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Uso excessivo do digital

Este artigo fala sobre o uso excessivo do digital pelas crianças e traz 13 motivos para afastar as crianças das telas. Apresenta os efeitos negativos e impactos que o uso prolongado das telas pode ter na saúde mental, no desenvolvimento cognitivo, social, emocional da criança, além de problemas físicos relacionados.

Nas últimas décadas, o uso de dispositivos digitais tornou-se uma parte integral da vida moderna. Com o aumento da acessibilidade a smartphones, tablets e computadores, crianças têm cada vez mais contato com essas tecnologias desde a primeira infância.

A cada dia cresce o número de pais que liberam o uso dos celulares e tablets para bebês e crianças, para entretê-los e/ou mantê-los quietos. Mas já parou para observar como as crianças ficam quando estão em frente às telas?  – olhos esbugalhados fixos na tela, boca semi-aberta, cabeça baixa, postura corporal curvada, surdas ao seu entorno, num estado semelhante a hipnose.

Quais os prejuízos que o uso excessivo do digital pode acarretar ao desenvolvimento infantil? O que nós adultos, responsáveis pelas crianças e adolescentes, podemos fazer? Confira aqui:

USO EXCESSIVO DO DIGITAL 

13 MOTIVOS PARA AFASTAR AS CRIANÇAS DAS TELAS

 1.Impacto na Saúde Mental e Bem-Estar Psicológico

O aumento do uso do digital por crianças tem sido associado a um declínio no bem-estar psicológico. Crianças que passam mais de uma hora por dia em frente a telas digitais apresentam maior risco de desenvolver problemas emocionais, como ansiedade e depressão, (Twenge e Campbell, 2018). Este risco é ainda mais elevado em crianças que utilizam dispositivos sem supervisão e limites adequados.

Os dispositivos digitais podem induzir um estado de hipervigilância, onde as crianças estão constantemente expostas a estímulos visuais e auditivos. Isso não apenas interfere na capacidade de relaxar e descontrair, mas também aumenta os níveis de estresse. A comparação social, facilitada pelas redes sociais, também contribui para a diminuição da autoestima em crianças e adolescentes, que muitas vezes se sentem inadequados ao compararem suas vidas com as idealizações vistas online.

Exposição ao Estresse e Diminuição do Bem-Estar

Crianças pequenas, que ainda estão em processo de formação emocional, podem não estar preparadas para lidar com a pressão social e a constante exposição a conteúdos inadequados ou irreais. Assim, o tempo excessivo em telas pode criar barreiras para o desenvolvimento emocional saudável, levando à irritabilidade, problemas de controle emocional e maior vulnerabilidade a oscilações de humor.

 

2.Prejuízos no Desenvolvimento Cognitivo

O desenvolvimento cognitivo das crianças, especialmente na primeira infância, depende de estímulos variados, como brincadeiras ao ar livre em contato com a natureza, interação com outras crianças e exploração do ambiente. Elas precisam de atividades que estimulem o pensamento crítico, a resolução de problemas e a criatividade. O consumo passivo de conteúdo digital oferece pouco nesse sentido, limitando o desenvolvimento de habilidades cognitivas essenciais.

Crianças que passam muito tempo em telas digitais podem ter o desenvolvimento da substância branca do cérebro – crucial para a linguagem e o letramento – comprometido, (Hutton et al.,2019).

Diminuição da Atenção e Raciocínio Lógico

Além disso, sabemos que crianças que passam muito tempo em frente às telas apresentam maior risco de desenvolver sintomas de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), (Sahin e Ozdemir, 2018). A constante troca de estímulos em dispositivos digitais, como vídeos curtos e jogos rápidos, pode prejudicar a capacidade da criança de se concentrar por períodos prolongados, afetando o desenvolvimento de habilidades de raciocínio lógico e planejamento.

Dispositivos Digitais vs. Aprendizado Tradicional

Comparativamente, crianças que são incentivadas a participar de atividades que envolvem exploração prática, principalmente atividade feitas em ambientes naturais, além de leitura e interação social, tendem a desenvolver melhor suas capacidades cognitivas. O uso prolongado de dispositivos digitais muitas vezes retira a oportunidade de experimentação e aprendizagem ativa, trocando-a por um consumo passivo de conteúdo que empobrece a vida da criança.

 

3.Problemas Comportamentais e Sociais

O impacto do uso excessivo do digital também se estende ao comportamento e às interações sociais – provocando um aumento de comportamentos desafiadores, como hiperatividade e falta de controle emocional (Salo e Puntanen, 2020). Isso ocorre porque os dispositivos digitais proporcionam estímulos instantâneos e recompensas rápidas, incentivando comportamentos impulsivos e a busca constante por gratificação imediata.

Isolamento Social e Dificuldades de Socialização

Também foi observado que o uso excessivo do digital entre crianças de 2 a 5 anos está correlacionado com dificuldades na interação social, (Kostyrka-Allchorne et al., 2017),  dificuldade em estabelecer conexões emocionais com seus pares, o que pode prejudicar a socialização a longo prazo.

A falta de interações face a face, e de experiências compartilhadas impede a construção de habilidades sociais importantes, como empatia, capacidade de negociação e cooperação. Além disso, adolescentes que passam muito tempo online podem preferir a interação virtual em vez de conversas presenciais, o que pode isolá-los socialmente.

Redução do Convívio Social

As telas dão falsa sensação de convivência e vínculo. Convívio é olho no olho, é presença. E a falta de convivência física pode levar ao desenvolvimento de problemas de comunicação, como dificuldade em interpretar expressões faciais e linguagem corporal. O equilíbrio entre o uso de telas e as interações presenciais é crucial para um desenvolvimento social saudável.

A Influência do Ambiente Familiar

A falta de mediação parental no uso de dispositivos digitais pode exacerbar esses problemas comportamentais, (Shin e Li, 2017). Crianças que não têm limites adequados no uso da tecnologia estão mais propensas a se tornarem emocionalmente dependentes dos dispositivos, o que pode levar a comportamentos desafiadores, como resistência às regras,  impulsividade e até mesmo agressividade.

 

4.Dificuldades no Controle Executivo

O tempo excessivo de tela também afeta negativamente o desenvolvimento das funções executivas das crianças, como controle inibitório, flexibilidade cognitiva e planejamento, (Radesky e Christakis, 2016). As funções executivas são essenciais para que as crianças aprendam a controlar impulsos, gerenciar o tempo e resolver problemas de maneira eficaz.

Crianças que são expostas a uma grande quantidade de estímulos digitais rápidos podem ter mais dificuldade em desenvolver essas habilidades, especialmente se comparadas àquelas que participam de atividades que exigem maior atenção, paciência, como jogos de tabuleiro, leitura, montagem de quebra-cabeças, ou atividades que requerem um estado de contemplação, como visitas a museus ou passeios na natureza.

5.Comprometimento do Desenvolvimento Emocional

O acesso precoce e uso excessivo do digital pode comprometer o desenvolvimento emocional das crianças. Isso ocorre porque esses aparelhos muitas vezes substituem as interações sociais diretas, limitando a capacidade das crianças de desenvolver empatia, compreender os sentimentos dos outros e gerenciar suas próprias emoções.

Dificuldade em Lidar com Frustrações

Além do que, a constante busca por gratificação imediata proporcionada pelos jogos e aplicativos pode diminuir a tolerância à frustração. Crianças que se acostumam com recompensas rápidas podem ter dificuldade em lidar com situações que exigem paciência ou que envolvem resultados não imediatos.

 

6.Sedentarismo, aumento da inatividade corporal

Nossas crianças estão se movendo menos do que qualquer outra geração na história da humanidade; o tempo em ambientes fechados e o tempo de tela aumentaram assustadoramente. Enquanto recorremos com mais frequência a soluções cômodas baseadas em tecnologia, muitas tarefas que antes exigiam movimentação corporal agora são feitas com um simples toque dos dedos. Eliminamos assim o movimento do corpo, do qual nossa saúde física/mental depende, mas não eliminamos a necessidade de exercitação do nosso organismo.

Esse estilo de vida sedentário pode levar a problemas como obesidade, doenças cardiovasculares e distúrbios metabólicos. Crianças que passam mais de duas horas por dia em telas têm maior risco de desenvolver sobrepeso e complicações associadas. Ademais, a inatividade pode impactar negativamente o desenvolvimento motor, afetando a coordenação e a força muscular.

Para combater o sedentarismo, é fundamental incentivar atividades físicas regulares, como brincadeiras ao ar livre em ambientes naturais, prática de esportes, exercícios em família, promovendo um estilo de vida mais ativo e saudável.

 

7.Obesidade infantil

A inatividade corporal cria um ambiente propício para o ganho de peso excessivo. O consumo de alimentos não saudáveis, muitas vezes associado ao uso de dispositivos, agrava a situação. Crianças que assistem a programas de televisão ou jogam videogames tendem a consumir mais lanches calóricos e refrigerantes, exacerbando o risco de obesidade.

As consequências da obesidade infantil vão além do peso, incluindo problemas de saúde como diabetes tipo 2, hipertensão e distúrbios psicológicos. Para combater essa epidemia, é fundamental limitar o tempo de tela, colocar o corpo em movimento e incentivar hábitos alimentares saudáveis, criando um estilo de vida equilibrado.

 

8.Distúrbio do Sono Infantil

A saúde e desenvolvimento infantil sofrem impactos negativos com o excesso de telas e causam distúrbios significativos no sono das crianças, A exposição prolongada às telas, especialmente antes de dormir, interfere na produção de melatonina, o hormônio que regula o sono. A luz azul emitida por smartphones, tablets e computadores suprime a liberação dessa substância, dificultando o adormecimento, a qualidade e a duração do sono.

De mais a mais o conteúdo estimulante consumido pelas crianças, como jogos ou vídeos, pode mantê-las mentalmente ativas, prolongando o estado de alerta, causando problemas como insônia, dificuldade para manter um sono contínuo e gerando sonolência diurna.

Esses distúrbios do sono prejudicam o rendimento escolar, afetam o humor e aumentam o risco de problemas de saúde, como obesidade e déficit de atenção. Para garantir um sono saudável, é fundamental limitar o uso de telas, principalmente durante as horas que antecedem o momento de dormir.

 

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9.Dependência 

O uso abusivo do digital é viciante, pode levar à dependência em crianças, um fenômeno cada vez mais observado por profissionais que atendem as crianças. O design de muitos aplicativos, jogos e redes sociais é criado para manter os usuários engajados por longos períodos, o que pode gerar um ciclo de uso compulsivo e dificuldades para limitar o tempo de tela.

Crianças que passam horas diárias em dispositivos digitais podem desenvolver sinais de dependência, como irritabilidade quando afastadas das telas, falta de interesse por outras atividades e dificuldades em socializar. Além disso, o uso excessivo de dispositivos digitais pode interferir no desenvolvimento emocional e cognitivo, uma vez que o cérebro em formação se adapta à gratificação imediata oferecida pelos jogos e vídeos online.

 

10.Alterações da Visão

O acesso precoce e uso excessivo do digital tem sido associado ao aumento de problemas de visão em crianças, como a miopia. A exposição prolongada a telas pode forçar os olhos a focarem objetos próximos por longos períodos, o que pode alterar o desenvolvimento ocular e resultar em miopia. Esse problema tem se tornado mais comum entre crianças que passam várias horas por dia em smartphones, tablets ou computadores, principalmente em ambientes fechados e com pouca luz natural.

Além da miopia, o tempo excessivo em dispositivos pode causar fadiga ocular digital, caracterizada por sintomas como visão embaçada, secura nos olhos e dores de cabeça. Isso ocorre porque a falta de pausas adequadas e a exposição prolongada à luz azul emitida pelas telas sobrecarregam os músculos oculares. Limitar o tempo de tela e incentivar atividades ao ar livre pode ajudar a prevenir esses problemas de visão.

 

11.Disfunções Posturais e Articulares

O uso excessivo do digital por crianças pode levar a disfunções posturais e articulares, um problema crescente na era digital. Passar longos períodos em frente a telas, muitas vezes em posturas inadequadas, como curvar-se sobre tablets ou smartphones, pode resultar em problemas como a “síndrome do pescoço de texto”, caracterizada por dor no pescoço e ombros devido à posição inclinada da cabeça.

Além disso, o uso prolongado de dispositivos em posições estáticas contribui para dores nas costas e desalinhamento da coluna, especialmente durante fases importantes do desenvolvimento físico. Crianças também podem desenvolver disfunções articulares nos punhos e mãos, como tendinites, devido ao uso repetitivo de teclados e telas sensíveis ao toque.

Esses problemas posturais podem afetar o crescimento saudável e causar dores crônicas a longo prazo. Incentivar pausas regulares, o uso de mobiliário ergonômico e a prática de atividades físicas pode ajudar a prevenir essas disfunções posturais e articulares.

 

LEIA TAMBÉM: INFÂNCIA DIGITAL – O PERIGO DA DESCONEXÃO COM A VIDA

12.Riscos Auditivos

A exposição prolongada a fones de ouvido e o volume elevado de músicas, vídeos e jogos podem causar danos permanentes à audição. Crianças que ouvem música em volumes excessivos têm maior probabilidade de desenvolver perda auditiva precoce e zumbido.

A falta de consciência sobre o volume seguro pode levar a um comportamento negligente, pois as crianças muitas vezes não percebem o dano que estão causando aos seus ouvidos. Os danos auditivos podem ser cumulativos e não apresentarem sintomas imediatos, dificultando a percepção do problema.

Para proteger a audição das crianças, é crucial estabelecer limites no volume dos dispositivos e incentivar o uso moderado de fones de ouvido. Promover pausas regulares durante o uso de dispositivos digitais também é fundamental para garantir a saúde auditiva e prevenir complicações a longo prazo.

 

13.Excesso de radiação

A exposição excessiva a dispositivos digitais levanta preocupações quanto aos possíveis efeitos da radiação eletromagnética emitida por esses aparelhos. Embora ainda existam debates sobre os impactos a longo prazo, algumas pesquisas indicam que crianças são mais vulneráveis à radiação, pois seus cérebros e corpos estão em fase de desenvolvimento, absorvendo uma quantidade maior de ondas eletromagnéticas em comparação aos adultos.

A exposição prolongada à radiação dos dispositivos digitais pode estar associada a possíveis problemas de saúde, como alterações no padrão de sono, dificuldades cognitivas e, em casos mais graves, riscos aumentados para doenças como tumores cerebrais a longo prazo.

Especialistas recomendam a limitação do tempo de uso de dispositivos por crianças, incentivando o uso moderado e adotando medidas de segurança, como manter os aparelhos longe da cabeça e do corpo.

 

USO EXCESSIVO DO DIGITAL

O EQUILÍBRIO É O CAMINHO

Embora a tecnologia ofereça benefícios, o acesso precoce e uso excessivo do digital pode ter consequências negativas para o desenvolvimento físico, mental e emocional das crianças e dos adultos também.

O uso excessivo do digital vai além da questão do tempo demasiado de telas. Inclui também aspectos como: algoritmo viciante, vídeos curtos que prejudicam o desenvolvimento cerebral, e ainda conteúdos inadequados tais como discursos de ódio, apostas online, pornografia, etc.

Fica claro que o acesso precoce e uso excessivo do digital impacta de forma  negativa o desenvolvimento das crianças prejudicando a saúde mental, o desenvolvimento cognitivo e as interações sociais, além de contribuir para problemas comportamentais, físicos e emocionais.

Portanto, é crucial que pais, educadores, terapeutas e cuidadores possam ajudar as crianças a navegar nesse mundo digital de forma saudável, estabelecendo limites claros para o uso de dispositivos digitais por crianças. Isso inclui promover a mediação parental adequada, monitorar o conteúdo acessado, reduzir o tempo de tela, incentivar a vida offline com atividades ao ar livre em contato com a terra, a água, plantas,  e animais.

Ao estabelecer um equilíbrio saudável entre o mundo digital e o físico, ajudamos nossas crianças a crescerem mais felizes, saudáveis e emocionalmente equilibradas. Colocar mais natureza no dia a dia das crianças é um excelente caminho. A natureza atua na vida da criança de maneira inteligente, executando um trabalho de excelência e ainda por cima gratuito! Você pode confiar!


Recomendações para aprofundamento do tema

Se você está preocupado com os impactos do acesso precoce e uso excessivo do digital, o documentário O Dilema das Redes Sociais” é uma recomendação essencial. Ele explora como as redes sociais são projetadas para manipular nossa atenção, moldar comportamentos e até afetar a saúde mental, destacando os perigos para crianças, adolescentes e adultos. O filme reúne especialistas em tecnologia que explicam como algoritmos criam um ciclo viciante de uso.

Outra dica é o programa Café Filosófico ‘Intoxicações Eletrônicas na Primeira Infância’., com a Dra. Julieta Jerusalinsky, psicanalista e especialista em desenvolvimento infantil. O programa traz uma reflexão  sobre os desafios que a tecnologia impõe na primeira infância e alerta para os riscos das chamadas “intoxicações eletrônicas”.

Para uma análise mais profunda, recomendo a leitura do livro Crescer saudavelmente no mundo das mídias digitais – Um guia de orientação para pais, professores e todos os demais responsáveis por crianças e jovens, de Michaela Glöckler. Um manual de orientações e esclarecimentos quanto aos perigos e riscos do uso indiscriminado das mídias digitais por crianças e jovens.

Indico também estes outros livros:

Fábrica de Cretinos Digitais, de Michel Desmurget

Geração Ansiosa, de Jonathan Haidt

Liberdade e Resistência na Economia da Atenção, de James Williams

Tanto Desmurget como Haidt abordam como a exposição precoce e excessiva às telas está prejudicando o desenvolvimento intelectual das crianças, enquanto Williams discute como a economia da atenção afeta nossa liberdade de pensamento e ação. Ele alerta sobre a existência de uma indústria inteira empenhada em capturar aquilo que cada um de nós tem de mais precioso: nosso tempo e nossa atenção. Esta indústria faz uso de técnicas sofisticadas de inteligência artificial, para nos manter conectado por muito mais tempo.

Esses são livros que trazem reflexões urgentes sobre o uso consciente da tecnologia e o impacto da economia digital nas futuras gerações.

Gostou deste post? Compartilhe suas experiências nos comentários e me diga como você tem equilibrado o uso da tecnologia com outras atividades para as crianças.

 

Abraço afetuoso

Ana Lúcia Machado

 

 

 

Semana Mundial do Brincar

Semana Mundial do Brincar

 

Acontece de 25 à 31 de maio a Semana Mundial do Brincar. Uma semana de mobilização para conscientização de toda a sociedade sobre a importância do brincar e seu significado para a infância.

Desde 1999, por iniciativa da Associação Internacional de Brinquedotecas, criou-se o Dia Mundial do Brincar, celebrado em 28 de maio. No Brasil, a Aliança pela Infância, da qual Educando Tudo Muda faz parte, incentiva este movimento há mais de dez anos e o ampliou para ser celebrado durante uma semana inteira.

Semana mundial do brincar

O lúdico é fundamental em todas as fases da vida, inclusive na idade adulta, só que na infância ele adquire uma importância vital, é condição indispensável para que a criança se desenvolva de maneira saudável. Tal qual o andar e o falar, o brincar é potência de crescimento humano. Criança que não brinca significa de há algo que precisa ser investigado.

 

Infelizmente vivemos dias sombrios para a infância

Na sociedade contemporânea o brincar  está em declínio. Especialistas na área de educação e saúde vêm alertando sobre a diminuição do tempo de brincar na infância.

 

Há uma pressa e uma urgência em preparar as crianças para o mundo competitivo, para o sucesso, de forma que parecemos esquecer que há tempo para todas as coisas debaixo do sol e como já diziam os “antigos”: apressado come cru.

Entretanto a questão vai além. A aceleração imposta tem adoecido a infância. Dados mundiais apresentados pelo psicólogo Peter Gray na 20ª Reunião Internacional da Associação Internacional do Brincar – IPA, que aconteceu em setembro do ano passado em Calgary – Canadá, revelam que:

– o brincar livre infantil tem diminuído exponencialmente no mundo todo desde 1955

– a depressão infantil já é de 7 a 10 vezes maior que nos anos 60

– os transtornos de ansiedade entre as crianças, cresceu até 18 vezes

– as taxas de suicídios até 15 anos estão 4 vezes maiores

 

SEMANA MUNDIAL DO BRINCAR – BRINCAR DE CORPO E ALMA

Que brincar é este?

Brincar é uma atividade instintiva, natural e espontânea da criança. É a maneira da criança dar vazão ao impulso natural de expansão e movimento, dar vazão a imaginação criadora – uma força que vive dentro dela e precisa se manifestar. Brincar é fundamental para que o corpo se desenvolva e a alma se expresse.

 

Para onde irá esta energia se a criança não puder manifestá-la brincando?

O brincar é o jeito da natureza de garantir que as crianças pratiquem as habilidades necessárias para a vida”,  como afirma Gray.

Então, como se explica o tempo cada vez mais reduzido do brincar, tanto nas escolas como em casa, onde as famílias preocupadas com a formação e preparação das crianças, lotam suas agendas com aulas complementares, cursos extracurriculares?

Como se explica a aceleração no processo de alfabetização?  A criança cada vez mais cedo vem sendo pressionada para o aprendizado da escrita e leitura.  A Educação Infantil está cada dia mais parecida com o Ensino Fundamental.

Leia também: 

De que é feita a infância

É tempo de brincar – um chamamento

 

A infância é curta demais para querer acelerar qualquer coisa

Infância é um tempo de encantamento, de descobertas, de explorar o mundo e principalmente fazer perguntas,  levantar hipóteses. Isso tudo a criança faz no brincar.

Semana mundial do brincar

Pressa não combina com as crianças que vivem num tempo diferente do tempo dos adultos. Elas não sentem a urgência que nos move a todo momento fazendo com que estejamos sempre preocupados com o que está por vir. Criança vive o momento presente, que demanda um tempo maior para ser desfrutado, para as vivências serem  introjetadas.

Separe um tempo nesta Semana Mundial do Brincar. Mobilize amigos, programe brincadeiras com as crianças e sinta como brincar faz diferença para a criança e para a qualidade de vida da família.

Até o dia 28 de maio o Sesc estará com uma programação inteirinha focada na Semana Mundial do Brincar. No site da Aliança Pela Infância você também encontrará uma agenda especial com atividades programadas por todo o Brasil, acesse AQUI e aproveite.

Mas lembre-se: a natureza é a casa da infância e o território primordial do brincar.

É tempo de brincar

É tempo de comungar com a vida

Que pulsa incessante pelo meio fio

E fazer da infância um fio inteiro.

 

Abraço caloroso

Ana Lúcia Machado