imaginação estimulando a criatividade.
A história do livro A TURMA DA FLORESTA – UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA, narra de forma lúdica, na linguagem da criança, exatamente essa capacidade imaginativa infantil. O livro conta a história de um grupo de crianças que brinca num parque. Ao longo da tarde as crianças inventam muitas brincadeiras com gravetos. No decorrer da história os gravetos passam por várias transformações nas brincadeiras da turma.
Saiba mais sobre o livro A TURMA DA FLORESTA – UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA
Aqui vale a expressão “menos é mais”. Menos brinquedos prontos, significa mais imaginação, criatividade, desenvolvimento e saúde na vida da criança.
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Abraço caloroso
Ana Lúcia Machado